Coisas da Política |
Jornal do Brasil |
6/8/2008 |
A FESTA VAI SER DA PESADA, garantem os chefões do Primeiro Comando da Capital, ou PCC, ou Partido do Crime. Na cadeia e fora dela, avisam os dirigentes da mais poderosa e mais brutal das quadrilhas surgidas no Brasil desde os tempos do Descobrimento. Além dos 15 mil militantes formalmente filiados ao partido, que se distribuem por todos os presídios paulistas e deliberam sobre o cotidiano de 150 mil sentenciados, 500 mil correligionários ou simpatizantes em liberdade e em ação nos bairros de São Paulo controlados pelo PCC estarão comemorando com gritos, rojões, eventualmente rajadas de metralhadora, o 15º aniversário da organização. Em 31 de agosto de 1993, oito delinqüentes reunidos no pátio da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté (podem chamá-la de "Piranhão" que ela atende) concluíram que, se sobravam facções dispostas a matar e morrer para impor-se às concorrentes, faltava às cadeias da maior cidade brasileira uma organização que efetivamente representasse os interesses dos engaiolados. "O PCC foi criado para combater as injustiças do sistema carcerário", prometia a certidão de nascimento. Fez muito mais do que isso, sabe-se hoje. Foi muito além do que ousou imaginar o mais otimista dos fundadores. "Fizemos uma revolução no sistema", orgulha-se Marcos Camacho, o Marcola, nº 1 na hierarquia do que prefere chamar de "Partido do Crime". Como toda revolução só se realiza com a conquista do poder, o PCC tratou de alcançá-lo pela via rápida: antes que o século terminasse, os líderes de todas as outras facções haviam sido liqüidados fisicamente. Os sobreviventes da guerra de extermínio acharam prudente engajar-se no exército vitorioso. Como toda revolução devora seus filhos, dos oito do "Piranhão" só José Felício, o Geleião, continua vivo. Ou semimorto: expulso do partido "por traição", é improvável que se anime a festejar o aniversário do partido que fundou. A saga de Geleião confirma que não se faz revolução sem impor a mais rígida disciplina aos "irmãos", como são chamados no PCC o que outros partidos chamam de "camaradas" ou "companheiros". Livre de inimigos, a direção do Partido do Crime aprovou em 2002 uma constituição bandida com 16 artigos. Geleião escorregou no trecho do 9º que adverte: "O Partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo e interesse pessoal. (...)". O uniforme de prisioneiro livrou o fundador em desgraça do risco de acabar enquadrado no artigo 9º: "Aquele que estiver em liberdade, bem estruturado, mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia, será condenado à morte sem perdão". A instituição da pena capital, aplicada várias vezes nas celas ou nas ruas, comprova que segue em bom ritmo, orientado por uma fórmula espantosamente heterodoxa, o processo de privatização do sistema carcerário. Os contribuintes pagam a conta. A administração das cadeias vai sendo assumida pelo PCC, que já cuida do calendário dos encontros amorosos, da qualidade da comida, dos confortos que até um serial killer merece. As autoridades do país oficial, ainda assombradas pela execução de juízes e agentes carcerários, ainda convalescendo dos atentados terroristas de maio de 2006, fingem que nem percebem. Sem vigilância, os soldados de Marcola cruzaram as fronteiras de São Paulo e agora agem em pelo menos outros cinco Estados. O partido está cada vez mais forte, por exemplo, em Mato Grosso do Sul, atestou no meio da semana a operação da Polícia Federal que impediu a decolagem da megaquadrilha concebida na cadeia de Campo Grande por Fer |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, agosto 06, 2008
Augusto Nunes- O PCC controla as cadeias privatizadas
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