O mundo está acostumado a identificar a inflação e a lutar contra ela. Não está acostumado a combater o inimigo oposto, a deflação.
Uma das advertências que, nas últimas semanas, vêm sendo feitas por um número crescente de economistas é a de que os países ricos, especialmente os Estados Unidos, estão fortemente ameaçados pela rara síndrome denominada estagdeflação. É um período em que não só ocorre recessão (queda acentuada da atividade econômica e da renda), mas também deflação (queda relevante dos preços). A propósito veja o Entenda.
Como tanta coisa em Economia, não há causas únicas de deflação. Várias delas se reforçam uma à outra. Em geral, são dois os principais causadores primários de deflação: forte queda dos preços das commodities, especialmente petróleo e alimentos; e retração do consumidor, que provoca grande redução da procura e queda generalizada de preços.
Como a inflação foi sempre uma das principais ameaças da economia, muita gente estranha que o contrário dela, em vez de ser um benefício, possa ser uma grave ameaça.
É que a estagdeflação empurra o sistema produtivo para graves distorções, tanto quanto as provocadas pela inflação. Confira algumas.
(1) Aumento das dívidas - Se os preços caem e os passivos permanecem como estão, a dívida real aumenta. Como, em geral, numa recessão, o desemprego cresce e os salários caem, um aumento da dívida tende a dificultar os pagamentos, o que leva a calotes e inadimplências.
(2) Baixa da arrecadação - A maioria dos impostos é calculada como certa porcentagem cobrada sobre os preços. Assim, se os preços caem, a arrecadação de impostos vai atrás.
Como o setor público (governos) trabalha com despesas relativamente fixas (salários, aposentadorias e contratos), a queda da arrecadação tende a aumentar o déficit público (despesa sem cobertura de receita).
Além disso, como ficou dito, a deflação aumenta os passivos e, quase sempre, o maior deles é o dos tesouros. Isso significa que a deflação tende a dificultar o pagamento das dívidas públicas.
(3) Redução das vendas - A partir do momento em que se forma a percepção de que começou um processo de deflação, o consumidor tende a adiar suas compras, porque vai achar que quanto mais esperar para fechar um negócio, mais barato vai pagar. Quando se generaliza, essa atitude leva ao aumento do encalhe de mercadorias que, no momento seguinte, obriga as empresas a torrarem os estoques de maneira a reduzir as perdas (stop loss).
Por aí se vê, também, que a deflação tende a reduzir as encomendas ao setor produtivo, a aumentar o desemprego, a achatar o salário real e a derrubar os lucros. Radicalizado o processo, os preços das ações tendem a afundar e, com elas, se desvaloriza o patrimônio dos fundos de pensão e das carteiras das famílias.
(4) Trava na política de juros - Outro grave risco é o de que os juros caiam tanto que cheguem às cercanias do zero. A partir daí, a política monetária (política de juros) perde a capacidade de tração. Ou seja, o banco central não pode mais derrubar os juros para fazer a produção andar. E foi desse mal que a economia japonesa sofreu ao longo da década de 90.
Entenda
O que é - Deflação não é aquilo que, por desinformação ou falta de traquejo, os jornais brasileiros às vezes denominam quando usam o termo. Deflação não é queda eventual da inflação, mas queda constante de preços.
Se a inflação foi de 1% no mês 1 e caiu para 0,5% no mês 2, isso não é deflação. É inflação (aumento dos preços), embora mais baixa no mês 2 do que no mês anterior.
Também não é deflação a queda dos preços por um prazo curto, digamos de 1% no mês 1 para 0,3% no mês 2. Ela só ocorre quando a queda acontece por períodos mais longos, de cerca de seis meses ou mais.
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