Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, agosto 11, 2008

MEU DESAFIO A LULA, AOS PETISTAS E AO JORNALISMO VIGARISTA

Vocês acham que Daniel Dantas gosta mais de Diogo e de mim ou de Lula? Mais de nós dois ou do subjornalista achacador? Com poder de decisão, eu lhe daria um tombo de R$ 2 bilhões, vetando a fusão da Brasil Telecom com a Oi. Se o achacador decidisse, ele lhe daria a grana, já que passou de crítico a apoiador da fusão. É o chamado princípio da boca do caixa. Lula, que decide de fato, dará a bufunfa ao banqueiro. E seria eu a apoiar Dantas? Diogo? Ora, com os diabos!!! Por que não o atingem onde mais dói — na grana? Alguém já se ocupou de fazer essa pergunta?

Eu tenho uma hipótese: porque Dantas, já está claro, não seria o único a lucrar com a operação. Segundo a Polícia Federal, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh pediu US$ 260 milhões para tornar a operação viável. Acontece que Greenhalgh por Greenhalgh não existe. O que existe é o militante do PT. É isso o que ele é. O advogado só aceita o papel de vilão solitário porque é um militante. Deixa-se enxovalhar para preservar seu partido. E os petistas, muito corajosos, fugiram.

Quer dizer que eu, que defendo que se corte o leite de pata de R$ 2 bilhões para Dantas — e basta, para tanto, que se siga a lei —, sou suspeito, e os vagabundos que silenciam diante da operação são os moralistas? E aí vêm alguns leitores me cobrar que, sob o pretexto de caçar Dantas, eu condescenda com as transgressões ao estado de direito? Não! Mas “não” mesmo!!! Para botar o homem na cadeia, vale dar por normal o fim do sigilo telefônico, o triunfo da Republica dos Tarados? Pra cima de mim? Não! Eu teria de ser outro. Assim com sou, vão para o diabo os que ainda não entenderam a questão.

Cinqüenta e nove mil horas de gravação nesta operação ridícula, de nome igualmente ridículo: Satiagraha? Cinqüenta e nove mil? Com uma seleção bem feita de diálogos, transforma-se Cristo em bandido e bandido em Jesus Cristo. Se me deixarem gravar e editar os telefonemas de Lula por um ano, eu o transformo num intelectual superior a Paulo Coelho — que se acha um pouco acima de Antonio Candido (ver coluna do Diogo) — todos lhe imputávamos ambições maiores... Ah, Dantas não é o meu exemplo de Nazareno, está posto. Mas daí a transformá-lo no satã de plantão? É ridículo quando o governo está prestes a mudar uma lei só para tornar legal um negócio que o beneficia diretamente. Mais: negócio feito com empréstimo do BNDES, embora ainda seja ilegal.

Dantas como o bandidão, o terrível, o que está sempre pervertendo os inocentes, é uma fantasia infantil: coisa para trouxas. Bastaria um pouco de vergonha na cara ao governo para, vejam que coisa!, manter uma lei — em vez de promover uma escancarada mudança ad hoc. Ah, mas ele não preserva, não: vai mudar. Vai mudar porque todos eles ganham.

Não! Se depender de mim, os aloprados do direito achado na rua, da polícia achada no crime e do jornalismo achado na vigarice e no achaque não levam um milímetro das garantias democráticas. Nem que seja para prender o capeta. Porque a verdadeira arma contra o capeta é a democracia.

Fica o desafio a Lula: prove, presidente, que Vossa Excelência e seu partido são realmente adversários do terrível Daniel Dantas e vetem a fusão da Brasil Telecom com a Oi. Quero ver.

* Mas que fique claro, hein: ainda assim não lhes cederia licenças ditatoriais.

Arquivo do blog