Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, março 03, 2005

De olho na classe média Lucia Hippolito na CBN

"Parece que a opinião pública brasileira está finalmente despertando de um longo sono de Bela Adormecida.
Depois de agüentar calada o maior arrocho fiscal da história do país, a sociedade achou que a Medida Provisória 232, que aumenta para 40% o imposto dos prestadores de serviços, tinha sido a gota d’água.
Por mais que os burocratas do governo afirmem que estão fazendo justiça fiscal, toda gente sabe que prestadores de serviços vão muito além de médicos, advogados e dentistas.
Como é muito provável que os prestadores repassem este aumento brutal de imposto para os consumidores, aquela correção mínima de 10% na tabela do imposto de renda da classe média vai ser devorada pelos serviços, que ficarão mais caros.
Mas duas notícias mostraram que o abuso ainda não tinha atingido o ponto máximo. Primeiro, os senhores deputados pretendem aumentar seus próprios salários em 67%.
Segundo, depois de o presidente da República afirmar em público – num improviso, é claro – que os funcionários públicos brasileiros ganham muito mal, a equipe econômica desmentiu o presidente e anunciou que o aumento dos servidores este ano será de 0,1%. Isto mesmo: deputados querem ter aumento de 67%, enquanto servidores públicos receberão 0,1%.
Aí o pote entornou.
Desde o início da semana a Internet está sendo inundada por mensagens incentivando aqueles que possuem um computador a enviar protestos diretamente à Câmara dos Deputados, contra o que está sendo considerado uma bofetada na sociedade brasileira.
Manifestações diárias contra a MP 232 e protestos indignados também em várias cidades brasileiras contra o aumento salarial dos senhores deputados mobilizam a classe média.
Pode ser que uma opinião pública indignada não seja suficiente para impedir o governo de insistir no arrocho tributário nem para impedir os senhores deputados de se darem um aumento de 67%.
Afinal, o cidadão se sente muito pequeno e fraco diante da força dos poderes da República.
Mas uma coisa é certa: a classe média não está satisfeita. E foi esta mesma classe média que, cansada de oito anos de arrogância tucana, virou o jogo a favor de Lula na eleição de 2002."

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