Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 02, 2009

VEJA Recomenda

 

 

CINEMA

Kevin Mazur/Wireimage/Getty Images
À Deriva: pai e filha crescendo juntos, dolorosamente


À DERIVA
 (Brasil, 2009. Desde sexta-feira em cartaz no país)

• Depois de Nina e de O Cheiro do Ralo, o diretor Heitor Dhalia muda radicalmente de tom neste seu terceiro longa-metragem: em vez de enredos urbanos (especificamente, paulistanos), volta ao verão de 1979 na vida de uma família em férias em Búzios, no litoral fluminense. Pelos olhos da filha mais velha, Filipa (a estreante Laura Neiva, encontrada no Orkut quando 600 outras candidatas ao papel já haviam sido reprovadas), acompanha-se a derrocada do casamento dos pais sob o peso de rancores. Filipa, que está ela própria despertando para a sexualidade, acha que a raiz dos problemas está no alcoolismo da mãe (Debora Bloch, em uma chance merecida fora das novelas) e nas infidelidades do pai (o francês Vincent Cassel). Mas, claro, compreende de maneira apenas incompleta ou distorcida o que vê. Com uma condução firme e discreta, que reproduz nas imagens e na bela trilha de Antonio Pinto a qualidade das coisas lembradas, Dhalia concentra-se no duro processo de crescimento não só da menina mas também de seu pai – que, na interpretação excelente de Cassel,é uma dessas figuras expansivas e solares em torno das quais só resta aos outros orbitar, queiram eles ou não.

 

 

TELEVISÃO

Divulgação
The Alzheimer's Project: drama humano

THE ALZHEIMER'S PROJECT (estreia na terça-feira 4, na HBO, às 22h)

• Esta belíssima série em quatro partes aborda uma das doenças mais temidas da atualidade, a demência de Alzheimer, sob suas várias luzes. Pacientes nos estágios iniciais do mal manifestam seu medo e frustração com os inexplicáveis vazios de memória. Um episódio dedicado aos que cuidam dos doentes mostra o desafio de conviver com pessoas que a cada dia são menos elas mesmas. Alguns dos mais renomados cientistas da área explicam como a doença funciona e o que eles estão fazendo para mitigar seu impacto pessoal e social – já que seus números só fazem crescer. No segundo episódio, é bom ter lenços à mão: crianças entre 6 e 15 anos falam sobre como é conviver com avôs e avós doentes e assim resumem de maneira cristalina o significado do Alzheimer – uma doença que aniquila tudo aquilo que nos faz humanos.

 

LIVRO

MILAGRES DA VIDA, de J.G. Ballard (tradução de Isa Mara Lando; Companhia das Letras; 248 páginas; 47 reais)

• Nas páginas finais desta autobiografia, o escritor inglês (nascido em Xangai, onde seu pai trabalhava em uma indústria têxtil) James Graham Ballard relata, com serenidade, o diagnóstico do câncer de próstata que viria a matá-lo em abril último, aos 78 anos. Milagres da Vida é, portanto, a obra de um homem consciente de que seu fim estava próximo. Trata-se de uma narrativa cheia de cor e movimento. Ballard rememora a infância em Xangai e o período em um campo de prisioneiros, durante a invasão da China pelo Japão na II Guerra Mundial (episódio que inspirou seu romance O Império do Sol). Também lembra seu esforço para criar três filhos, na Inglaterra, enquanto tentava a sorte como escritor, e examina o escândalo suscitado por suas obras mais provocativas, A Exposição de Atrocidades Crash. Leia trecho.

 

DISCOS

Kevin Mazur/Wireimage/Getty Images

Conor Oberst: canções sobre a vida na estrada


OUTER SOUTH, 
Conor Oberst and the Mystic Valley Band (Music Brokers)

• O cantor e guitarrista americano Conor Oberst foi líder do Bright Eyes, que fazia uma excelente combinação de folk, country, pop e eletrônica. No ano passado, Oberst lançou um CD-solo e saiu em turnê com uma nova banda, The Mystic Valley. Outer South é seu novo trabalho com o grupo. Oberst divide os vocais com o baixista Macey Taylor e com o também guitarrista Taylor Hollingst-worth (cuja voz roufenha, na canção Air Mattress, imita o estilo de Bob Dylan). Muito apropriadamente para um disco com levada folk, as dezesseis faixas falam da vida de músico na estrada. É um tema batido, mas as letras de Oberst superam o lugar-comum. O disco também tem grandes momentos instrumentais, como I Got the Reason, canção de sete minutos com guitarras distorcidas e teclados Hammond.

 

Fernando Mucci

João Carlos Martins: biografia musical  


PÁGINAS DE UMA HISTÓRIA, João Carlos Martins (Flautin 55)

• Um dos maiores nomes brasileiros da música erudita, João Carlos Martins, de 68 anos, começou como pianista, especializando-se na obra de Bach. Uma série de problemas de saúde acabaria impedindo que ele seguisse tocando piano. A partir de 2004, ele se dedicou à regência e criou a Orquestra Bachiana, cujo repertório vai de Bach, Beethoven e Mozart a compositores atuais. Como o título anuncia, Páginas de uma História é uma biografia musical de João Carlos Martins – inclui comentários breves do músico antes de cada faixa. Começa com registros de suas leituras de Lizst aos 10 anos, nas quais já se anunciava o talento do intérprete. Entre as gravações mais recentes, o disco traz Martins à frente de sua Orquestra Bachiana, em uma bela versão de Adiós, Nonino, do argentino Astor Piazzolla, com arranjo do maestro e compositor Mateus Araújo.

 

 

Cinemateca VEJA

 

• Em São Paulo e no Rio de Janeiro, nesta semana: Robin Williams é o professor que abre os horizontes de seus alunos em Sociedade dos Poetas Mortos (leia a crítica).

 

   
• Nos demais estados, nesta semana: Robert De Niro é o boxeador Jake La Motta na obra-prima Touro Indomável, de Martin Scorsese (leia a crítica).



Como comprar a Cinemateca VEJA

Em bancas, livrarias e redes de supermercados, a 13,90 reais o exemplar avulso. Para assinar, ligue 3347-2180 (Grande São Paulo) ou 0800-775-3180 (outras localidades), de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas. Pela internet, acesse www.assineabril.com

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