Reinaldo Azevedo em 13/08/08
Que coisa, hein? Para quem obteve do STF o direito de permanecer calado na CPI, Daniel Dantas está falando pelos cotovelos – e mandando recado a três por quatro. Vejam este. Explico em seguida:
Por Cida Fontes, no Estadão On Line:
O sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, disse hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga escutas telefônicas clandestinas (CPI dos Grampos), que o advogado e ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh foi contratado pelo Opportunity para negociar um acordo com fundos de pensão. Dantas definiu o papel de Greenhalgh como o de "um negociador ou um mediador", uma vez que as relações entre o Opportunity e os fundos, ambos detentores do controle societário da Brasil Telecom (BrT), estavam deterioradas.
"Fomos avisados de que éramos o elemento que estava impedindo a venda da Brasil Telecom para a Telemar", disse Dantas, acrescentando que, depois disso, Greenhalgh passou a atuar no sentido de tentar superar o conflito, especialmente com o Fundo Previ. Segundo Dantas, o Previ tinha interesse em comprar a parte do Fundo Opportunity na Brasil Telecom. Dantas disse que, durante o processo de venda do controle societário da Brasil Telecom, surgiu a informação, levantada por Greenhalgh, de que estava muito difícil qualquer acordo. O advogado, então, aconselhou Dantas, segundo relato deste à CPI: "A melhor coisa que você faz é vender (a sua parte) e cuidar da sua vida."
Em outra parte do depoimento à CPI, Dantas disse que havia muitas restrições do governo à parte dele (Dantas). "Só tivemos hostilidade. Eu sou participante da venda de parte da Brasil Telecom, e não da compra", afirmou. Acrescentou que o acusam de corruptor e lembrou que, em depoimento no Senado, quando a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), o acusou de corruptor, respondeu com uma pergunta: "Quem foi corrompido?". Dantas deixou dúvidas no ar, como: "Dizem que a Telecom Itália distribuiu 25 milhões de euros (em propina) para ter o controle da Brasil Telecom. Mas... para quem? Eu não sei."
Comento
Creio que nem todo leitor entendeu direito o que quis dizer o banqueiro. Observem que ele não afirma que Greenhalgh era seu advogado – nada disso! O petista, diz Dantas, é "negociador" e "mediador" . E estaria no "meio" de que dois extremos? Segundo ele, entre os fundos de pensão, especialmente o Previ (do Banco do Brasil), e o Opportunity.
Muito bem. Mas por que o ex-deputado é uma figura talhada para a função? É advogado da área, tem expertise nas grandes questões dos negócios e do mundo corporativo? Pfui... Há um bom risco de Greenhalgh não distinguir uma nota fiscal de uma bula de remédio. O homem é especialista em outra coisa: em PT. E o PT manda nos fundos de pensão – especialmente no Previ. E, portanto, se Dantas queria cuidar de sua parte na Brasil Telecom, passando-a adiante para viabilizar a fusão com a Oi, tinha de contratar alguém íntimo da instância que realmente decide.
Pergunta-se:
- contratação a que preço?
- quem seria o recebedor último dos "honorários"?
Jamais vejam Greenhalgh como, digamos, um homem privado. Ele é um homem-causa. E sua causa chama-se "PT".
Por Cida Fontes, no Estadão On Line:
O sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, disse hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga escutas telefônicas clandestinas (CPI dos Grampos), que o advogado e ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh foi contratado pelo Opportunity para negociar um acordo com fundos de pensão. Dantas definiu o papel de Greenhalgh como o de "um negociador ou um mediador", uma vez que as relações entre o Opportunity e os fundos, ambos detentores do controle societário da Brasil Telecom (BrT), estavam deterioradas.
"Fomos avisados de que éramos o elemento que estava impedindo a venda da Brasil Telecom para a Telemar", disse Dantas, acrescentando que, depois disso, Greenhalgh passou a atuar no sentido de tentar superar o conflito, especialmente com o Fundo Previ. Segundo Dantas, o Previ tinha interesse em comprar a parte do Fundo Opportunity na Brasil Telecom. Dantas disse que, durante o processo de venda do controle societário da Brasil Telecom, surgiu a informação, levantada por Greenhalgh, de que estava muito difícil qualquer acordo. O advogado, então, aconselhou Dantas, segundo relato deste à CPI: "A melhor coisa que você faz é vender (a sua parte) e cuidar da sua vida."
Em outra parte do depoimento à CPI, Dantas disse que havia muitas restrições do governo à parte dele (Dantas). "Só tivemos hostilidade. Eu sou participante da venda de parte da Brasil Telecom, e não da compra", afirmou. Acrescentou que o acusam de corruptor e lembrou que, em depoimento no Senado, quando a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), o acusou de corruptor, respondeu com uma pergunta: "Quem foi corrompido?". Dantas deixou dúvidas no ar, como: "Dizem que a Telecom Itália distribuiu 25 milhões de euros (em propina) para ter o controle da Brasil Telecom. Mas... para quem? Eu não sei."
Comento
Creio que nem todo leitor entendeu direito o que quis dizer o banqueiro. Observem que ele não afirma que Greenhalgh era seu advogado – nada disso! O petista, diz Dantas, é "negociador" e "mediador" . E estaria no "meio" de que dois extremos? Segundo ele, entre os fundos de pensão, especialmente o Previ (do Banco do Brasil), e o Opportunity.
Muito bem. Mas por que o ex-deputado é uma figura talhada para a função? É advogado da área, tem expertise nas grandes questões dos negócios e do mundo corporativo? Pfui... Há um bom risco de Greenhalgh não distinguir uma nota fiscal de uma bula de remédio. O homem é especialista em outra coisa: em PT. E o PT manda nos fundos de pensão – especialmente no Previ. E, portanto, se Dantas queria cuidar de sua parte na Brasil Telecom, passando-a adiante para viabilizar a fusão com a Oi, tinha de contratar alguém íntimo da instância que realmente decide.
Pergunta-se:
- contratação a que preço?
- quem seria o recebedor último dos "honorários"?
Jamais vejam Greenhalgh como, digamos, um homem privado. Ele é um homem-causa. E sua causa chama-se "PT".