Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 23, 2008

FERNANDO RODRIGUES Brasília, Obama e McCain

BRASÍLIA - Em março último, Lula leu uma versão traduzida do discurso de Barack Obama sobre a questão racial. O presidente gostou.
Passou a recomendar o texto a quem ia ao seu gabinete: "Já leu o discurso do Obama? É muito bom".
Há uma torcida generalizada pela vitória do democrata Barack Obama entre os integrantes do alto escalão no governo federal.
É nítida a expressão de alegria de ministros e políticos ao se referirem à possibilidade de Obama derrotar John McCain. Quando, nesta semana, o republicano passou (na margem de erro) o democrata em uma pesquisa de opinião, nos corredores do Congresso ouviam-se frases como "os americanos são muito conservadores".
É difícil identificar por completo o DNA dessa percepção distorcida no Brasil sobre a política norte-americana -sobretudo na disputa eleitoral atual. Resquícios da ditadura militar (1964-1985) explicam em parte a implicância com os EUA e a torcida pelos democratas. No mais, sobra o senso comum, uma mescla de desinformação com preconceito barato. É compreensível a maioria dos brasileiros embarcarem nesse tipo de canoa.
O exótico nesse cenário são pessoas do alto escalão federal acreditarem numa mudança fenomenal nos EUA com a eleição de Obama, enquanto McCain seria apenas o continuísmo lúgubre da política belicosa fracassada de George W. Bush. Não ocorrerá, por óbvio, nem uma coisa nem outra.
Obama representará um avanço simbólico grande por ser negro.
McCain, por outro lado, é a síntese de uma ala republicana liberal, bem diferente dos últimos três presidentes do mesmo partido (Reagan, Bush pai e Bush filho).
Como os políticos brasileiros já não entendem muito do que se passa por aqui, seria demais esperar deles uma compreensão razoável da conjuntura eleitoral nos EUA.

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