Afesta acabou, está na hora de encarar o batente — e quem, entre os homens de boa-fé e boa vontade, não torce pelo Obama? Para muitos, o êxito do primeiro presidente negro dos Estados Unidos será decisivo para transformar o país naquilo que ainda não é inteiramente: uma democracia étnica.
(Quase escorreguei e escrevi “democracia racial”. Seria concessão a um preconceito safado, segundo o qual brancos, negros e cidadãos de outros tons de pele pertencem a raças diferentes. Bobagem: de outra raça são nossos primos chimpanzés.) Voltando ao que interessa, começam agora os quatro ou oito anos que podem jogar mais um preconceito no lixo. Onde já estão há muito tempo as restrições a outros americanos, como os descendentes de imigrantes italianos ou irlandeses.
Não seria justo, mas pode ser inevitável que erros e fracassos do novo presidente sejam debitados à cor de sua pele. Nestes dias de festa, isso parece absurdo. Daqui a uma meia dúzia de meses, talvez nem tanto. Hoje, ainda é possível afirmar que qualquer avaliação do desempenho de Obama tem de levar em conta o peso brutalmente negativo da herança que está recebendo. Nos últimos oito anos, o governo americano não foi apenas uma mediocracia, mas uma mediocracia malévola.
Em tempos recentes, outros presidentes foram igualmente medíocres.
Como o democrata Jimmy Carter e o republicano Bush, o pai. Ambos, com justa causa, serviram apenas um mandato. Bush, o filho, foi poupado desse destino pela guerra em andamento no Iraque. Teve oito anos para meter os pés pelas mãos, e dá para acreditar que a herança negativa hoje nas mãos de Obama talvez não tenha precedentes.
Ele tem condições de administrá-la com êxito? Pode-se torcer, mas certeza ninguém tem. O número de variáveis é considerável.
De longe, pode-se especular em torno de duas. Primeiro, o peso da questão étnica. Na campanha, ele simplesmente não existiu.
Deve-se deduzir que não existe mais racismo radical (desculpe-se a redundância) nos Estados Unidos? Os mapas destas eleições são eloqüentes, mas o racismo não depende de maiorias: basta meia dúzia de malucos para provocar uma tragédia. Quem souber rezar, pode começar.
A segunda variável é estabelecida pelo pessoal que vai para o poder: aqueles que acabam de se instalar na Casa Branca e o grupo dos que podem entrar lá sem marcar hora. Ou seja, a equipe nuclear da administração e os aliados políticos.
Não dá para prever coisa alguma; talvez apenas por implicância pessoal, diria que um sintoma importante será a influência, se alguma houver, do casal Clinton na nova administração.
Pelo que a dupla fez e armou quando esteve no poder, no estado de Arkansas e depois no país inteiro, eles não são de brincadeira: na história recente do país, nenhum presidente enfrentou tantos escândalos financeiros e sexuais quanto Bill Clinton. Tudo bem, nenhuma condenação. Mas, com tanta fumaça, algum fogo com certeza existe.
Fora esses resmungos, tomara que tudo dê certo.
Entrevista:O Estado inteligente
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