O que muda na vida dos correntistas
com a fusão entre o Itaú e o Unibanco
Cíntia Borsato
Fotos Sergio Moraes/Reuters |
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A fusão do Itaú com o Unibanco, anunciada na segunda-feira 3 de novembro, não causa surpresa do ponto de vista da lógica econômica. Os bancos, assim como as grandes empresas do setor industrial, precisam unir-se para ganhar escala e enfrentar a competição. Com isso, o sistema financeiro do país fica mais robusto e saudável, uma virtude notável, sobretudo em períodos de crise internacional. Mas qual será o impacto sobre os clientes dos dois bancos? As contas serão unificadas? Quais tarifas vão valer? A seguir, perguntas e respostas sobre como o acordo entre Unibanco e Itaú afetará a vida dos correntistas.
Tenho conta nos dois bancos. Elas serão unificadas? Os dois bancos ainda não tomaram nenhuma decisão a respeito. A julgar por exemplos recentes, provavelmente sim. Foi o que ocorreu quando o Santander comprou o Banespa ou quando o Bradesco adquiriu o BCN. Já o Real, comprado pelo Santander no ano passado, ainda opera autonomamente. Mas a tendência é que, com o tempo, haja uma unificação das contas nos dois casos: Santander Real e Itaú Unibanco.
Tenho um pacote de benefícios em um dos bancos, como o de isenção de taxas. Será mantido? Em geral, esses benefícios são concessões do gerente de cada agência. Elas ficam fora de contratos e podem ser alteradas a qualquer momento. É diferente no caso de clientes corporativos, que negociam benefícios diretamente com o banco e cujos termos constam de contrato.
Tenho limite de 5 000 reais no cheque especial de um banco e outros 3 000 reais no cheque especial de outro. Os limites serão unificados? Ou vai valer o maior? Pelo histórico de outras fusões, quando a unificação das contas estiver concluída, o cliente deverá ter acesso apenas ao maior valor de crédito, ou seja, 5 000 reais – normalmente, o limite é dado pelo salário do correntista.
Tenho uma microempresa cujo limite de saque na linha de capital de giro é de 50.000 reais em um banco e de 30.000 reais no outro. Os limites serão somados? A lógica é a mesma do cheque especial: tende a valer o maior limite de crédito. No entanto, o espaço para negociação é um pouco maior no caso das pessoas jurídicas.
Tenho plano de previdência nos dois bancos. Serão fundidos? Planos de previdência são geridos por uma administração específica e seguem regras detalhadas sobre a política de investimentos. São contratos que precisam ser respeitados. O banco poderá fazer uma proposta de migração para um novo e único plano – desde que o cliente aceite.
Tenho seguro de vida nos dois bancos. Serão fundidos? O conceito é similar ao dos planos de previdência. Só pode haver alteração com a anuência do cliente.
O limite de depósitos assegurados pelo Fundo Garantidor de Créditos permanece o mesmo? Enquanto os bancos estiverem separados, o teto é de 60 000 reais em cada um. Depois da união, o limite será de apenas 60 000 reais.
Agências serão fechadas? Os donos do banco dizem que não haverá fechamento de agências, a não ser em casos muito específicos. Já a integração dos caixas eletrônicos deverá ser o primeiro indicador concreto da associação.
Tenho processo judicial contra um dos bancos. O que ocorre com esse processo? A nova instituição criada será sucessora das responsabilidades judiciais dos dois bancos.