Senador sob investigação
STF abre inquérito para apurar se
parlamentar usou doméstica em fraude
Wilson Dias/ABR |
LOBINHO Apesar de neófito, ele mostrou que tem talento para a coisa |
Como boa parte dos políticos, o senador Edison Lobão Filho, do PMDB do Maranhão, é um homem impetuoso. Suplente do senador Edison Lobão, ele assumiu o cargo quando o pai trocou o Senado pelo Ministério de Minas e Energia em janeiro passado – e, antes mesmo da posse, mostrou que tinha jeito para a coisa. Para manter a ficha limpa, ele usou a empregada doméstica Maria Lúcia Martins, analfabeta funcional, como "laranja" da distribuidora de bebidas Bemar, de sua propriedade. Com isso, livrou-se de uma grande encrenca com a Receita Federal, manteve seu prontuário limpo e, de quebra, ainda pendurou na conta da empregada uma dívida de 5,5 milhões de reais. A Polícia Federal constatou que as contas bancárias da empresa, que tinham a doméstica como titular, foram movimentadas através de falsas procurações. Mas, apesar de todas as evidências, Lobinho negou tudo. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito criminal contra ele. O Ministério Público Federal considerou robustas as provas de que o senador usou mesmo a doméstica para tentar ludibriar o Fisco e não pagar as dívidas. Ele agora está sendo formalmente investigado pelas acusações de falsidade ideológica, uso de documento falso e formação de quadrilha. Lobinho mostrou que, assim como muitos de seus colegas de Parlamento, tem mesmo talento para a coisa.