Amais grave crise financeira da história econômica contemporânea reacende o antigo debate sobre as virtudes e os vícios dos “mercados” como mecanismos de coordenação econômica.
De um lado, os fundamentalistas de mercado. Ingênuos acadêmicos em torres de marfim, orgulhosos de suas brilhantes, magníficas concepções teóricas.
Autoridades monetárias na maior (Estados Unidos) e na mais dinâmica (China) economias do mundo, inebriadas pelo ritmo acelerado de crescimento global sincronizado, em meio ao excesso de liquidez que fabricaram. Financistas inovadores e inconseqüentes, criando ativos tóxicos fora dos balanços dos bancos em ambiente de regulamentação frouxa, constroem uma extensa plataforma de créditos, sustentada pela alavanca do endividamento, sobre uma estreita base de capital. Parceiros e beneficiários de um formidável processo de criação de riqueza, tendo por alicerce uma pretensão conceitual, que agora se revela equivocada: atribuíam aos mercados propriedades sobre-humanas, como a “perfeição”, a “presciência” e a “infalibilidade”.
De outro lado, os tribalistas atávicos de todos os tempos, os socialistas nostálgicos e os reacionários à nova ordem emergente amaldiçoam os mercados exatamente por suas supostas características humanas, diante das incontornáveis incertezas do mundo: sua “imperfeição”, sua “falibilidade”. Se nada que é humano é perfeito ou infalível — e se fomos reduzidos por extenuante e trágica experimentação, ao longo do século XX, às economias de mercado e às modernas democracias liberais —, essa obviedade conceitual revela o oportunismo ideológico e a desonestidade intelectual das críticas radicais às falhas dos mercados. Ainda mais no atual episódio em que a contribuição das autoridades para a farra da moeda e do crédito deixou suas digitais em toda parte.
A moeda e os mercados, como a linguagem e a escrita, o direito e as leis, a moral e os costumes, são instituições sociais evolucionárias. São mecanismos de comunicação, cooperação e coordenação social gradualmente esculpidos por grupos humanos — nem sempre conscientemente. Quem inventou a linguagem? E os costumes? Quando nasceram as leis? Ou a moeda e os mercados? São instituições que nos acompanham há tempos imemoriais.
Os mercados são complexos mecanismos de transmissão de informações, de coordenação de conhecimento e esforços descentralizados, de cooperação econômica em grande escala entre bilhões de desconhecidos. E funcionam, ainda que precariamente, em ambientes extremamente dinâmicos, como sistemas não-lineares bombardeados por enormes choques estruturais. Equilíbrio estável, expectativas racionais, informação completa e mercados perfeitos são hipóteses operacionais de uma metodologia científica. Tomadas literalmente, as fantasias de livre mercado só não são mais perigosas do que as utopias socialistas.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
novembro
(421)
- Além da cachaça no New York Times
- Augusto Nunes Sete Dias
- DANUZA LEÃO Comporte-se, Lula
- YOSHIAKI NAKANO O Brasil precisa de nova estratégia
- MIRIAM LEITÃO - O olhar do tempo
- MERVAL PEREIRA - Vácuo de poder
- Lições da História O GLOBO EDITORIAL,
- Velhotes municipais JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Suely Caldas Regulação-ter ou não ter?
- CELSO MING Para onde vai o dolar
- Dora Kramer Mestiço sestroso
- Cena impensável Sérgio Fausto
- Olhos vermelhos, nunca mais
- CLÓVIS ROSSI Nova Orleans tropical?
- Questão de empresa Miriam Leitão
- Pretexto O GLOBO EDITORIAL,
- Explicações O GLOBO EDITORIAL,
- MERVAL PEREIRA América Latina no radar
- O preço da luta contra a recessão O Estado de S. ...
- Obama e Roosevelt Boris Fausto
- Tentativa de intimidação O Estado de S. Paulo EDIT...
- Inundações em Santa Catarina O Estado de S. Paulo...
