Este está sendo um ano carregado de surpresas, talvez mais ruins do que boas. Como está chegando a temporada das retrospectivas e dos balanços, alguém haverá de listar as grandes surpresas de 2008. Entre elas estará esse “Pibão” de 6,8% no terceiro trimestre, quando comparado com o do terceiro trimestre do ano passado.
A maior surpresa vem por contraste porque empresários, analistas e governo já estão preparados para um crescimento muito baixo ou, até mesmo, para uma retração da economia no quarto trimestre.
Já se sabe que há uma queda acentuada na demanda de bens de consumo duráveis (veículos e aparelhos domésticos), a construção civil sofre uma brecada brusca, um grande número de empresas antecipou as férias coletivas para desencalhar estoques. E, anteontem, tanto o IBGE como a Conab projetaram uma quebra, de -3,8% a -2,5%, nas safras agrícolas previstas para a temporada 2008-2009.
A observação preliminar é a de que os juros na lua, reforçados pelo aperto monetário de 2,5 pontos porcentuais a partir de abril, não atrapalharam a exuberância do resultado do terceiro trimestre. Ele está assentado no forte crescimento do consumo das famílias (+7,3%) e do governo (+6,4%), e na expansão dos investimentos (+19,7%).
A retração esperada para o último trimestre do ano, cujas proporções são de difícil previsão, também não tem a ver com a adversidade dos juros internos.
Será o resultado da contaminação externa. O fluxo do crédito interno ficou enroscado; o estancamento do crédito externo levou grandes empresas a avançarem sobre os recursos que antes iam para as pequenas e médias; as exportações sentiram a esfriada das encomendas de manufaturados e a queda dos preços das commodities; o despacho de dólares pelas empresas estrangeiras para as matrizes trouxe a sensação de que faltarão dólares; e o Brasil importou um pedaço da crise de confiança que tomou conta do mercado financeiro.
O mais importante nessa diferença de paisagem de apenas um trimestre para outro é a rapidez com que as coisas se inverteram. É dirigir assobiando por uma estrada cheia de sol e, de repente, ser envolvido por um nevoeiro logo depois da curva.
Essa é uma transformação tão instantânea que tira a capacidade de previsão e, até mesmo, de reação. O comportamento do câmbio fez vítimas peso pesado, sem que houvesse tempo para reagir. E hoje não há quem consiga enxergar um palmo adiante em matéria de câmbio.
Uma vez divulgados os números do PIB do terceiro trimestre, os analistas se dedicaram à tarefa de refazer as projeções para o quarto trimestre e para 2009.
Quanto ao resultado final deste ano é mais fácil prever. Espera-se um avanço de algo entre 5,0% e 5,6%. Mas, para o ano que vem, é preciso conferir antes a variável externa, especialmente como o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comandará a delicada relação de confiança. Se os pacotes que está prometendo conseguirem estancar o processo de deterioração econômica, também por aqui se poderá esperar bem mais do que o crescimento de 2,5% a 3,0% que está pintando no momento.
Mas pode dar o contrário, hipótese para a qual o próprio presidente Obama vem alertando.
Confira
Dia de juros - Os excelentes números do PIB reforçam as apostas de que, hoje, o Copom manterá os juros básicos nos 13,75% ao ano.
A inflação de novembro também veio mais baixa do que o esperado. Ficou demonstrado que a disparada do dólar não foi repassada para os preços e, por isso, não pede juros mais altos para combatê-la.
O único fator que poderia puxar pela alta dos juros seria o consumo ainda forte demais. Mas o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, tem dito que, nas circunstâncias, o consumo robusto é uma vantagem e não um problema.
Entrevista:O Estado inteligente
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