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Mercado se pergunta quem é o próximo
Os investidores aqui no Brasil estão um pouco mais otimistas agora pela manhã com a decisão do Fed de socorrer o AIG. Era isso mesmo que o mercado queria, como comentamos ontem à tarde aqui no blog. O dinheiro do contribuinte americano precisou ser usado.
O socorro ao AIG retirou inclusive a má impressão causada pela manutenção da taxa básica de juros em 2%, porque o mercado esperava que ela fosse reduzida. Agora, os economistas estão dizendo que o Fed fez certo ao manter os juros, e tomou esta decisão porque durante a reunião já deveria sabia sobre o socorro ao AIG.
As bolsas européias estavam operando em leve alta pouco antes das 9h e as da Ásia fecharam em tendência mista, com Japão e Coréia em alta, e China, Austrália e Hong Kong em queda. Os mercados futuros americanos indicam abertura com pequena baixa. Mesmo assim, o clima é de mais tranqüilidade.
Só não dá ainda para dizer que a crise passou porque os investidores ainda se perguntam qual será a próxima instituição que apresentará problemas. De acordo com o economista-chefe da Liquidez Corretora, Marcelo Voss, o que a decisão de ontem fez foi evitar o caos.
- Seria o caos a quebra de uma seguradora daquele porte. Mas a decisão está longe de solucionar de forma definitiva a crise. Com certeza, outros bancos estão também com dificuldades e em qualquer sinal de problema, as bolsas voltarão a cair - explicou.
Segundo Voss, a solução definitiva seria o mapeamento total do sistema financeiro americano, tal qual foi feito pelo Proer aqui no Brasil:
- Mas ninguém sabe porque o governo americano não faz isso. Pode ser que o problema seja pior do que o mercado imagina. Essa insegurança faz com que a aversão ao risco fique muito maior.
Momento é de cautela para consumidores
Lula deu declarações de que não existe crise na economia brasileira. Tudo bem, esse é o papel do presidente, mostrar que tem confiança no país.
Mas Mantega fez uma declaração muito ruim, ao dizer que as pessoas devem continuar comprando e fazendo financiamentos. Um ministro da Fazenda não deveria fazer esse tipo de declaração.
Ele sabe que o volume de crédito no Brasil vai cair porque a liquidez internacional está menor. O crédito está mais caro, e se as pessoas se endividarem muito, elas podem ficar numa situação complicada mais à frente.
Mesmo estando num bom momento, a economia brasileira está inserida num contexto internacional. E isso significa que os bancos brasileiros tomarão dinheiro a um preço mais alto lá fora, e isso será repassado aos consumidores.
Não é o momento para se fazer muitas dívidas, mas sim, de ter cautela para saber o que vai acontecer. Essa crise é grave e levará muito tempo para ser resolvida.
Ouçam aqui o comentário da manhã na CBN.