O GLOBO
Para delegado, filho do presidente fora 'cooptado por organização criminosa'
Flávio Freire
SÃO PAULO. O delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, atraiu funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a investigação que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, com argumento de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha interesse pessoal no caso. No inquérito que apura o vazamento de informações na operação, há um depoimento do araponga da Abin Lúcio Fábio Godoy de Sá, lotado em Brasília.
Ele diz ter ouvido de Protógenes que os agentes da Abin estavam sendo chamados para a Satiagraha "porque o próprio filho do presidente teria sido cooptado por essa organização criminosa, que também havia se infiltrado nos altos escalões da administração pública".
O depoimento consta do inquérito 24447/08, em que o delegado Amaro Vieira Ferreira, da Corregedoria da PF, apura vazamento de informações na Satiagraha.
Em 21 de outubro, o relato do araponga Lúcio Fábio Sá foi enviado ao juiz Ali Mazloum, da 7aVara Criminal Federal de São Paulo, o mesmo que determinou a operação de busca e apreensão em residências de Protógenes semana passada.
Lúcio diz ter ouvido pessoalmente de Protógenes informações sobre o interesse do presidente Lula pela investigação.
Em depoimento à CPI do Grampo, em agosto último, Daniel Dantas disse que Protógenes estaria disposto a apurar a venda da empresa Brasil Telecom para a Telemar, e que investigaria Fábio Luís, um dos filhos do presidente. A Telemar é suspeita de injetar R$ 5 milhões na empresa Gamecorp, de propriedade de Fábio. Em 2004, a Telemar gastou tal valor para virar sócia da Gamecorp.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou ontem que não comentaria o caso.
No encontro com o funcionário da Abin, Protógenes teria dito que se tratava de investigação envolvendo espionagem internacional, "e que essa era a razão de a Abin estar ali participando".
Mais de 70 integrantes da Abin trabalharam, ou foram consultados por Protógenes, na investigação da Satiagraha.
O GLOBO tentou contato com o delegado Protógenes, sem sucesso, pois seus aparelhos celulares foram apreendidos pela PF na semana passada. A relação de Protógenes com funcionários da Abin revela um trabalho clandestino que vinha sendo feito antes mesmo de a operação ser deflagrada, no dia 8 de julho. O relatório da polícia mostra que o delegado levou para dentro da corporação, em princípio sem autorização dos superiores da PF, membros de vários escalões da agência para ajudar no monitoramento de informações contra os acusados.
Arapongas fizeram fotos e filmagens de suspeitos
SÃO PAULO. Segundo o relatório do inquérito 24447/ 08 da PF, o delegado Protógenes Queiroz é acusado de várias ilegalidades.
O documento informa que, sob comando dele, arapongas da Abin vigiaram e acompanharam suspeitos no caso, "fazendo, inclusive, registros fotográficos, filmagens e possíveis gravações ambientais das quais não se tem notícia da existência de autorização judicial para tanto".
O relatório prossegue: "Verificouse que tais atores (os agentes da Abin), estranhos à operação, tiveram ilegal acesso ao conteúdo das gravações, produto de interceptações telefônicas e telemáticas, cujas quebras foram concedidas nos termos do artigo 1oda lei 9.296/96, portanto, sob segredo de Justiça e que, naturalmente, deveriam ser mantidas em sigilo absoluto".
No inquérito, o delegado Amaro Vieira Ferreira justifica a busca e apreensão em escritórios da Abin e nas casas de policiais federais.
Diz que Protógenes "guardaria, ilegalmente, provas e informações que não foram levadas aos autos". E cita exemplo de reportagem recente de um site, dando conta de que o delegado guardaria em casa três HDs cujo conteúdo "abalaria a República".
Pelo uso de agentes da Abin, Protógenes teria violado o artigo 10 da lei 9.296/96, de interceptação, além do artigo 35 do Código de Violação Funcional.
O delegado é acusado de vazar detalhes da operação que acabou na prisão de Daniel Dantas, Nagi Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta para a TV Globo e para a "Folha de S. Paulo".
Presença da Abin só foi descoberta por acaso
SÃO PAULO. De acordo com o relatório da Polícia Federal, o diretor de inteligência da instituição, Daniel Lorenz de Azevedo, disse ter tomado conhecimento do envolvimento da Abin nas investigações da Operação Satiagraha em março deste ano, quatro meses antes de o banqueiro Daniel Dantas ser preso.
Em depoimento, Lorenz contou que, por acaso, encontrouse com o analista da Abin Márcio Seltz, seu conhecido, na sede da PF, em Brasília. Seltz teria revelado ao diretor que "estava auxiliando, a pedido do doutor Queiroz, no processo de análise de dados de informação da Operação Satiagraha".
Analista teve acesso a material obtido ilegalmente Lorenz teria desautorizado o delegado Protógenes Queiroz e determinado que ele não permitisse o acesso de qualquer funcionário da Abin na operação. O inquérito da PF também diz que o agente da Abin Márcio Seltz recebeu das mãos de Protógenes documentos referentes à Telecom Itália, à Brasil Telecom e aos fundos de pensão. O delegado ainda teria repassado a Seltz "e-mails com termos jurídicos", que teriam sido interceptados ilegalmente pelo delegado da PF. (Flávio Freire)
Entrevista:O Estado inteligente
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