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“O que é que nós vamos fazer com esse petróleo? Vender pura e simplesmente? Quem quiser vem tirar aqui petróleo, vem e pode levar quanto quiser que isso aqui... Não, Deus não nos deu isso para que a gente continue fazendo burrice. Deus fez um sinal pra nós, mais uma chance para o Brasil, mais uma chance”.
Sempre que a mistificação, a imprecisão, o populismo e o misticismo rasteiro se juntam, não duvidem: é Lula falando. Acima, sem dúvida, temos uma de suas falas mais típicas. Ele está se referindo ao petróleo que, estima-se, está na camada pré-sal. Quem foi que disse que qualquer um pode chegar aqui e meter a mão no nosso petróleo? Por que Lula emprega o verbo “continue”? Hoje em dia, por acaso, estamos dando petróleo de graça aos estrangeiros? Quanto ao sinal de Deus, dizer o quê? O do Velho Testamento costumava ser um pouco entrão, chegado a algumas manifestações performáticas. O do Novo é bem discreto. Não sai falando com qualquer um: Jesus, Paulo e olhe lá... Duvido que se ocupe de emitir sinais para Lula – ainda mais sobre petróleo, quase um monopólio de Alá...
Ah, dá para levar a sério a fala? Não dá! Acima, vai um apanhado formidável de bobagens para justificar a mudança radical na lei do petróleo. O governo já havia trapaceado quando excluiu alguns poços da área de licitação, sob o pretexto de que, agora, o risco das empresas privadas é menor. Se é menor, que se renegociem os ganhos, mas mudar a regra é coisa de picareta. Ora, como foi que a maioria da imprensa brasileira recebeu a coisa? Com simpatia! “Ah, muito justo!” Pois é. Agora, fala-se numa nova lei e numa estatal, que cuidaria apenas do pré-sal.
Mas por que não a Petrobras? As razões do governo vieram na manchete de domingo passado da Folha. “Ah, não se pode ter uma Petrobrás muito forte. A PDVESA venezuelana tornou-se golpista”. Mas por que a nova empresa estaria livre desse risco? Eles explicam: porque ela será puramente estatal. O defeito da Petrobrás, vejam só, é que é uma empresa de capital misto, com presença estrangeira.
Eleição
Lula e os petistas sabem que estão violando regras de mercado e o bom senso. Mas atenção! Está em curso outra coisa. O petróleo do pré-sal – por enquanto, uma estimativa – já é matéria de campanha eleitoral. No discurso de Lula, estamos nadando em petróleo, e os estrangeiros estão de olho nas nossas riquezas. Ele alimenta, assim, um dos mitos mais caros dos polÍticos e dos partidos de corte populista-autoritários: o mal que vem de fora para explorar as riquezas nativas.
Sim, claro, o PT convive com a economia de mercado porque sabe que não tem escolha. E muitos petistas acharam a idéia excelente, porque a corretagem lhes enche as burras. Mas, se puder escolher, o partido prefere a economia estatal. O governo quer mesmo uma nova empresa. Mas não é só isso: Lula está tentando empurrar o debate para uma polarização, em que ele e seu partido aparecem como promootres (e beneficiários) de uma reedição de “O Petróleo É Nosso”. Quem não aderir à proposta estúpida de criação de uma nova estatal estaria militando contra as riquezas nacionais.
"Riquezas nacionais” é um botão quente que o PT aperta volta e meia. No segundo turno das eleições de 2006, vocês se lembram, o partido pôs para circular a mentira de que Alckmin, se eleito, privatizaria a Petrobrás e o Banco do Brasil. Não, infelizmente, se eleito, ele não faria isso. Aliás, infelizmente, pouco importa o eleito, ninguém fará isso. Os brasileiros têm um grande orgulho do quanto a Petrobrás torna a sua vida melhor...
Dinheiro para educação
O pacote eleitoral de 2010 não vem apenas na criação de uma nova estatal, mas também na bobagem de se reservar parte do dinheiro para investimento em educação – ou, mais amplamente, no social. Ora, pergunto outra vez: quem se atreverá a ser contra?
Leiam o que Lula disse: “É preciso que a gente aproveite este momento e tente discutir como é que nós vamos utilizar este petróleo, quem é que vai explorar esse petróleo. Se o lucro vai ficar apenas para uma empresa, para dez empresas ou parte desse lucro vai ficar para fazer as reparações históricas que se cometeu neste país”.
Quem foi que disse que os lucros do petróleo que extraímos hoje fica com uma empresa – ou dez empresas? Trata-se de uma mentira grosseira. Pra começo de conversa, a Petrobras paga quase R$ 20 bilhões de impostos federais. Mais: empresas, de petróleo ou de esterco, geram emprego, renda, ajudam a enriquecer o país. Desde quando carimbar verba serve como certeza de que se melhora o serviço social? A saúde e a educação deixam claro que as coisas não são assim tão simples.
Lula está lançando as bases da campanha eleitoral petista de 2010. O petróleo do pré-sal não é coisa para o seu mandato. Talvez não seja ainda, de modo significativo, nem para o próximo presidente. Mas a questão certamente rende dividendos eleitorais imediatos.
