Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 15, 2009

VEJA Recomenda


LIVROS

CONSOLAÇÃO, de Betty Milan (Record; 168 páginas; 31 reais)
• No posfácio de Consolação, a romancista francesa Michèle Sarde assinala que se está diante de uma obra "bicultural": a narrativa trafega entre o Brasil e a França. De fato, a escritora e psicanalista paulista Betty Milan – que é colunista de VEJA – se move com desenvoltura nas duas culturas. Foi discípula do psicanalista Jacques Lacan em Paris, casou-se com um francês – e passa parte do ano em cada país. Neste seu sexto romance, ela oferece uma reflexão sobre a morte. A protagonista Laura enfrenta a agonia de seu marido em Paris, inconformada com a negativa dos médicos em abreviar seu sofrimento. Depois que ele morre, ela volta ao Brasil natal – mas, em vez de procurar a família, vai direto do aeroporto ao Cemitério da Consolação, o mais tradicional da cidade, onde inicia uma viagem onírica entre os mortos.

TERRAS BAIXAS, de Joseph O'Neill (tradução de Cássio de Arantes Leite; Objetiva; 269 páginas; 42,90 reais)
• O irlandês Joseph O'Neill – que estará no Brasil no mês que vem, participando da Bienal do Livro do Rio – teve um inesperado divulgador para este romance: o presidente americano Barack Obama disse, em uma entrevista, que Terras Baixasestava na sua cabeceiraO livro também conquistou a admiração de escritores como Jonathan Safran Foer e Siri HustvedtAclamação merecida: O'Neill compôs um retrato vigoroso da vida em Nova York (onde ele mora) depois dos atentados de 11 de setembro. O protagonista é um executivo holandês que passa um período em Nova York. Em crise no seu casamento e um tanto deslocado entre os americanos, ele encontra consolo e camaradagem jogando críquete, esporte nada popular nos Estados Unidos, com um time de imigrantes da Ásia e das Antilhas. É a visão estrangeira sobre a cidade depois dos atentados.

 

DVDs

Barry Z Levine/Getty Images
DVD
Jimi Hendrix no festival de Woodstock: shows antológicos e hippies na lama


WOODSTOCK: 3 DIAS DE PAZ, AMOR E MÚSICA – versão do diretor (Estados Unidos, 1970; Warner Home Vídeo)
• Realizado em agosto de 1969 em Bethel, no estado de Nova York, o festival de Woodstock marcou o auge do sonho hippie. Reuniu 500 000 jovens que enfrentaram um congestionamento monstruoso e abdicaram das regras básicas de higiene para assistir a artistas do primeiro escalão do rock e protestar contra a Guerra do Vietnã. Este documentário, lançado no ano seguinte, ficou famoso por trazer cenas hilárias de hippies doidões no meio da lama – e por registrar apresentações antológicas de Jimi Hendrix, Santana e Joe Cocker. Esta edição especial traz quase uma hora de imagens que não foram aproveitadas no original. Os fãs do rock dos anos 60 vão se deliciar com as apresentações de Janis Joplin e Creedence Clearwater Revival inexplicavelmente cortadas da primeira versão do filme.

Divulgação
DVD
O filme turco 3 Macacos: um suspense moral áspero – mas brilhante

3 MACACOS (Üç Maymun, Turquia/França/Itália, 2008. Imovision)
• Um político em campanha eleitoral atropela um homem, foge e então convence seu motorista a assumir a culpa pelo crime, mediante pagamento. No drama dirigido pelo turco Nuri Bilge Ceylan (deClimas, já lançado aqui), esse pequeno entrecho é o catalisador de tensões extremas para quatro personagens – o patrão, o motorista, a mulher e o filho deste – que não conseguem estabelecer nenhuma comunicação entre si. Quando o motorista sai afinal da prisão, a situação se torna perigosamente opressiva – uma atmosfera que Ceylan traduz em vistas magníficas da cidade encimada por nuvens carregadas de tempestade. O título se refere à figura dos macacos que tapam os olhos, os ouvidos e a boca para fingir que ignoram o mal à sua volta, imagem apropriada para este suspense moral tão áspero quanto brilhante.

 

DISCOS

Marvin Koner/Corbis/Latinstock
DISCO
O compositor russo Igor Stravinsky: música sobre o diabo e o soldado


STRAVINSKY: THE SOLDIER'S TALE,
 Igor Stravinsky, Jeremy Irons e The Columbia Chamber Ensemble (Sony)
• Em 1961, o compositor russo Igor Stravinsky foi convidado pela gravadora Columbia a registrar toda a sua obra em disco. Entre várias peças famosas, ele gravou a suíte de A História de um Soldado, que previa música acompanhada de narração. Seis anos depois, Stravinsky retomou o registro, mas concluiu apenas a parte musical: teria ficado insatisfeito com a versão do texto francês original para o inglês. A gravação foi dada como perdida até ser encontrada, dois anos atrás, nos arquivos da gravadora. Coube ao ator inglês Jeremy Irons dar vida aos três personagens da história: o diabo – no qual capricha na inflexão vilanesca –, o soldado e o narrador. Completa o disco uma versão revisada da Sinfonia para Instrumentos de Sopro, regida por Robert Craft, pupilo e biógrafo de Stravinsky.

 

Marvin Koner/Corbis/Latinstock
DISCO
Maxwell: neo-soul para exorcizar o amor ruim


BLACKSUMMER'S NIGHT, Maxwell (Sony)
• O cantor Maxwell foi um dos artífices do neo-soul, vertente da música negra da década de 90, que atenuava a influência do hip hop em prol de uma sonoridade mais "antiquada" – muito teclado Hammond e guitarras com pedal de efeito wah wah. Ele apresentou a fórmula no disco Maxwell's Urban Hang Suíte, de 1996, e a manteve nos três álbuns seguintes. Em 2001, o cantor disse que iria viajar pelo mundo e sumiu, reaparecendo agora com BLACKsummer's Night. O disco, o primeiro de uma trilogia que está toda composta e gravada (os demais serão lançados em 2010 e 2011), mostra que Maxwell não mudou – e isso é muito bom. Num cenário dominado por cantores desafinados e gritalhões, é um alívio deparar com a alta qualidade dos funks e baladas de Maxwell – a começar por Pretty Wings, o primeiro single do novo CD, no qual ele exorciza um relacionamento que deu errado.

Arquivo do blog