O Estado de S. Paulo |
17/9/2008 |
A coluna de ontem terminou assim: “Talvez não saia barato (enfrentar a crise), mas, no fim do processo, o País estará melhor.” Para que esta não passe por afirmação gratuita - e leviana -, é preciso fundamentá-la. Então vamos lá. Em primeiro lugar, o sistema financeiro brasileiro não tem problemas graves. Os bancos estão bem capitalizados, sem exposição relevante à crise global. É baixo o risco de que algum peixe grande venha a ser tragado por um redemoinho qualquer. Em segundo lugar, aumentou, sim, o risco de algum desequilíbrio no balanço de pagamentos do País, mas não é coisa que deva tirar o sono. As filiais de empresas estrangeiras que aqui operam estão sendo chamadas para socorrer suas matrizes e isso explica o avanço de 81% nas remessas de lucros no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2007 e a forte saída de dólares. Outro vazamento está acontecendo nas contas correntes (que englobam três saldos do balanço de pagamentos: comercial, de serviços e de transferências unilaterais). É um rombo que deve saltar de um superávit de 0,13% do PIB em 2007 para um déficit de 2,0% do PIB em 2008. Ao mesmo tempo devem entrar menos dólares. Os financiamentos externos estão bloqueados e tão cedo não serão reativados. E parte dos generosos influxos de moeda estrangeira correspondentes ao aumento dos investimentos estrangeiros diretos (IED) pode ser adiada porque, nas condições atuais, as empresas preferem esperar para ver. No entanto, o País ostenta reservas externas de US$ 207 bilhões (cerca de um ano e meio de importações). Além disso, basta que esse número pisque nas telas dos computadores do setor financeiro para espalhar tranqüilidade. É um seguro que não gera rendimento nem melhora as condições produtivas propriamente ditas, mas está lá se algo faltar. Em terceiro lugar, a economia está mais previsível. É verdade que a inflação deu uma escapada, mas volta aos trilhos; o PIB tem tudo para avançar em 2009 entre 3% e 4%; e os juros tendem a cair. Sempre haverá alguma divergência em torno de projeções dessa magnitude, mas não a ponto de criar ambiente de graves incertezas. No entanto, mesmo na turbulência, é possível planejar. E, em quarto lugar, a economia brasileira já não é tão vulnerável como há alguns anos a uma eventual fubecada no sistema produtivo dos países ricos. Os emergentes pesaram 70% no crescimento da economia global do ano passado e, ainda que sejam afetados pela crise, continuarão a crescer com força, baseados mais na dinâmica do mercado interno do que nas exportações. Essa é a principal razão pela qual é improvável que desabem os preços das commodities agrícolas, importante item de exportação do País. A cada ano, 70 milhões de asiáticos emergem ao mercado de consumo e isso implica crescimento na demanda de alimentos. Não é pouca coisa. O quadro básico é esse aí, nas circunstâncias, fortemente positivo. O melhor que o presidente Lula poderia fazer tanto econômica como eleitoralmente seria determinar que, apesar de tudo, será preciso reduzir as despesas públicas. Na tempestade, marujo experiente não navega com carga inútil. Alivia o barco.
Essa pode - O Fed manteve os juros em 2% ao ano, como está no gráfico. Mas não foi essa a decisão que provocou uma virada nos mercados. Foi a informação de que preparava um pacote de emergência para a seguradora AIG, o que se confirmou à noite. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, setembro 17, 2008
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