Quando a única moeda internacional de reserva é administrada a juro zero, como decidido terça-feira, uma revolução monetária está em andamento, com impacto de difícil avaliação.
O que se espera agora é que os dois ativos mais valorizados no mundo, o dólar e os títulos do Tesouro americano (T-Bonds), sejam despejados "de helicóptero", expressão do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke.
Na prática, Fed e Tesouro emitirão quanto bem entenderem com o objetivo de combater a deflação e a recessão. Com o produto das emissões, pagarão ativos rejeitados no mercado, como hipotecas, commercial papers e ações preferenciais de empresas e bancos em situação falimentar.
Pergunta relevante consiste em saber até quando o resto do mundo continuará disposto a procurar refúgio nesses ativos, que agora tendem a se multiplicar como bactérias em ambientes quentes e úmidos.
Essa questão não será facilmente respondida se antes não ficar entendido que vigora na economia mundial um arranjo informal entre os Estados Unidos e um punhado de países emergentes liderados pela China, nos quais se inclui o Brasil.
Nesse arranjo, os emergentes se encarregam de fornecer produtos industrializados cada vez mais baratos aos americanos, os Estados Unidos pagam com seus dólares, os dólares vão para as reservas dos bancos centrais dos emergentes, que em seguida os usam para comprar títulos do Tesouro dos Estados Unidos que, assim, obtêm financiamento para a cobertura do rombo orçamentário e para a continuidade do consumo, que é pago com dólares, que vão para as reservas...
Na tabela você tem o atual volume de reservas de sete países emergentes mais o Japão. Como é sabido, a maioria das reservas é aplicada em T-Bonds.
Esse jogo não se faz exclusivamente entre Estados Unidos e emergentes. O resto do mundo, inclusive os campeões da Opep, toma parte nele e se conforma com ele. É inerente a esse estado de coisas o atual status do dólar, que desfruta, sem concorrência relevante, a condição de moeda internacional de reserva.
Essa relação passa a impressão de interdependência. Mas, do ponto de vista dos emergentes, pode ser entendida como nova dependência comercial e, sobretudo, financeira. Tanto é que nenhum emergente tem interesse em que o macroarranjo se desfaça. Imagine-se o que aconteceria se os quase US$ 2 trilhões de reservas da China virassem pó.
É essa relação e essa prerrogativa da economia americana que autorizam o Fed a despejar dólares e o Tesouro a emitir T-Bonds, sem temerem pela sua rejeição imediata, como ocorreria com outra economia. Ao contrário, até agora, ao menor sinal de perigo, é nesses ativos que o mundo procura porto seguro para suas aflições patrimoniais.
Dito de outra maneira, aparentemente, o resto do mundo tem interesse em continuar financiando o ajuste americano. O risco é o de que esse ajuste não vá ao tutano da crise, que é a falta de poupança da economia americana. Mas, se os Estados Unidos resolverem seu problema de falta de poupança, também não precisarão de que o resto do mundo repatrie o excesso de dólares obtido no seu comércio.
Quase zero - Há duas semanas, o rendimento (yield) do principal título do Tesouro americano, o T-Note de 2 anos, se mantém perto do zero. Isso mostra a forte procura por parte do aplicador, que quer mais segurança do que rentabilidade.
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