Deus está fora dessa jogada. Não se ocupa dessas besteiras. Não fosse assim, Ele certamente impediria Lula de criar uma nova estatal e de quebrar contratos. Sociedades assim terminam vítimas do capeta.
Sempre que a mistificação, a imprecisão, o populismo e o misticismo rasteiro se juntam, não duvidem: é Lula falando. Acima, sem dúvida, temos uma de suas falas mais típicas. Ele está se referindo ao petróleo que, estima-se, está na camada pré-sal. Quem foi que disse que qualquer um pode chegar aqui e meter a mão no nosso petróleo? Por que Lula emprega o verbo “continue”? Hoje em dia, por acaso, estamos dando petróleo de graça aos estrangeiros? Quanto ao sinal de Deus, dizer o quê? O do Velho Testamento costumava ser um pouco entrão, chegado a algumas manifestações performáticas. O do Novo é bem discreto. Não sai falando com qualquer um: Jesus, Paulo e olhe lá... Duvido que se ocupe de emitir sinais para Lula – ainda mais sobre petróleo, quase um monopólio de Alá...
Ah, dá para levar a sério a fala? Não dá! Acima, vai um apanhado formidável de bobagens para justificar a mudança radical na lei do petróleo. O governo já havia trapaceado quando excluiu alguns poços da área de licitação, sob o pretexto de que, agora, o risco das empresas privadas é menor. Se é menor, que se renegociem os ganhos, mas mudar a regra é coisa de picareta. Ora, como foi que a maioria da imprensa brasileira recebeu a coisa? Com simpatia! “Ah, muito justo!” Pois é. Agora, fala-se numa nova lei e numa estatal, que cuidaria apenas do pré-sal.
Mas por que não a Petrobras? As razões do governo vieram na manchete de domingo passado da Folha. “Ah, não se pode ter uma Petrobrás muito forte. A PDVESA venezuelana tornou-se golpista”. Mas por que a nova empresa estaria livre desse risco? Eles explicam: porque ela será puramente estatal. O defeito da Petrobrás, vejam só, é que é uma empresa de capital misto, com presença estrangeira.
Eleição
Lula e os petistas sabem que estão violando regras de mercado e o bom senso. Mas atenção! Está em curso outra coisa. O petróleo do pré-sal – por enquanto, uma estimativa – já é matéria de campanha eleitoral. No discurso de Lula, estamos nadando em petróleo, e os estrangeiros estão de olho nas nossas riquezas. Ele alimenta, assim, um dos mitos mais caros dos polÍticos e dos partidos de corte populista-autoritários: o mal que vem de fora para explorar as riquezas nativas.
Sim, claro, o PT convive com a economia de mercado porque sabe que não tem escolha. E muitos petistas acharam a idéia excelente, porque a corretagem lhes enche as burras. Mas, se puder escolher, o partido prefere a economia estatal. O governo quer mesmo uma nova empresa. Mas não é só isso: Lula está tentando empurrar o debate para uma polarização, em que ele e seu partido aparecem como promootres (e beneficiários) de uma reedição de “O Petróleo É Nosso”. Quem não aderir à proposta estúpida de criação de uma nova estatal estaria militando contra as riquezas nacionais.
"Riquezas nacionais” é um botão quente que o PT aperta volta e meia. No segundo turno das eleições de 2006, vocês se lembram, o partido pôs para circular a mentira de que Alckmin, se eleito, privatizaria a Petrobrás e o Banco do Brasil. Não, infelizmente, se eleito, ele não faria isso. Aliás, infelizmente, pouco importa o eleito, ninguém fará isso. Os brasileiros têm um grande orgulho do quanto a Petrobrás torna a sua vida melhor...
Dinheiro para educação
O pacote eleitoral de 2010 não vem apenas na criação de uma nova estatal, mas também na bobagem de se reservar parte do dinheiro para investimento em educação – ou, mais amplamente, no social. Ora, pergunto outra vez: quem se atreverá a ser contra?
Leiam o que Lula disse: “É preciso que a gente aproveite este momento e tente discutir como é que nós vamos utilizar este petróleo, quem é que vai explorar esse petróleo. Se o lucro vai ficar apenas para uma empresa, para dez empresas ou parte desse lucro vai ficar para fazer as reparações históricas que se cometeu neste país”.
Quem foi que disse que os lucros do petróleo que extraímos hoje fica com uma empresa – ou dez empresas? Trata-se de uma mentira grosseira. Pra começo de conversa, a Petrobras paga quase R$ 20 bilhões de impostos federais. Mais: empresas, de petróleo ou de esterco, geram emprego, renda, ajudam a enriquecer o país. Desde quando carimbar verba serve como certeza de que se melhora o serviço social? A saúde e a educação deixam claro que as coisas não são assim tão simples.
Lula está lançando as bases da campanha eleitoral petista de 2010. O petróleo do pré-sal não é coisa para o seu mandato. Talvez não seja ainda, de modo significativo, nem para o próximo presidente. Mas a questão certamente rende dividendos eleitorais imediatos.
Deus está fora dessa jogada. Não se ocupa dessas besteiras. Não fosse assim, Ele certamente impediria Lula de criar uma nova estatal e de quebrar contratos. Sociedades assim terminam vítimas do capeta.