- A Petrobrás deve respostas O Estado de S. Paulo E...
- DORA KRAMER As águas vão rolar
- CELSO MING Os preços políticos da Petrobrás
- VEJA Carta ao Leitor
- VEJA EntrevistaJill Bolte Taylor Vi meu cérebro mo...
- Gustavo Ioschpe Violência escolar: quem é a vítima?
- Diogo Mainardi 2 789 toques
- Maílson da Nóbrega A regulação chegou? Ou nunca fo...
- Stephen Kanitz Administradores de esquerda
- MILLOR
- Radar
- Espionagem O homem-chave do caso Abin-PF
- Calote do Equador muda política externa
- No governo por liminar
- A nova fronteira do terror
- PRIMEIRA GRANDEZA
- Santa Catarina,O horror diante dos olhos
- O óleo dos deuses
- Católicos reclusos
- A união faz a beleza
- Em busca da ligação mais econômica
- Telefones híbridos
- As ligações computador a computador
- Livros Correspondência de Machado de Assis
- Televisão Law & Order – SVU
- Cinema O amor verdadeiro
- Veja Recomenda
- Santa Catarina por Maria Helena Rubinato
- Paulo Renato, o Grande Chefe Branco e os intelectu...
- Míriam Leitão - Dois pontos cruciais da operação C...
- Clipping 28/11/2008
- Fórmula fatal O GLOBO EDITORIAL,
- Sinal ruim Míriam Leitão
- De falcões e pombos Merval Pereira
- Calçar o inferno Luiz Garcia O Globo
- VINICIUS TORRES FREIRE Empresas desgovernadas
- FERNANDO GABEIRA O futuro das chuvas
- CLÓVIS ROSSI A violência e as culpas
- Foi bom para a Rússia O Estado de S. Paulo EDITORIAL
- Os ''milagres'' nas contas públicas O Estado de S...
- Dora Kramer Rolando Lero O ESTADO DE S PAULO
- Celso Ming - A força do consumo -Estadao
- PODCAST Diogo Mainardi 27 de novembro de 2008
- AUGUSTO NUNES Sete Dias
- Clipping 27/11/2008
- Não é 1929: Carlos Alberto Sandemberg
- O Plano de Itararé Míriam Leitão
- MERVAL PEREIRA - Crise e oportunidade
- Muitos bilhões e pouco efeito O Estado de S. Paul...
- Brincando com a reforma dos impostos: Rolf Kuntz O...
- Carta aberta ao Grande Chefe Branco-Demétrio Magno...
- Dora Kramer De mau a pior
- Celso Ming Confiança, artigo em falta
- Villas-Bôas Corrêa O retrato da nossa crise
- Augusto Nunes JB-O sacador de talões mais ágil do ...
- MERVAL PEREIRA No limite da irresponsabilidade
- Miriam Leitão O futuro da crise O GLOBO
- Dora Kramer De papel passado O ESTADO DE S PAULO
- Clipping 26/11/2008
- Novo pacote bilionário Celso Ming
- Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não...
- A ousadia de um chefe de quadrilha
- Clipping 25/11/2008
- Operação salva-vidas Celso Ming
- Dora Kramer # Mudança de hábito
- O consenso americano O ESTADO DE S PAULO EDITORIAL
- A reestatização argentina o estado de s paulo edit...
- O calote do Equador o estado de s paulo editorial
- Em gelo fino Miriam Leitão
- Insensatas complicações LUIZ GARCIA
- Obama e o Brasil LUIZ FELIPE LAMPREIA
- Chávez menor O Globo Opinião
- Sinais a decifrar O Globo OPINIÃO
- Teste de liderança Merval Pereira
- Rubens Barbosa, ATE QUANDO?
- VEJA Carta ao Leitor Sete cães a um osso
- VEJA Entrevista: Eunice Durham
- Lya Luft Uma panela de água e sal
-
▼
novembro
(421)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA