Ainda vulneráveis
NOVA YORK. A divulgação pelo “New York Times” de um relatório do FBI, junto com o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, revelando que ainda existem muitos pontos vulneráveis a ataques terroristas no sistema de tráfego aéreo americano, veio confirmar as observações feitas no seminário sobre democracia e terrorismo que terminou no último fim de semana em Madri.
Um dos painéis debateu exatamente o reflexo do terrorismo na indústria do turismo, e a conclusão foi que, se o turismo é um alvo prioritário para os terroristas, as viagens de avião são mais vulneráveis do que outros tipos de transporte de massa pelas suas dimensões internacionais.
Um acidente em um aeroporto tem conseqüências tremendas em todo o mundo, quase instantaneamente. E a repercussão de um atentado utilizando aviões, como os que derrubaram as torres do World Trade Center em Nova York, ou o que atingiu o Pentágono em Washington, é visualmente impactante, gerando imagens dramáticas o suficiente para chamar a atenção do mundo para seus autores e suas causas.
Ao mesmo tempo, após os ataques terroristas de 11 de setembro, já é possível parar todos os vôos vindos da Europa em quatro minutos, disseram especialistas durante os debates. No relatório revelado ontem pelo “Times”, embora os vôos comerciais continuem sendo objetivo preferencial para os terroristas, outros tipos de vôos, como de helicópteros ou pequenos aviões charters, passaram a ser alvos mais fáceis, pois o esquema de segurança é muito menor do que o dos grandes aeroportos.
Também os custos para prevenir os ataques terroristas são imensos. Somente a British Airways investiu cerca de 150 milhões de libras para reforçar as portas da cabine dos pilotos. Esse esforço foi bancado pelo governo para as companhias aéreas americanas, que receberam os maiores investimentos em segurança de todos os setores desde os ataques de 2001. Foram gastos cerca de US$ 12 bilhões em aparelhos detectores de explosivos e em blindagem das cabines dos aviões.
O sistema de informatização das companhias aéreas está também sendo constantemente melhorado para fazer frente às necessidades: a lista americana de alerta já tem cerca de 70 mil nomes, e tem que ser comparada com as das demais companhias áreas em todo o mundo.
Em outro painel, sobre as dificuldades dos serviços de inteligência no combate ao terrorismo, Richard Bem-Veniste, membro da Comissão de Ataques Contra a América, disse que foram feitas mais de 40 recomendações depois do 11 de setembro, a maioria concentrada em reformulações organizacionais, especialmente no que se refere à colaboração entre as diversas agências de informação, mesmo dentro dos Estados Unidos.
Segundo ele, embora a comunidade de segurança tenha coletado boas informações com base nas investigações dos atentados de 11 de setembro, essas informações não foram efetivamente colocadas em uso. As recomendações da comissão são de quebrar as barreiras burocráticas e aumentar a colaboração entre as diversas agências.
Também na Espanha, depois dos atentados de 11 de março do ano passado, o mesmo trabalho de reorganização está sendo conduzido por Juan Hidalgo, conselheiro para assuntos de terrorismo do Departamento de Estado. Ele lembrou que, antes dos atentados na estação de trem de Atocha, vários órgãos do governo estocavam informações, mas não trocavam informações entre si. O cruzamento dessas várias informações esparsas possivelmente poderia ter evitado atentados.
Greg Treverton, diretor do centro de defesa policial e segurança internacional da RAND Corporation, ressaltou que se já é difícil prever eventos que nunca aconteceram — como o caso das torres do World Trade Center atingidas por aviões-suicidas -— pior ainda quando a colaboração entre as agências de informação é praticamente inexistente, particularmente entre a CIA e o FBI.
Segundo ele, esse muro entre as agências foi derrubado, e o papel do FBI sofreu uma mudança importante, passando a ser não mais uma agência de informações do tempo da Guerra Fria, mas uma força responsável pela inteligência doméstica. O desafio, agora, é fazer com que as informações não vazem, para não atrapalhar as investigações e não assustar a população.
Jean-Michel Louboutin, diretor-executivo da Interpol, porém, insistiu na tese de que a fragmentação organizacional identificada por ocasião dos atentados de 11 de setembro persiste nas agências internacionais de inteligência. Segundo ele, para combater um terrorismo que se tornou internacional e de grande mobilidade, é preciso entender como as pessoas se movimentam globalmente, e ter atenção especial a roubos de passaportes e identidades em geral.
Um exemplo do desencontro de informações que pode levar a que um atentado terrorista não seja evitado foi dado por David Wright-Neville, da Universidade de Monash, na Austrália. Segundo ele, os relatórios das agências de informação poderiam ter impedido as explosões em Bali se o governo australiano não tivesse resistido a levar adiante uma investigação rigorosa que foi sugerida.
Acabou a investigação sendo levada a efeito pelo Senado, com constrangimentos de toda a sorte impostos pelo governo da Austrália. Para Wright-Neville, no caso de Bali o problema não foi o de falta de informação, mas de que as informações disponíveis não pareceram suficientemente consistentes para uma ação mais forte, e as agências de informação não estavam também convencidas de que o que tinham conseguido captar era realmente o prenúncio de um grande atentado.
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