Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 02, 2008

MILLÔR

PATO MANCO E OUTROS BÍPEDES
Todo presidente americano em fim de mandato, como Bush, já sem poder, é chamado de Pato Manco. No Brasil, Lula, no seu segundo mandato, já de olho no terceiro, é um pavão que não se manca

ELOGIO DAS COMPETÊNCIAS RESTANTES

Cada programa de televisão, dizem, tem que pegar 10 milhões de assistentes. Como mínimo. O resto, menos de alguns pontos do Ibope, é não financiável. Pois nesse ponto com menos espectadores, o programa pode ter mais qualidade, a publicidade escasseia, desaparece. Então...

Quer dizer, tudo vira uma corrida pra ver quem faz pior. Soubemos até de uma mocinha, atriz, que tinha algumas pretensões, mas que foi colocada numa novela que ela não suportava. Conversa dela (que nós grampeamos) com outra atriz: "Julinha, qual é o diretor a quem eu tenho que dar pra sair dessa novela?".

Pois é. O mundo não foi feito pra competentes. Mesmo que apenas galera.

A humanidade – estatística minha tão válida quanto qualquer outra – é composta de 95% de debilóides da pátria. Sobram 5% – que podemos discutir. Você, claro, está entre esses. Que não estou aqui pra perder leitores.

Agora o lado otimista. Temos que admitir que uma pessoa em cada 1.000 nasce com qualidades de excelência e tem meios sociais de levar, desenvolver, essas qualidades ao seu ótimum. Temos então no mundo 6.000.000 (seis milhões) de pessoas extraordinárias por natureza, e preparadas por condições excepcionais. Fazendo coisas que nos embasbacam, nos deixam perplexos. Nas artes, na ciência, no esporte, na mais variada das sacanagens do bem. Exemplo da incrível revolução de nosso tempo, o chamado celular, invenção de um paraguaio especializado na Guarânia "Índia tus cabellos nos ombros caídos"...

Donde não se poder falar mal do cinema americano: "É tudo porcaria!". Todo ano tem quinhentas porcarias, e todo ano tem meia dúzia de obras-primas. Obras-primas que chegam também da França, da Austrália, e até do já citado Paraguai.

Mas voltando à televisão. Zipando com um zipador remoto você abre oitenta canais e o que vê nem chega a porcaria, é pior, é o vazio. Você volta aos mesmos canais em outro horário e o que vê é a mesma coisa repetida sob o lema: "Vale a pena ver de novo".

Mas mesmo a televisão de vez em quando nos surpreende com In Treatment (HBO), série com um Psicanalista e seus psicanalisados. Pena que em poucos capítulos, vi somente uns dez, a coisa já tinha desandado, virado propaganda, sem querer, contra a psicanálise e o senso comum. Até os atores, bons, se perdem. Pois na quase totalidade das vezes ficam estáticos, sentados, já que psicanálise é assim, como fazia seu precursor, que não conhecia o cinema – um fica sentado, com cara de sábio, de cientista, o outro fica deitado, semideitado – muito estático. Não chega a emocionar.

O curioso, nessa série, é que os psicanalisados ficam o tempo todo esculhambando o psicanalista. Um saudável babaca, que em absoluto não representa a classe (!).

A série exagera ainda um pouco mais no comportamento moderninho dos personagens. A mulher do psicanalista, entediada com o marido, mas muito bem-educada, comunica ao próprio que vai dar prum cara em Roma, durante uma semana. Tudo bem. Ela vai "procurar seu espaço", "dar um tempo", enquanto ele trabalha.

O psicanalista, por seu lado, fica apaixonado pela cliente Laura, doidinha pra ninguém botar defeito, que pra gato e sapato, a começar pelo aviador negro, também cliente do dr. Paul. Só não pro Dr. Paul.

A filha do psicanalista, chegada a uma macoquinha manera, cobra o comportamento do pai em relação à mãe. A mãe ela compreende. E por aí a coisa vai. Pra onde eu não sei. Invadiu-me o tédio. E me deu saudade do analista de Bagé, com seu eficientíssimo joelhaço.

P.S. O dr. House, a série House, é toda uma outra coisa. Um desvario bem feito. Falamos depois.

ENQUANTO ISSO, NO PAÍS DO GRAMPO...



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