Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 13, 2008

VEJA Carta ao leitor

Por que o Brasil resiste
Claudio Rossi
Campo modernizado Na economia globalizada não existem ilhas de tranqüilidade, mas o Brasil se blindou contra crises com estabilidade e uma agropecuária pujante

As manchetes de jornal da semana passada informavam que a crise financeira se aprofundou no mundo e que o PIB brasileiro cresceu 6,1% no segundo trimestre deste ano. Coisa rara ver essas duas notícias juntas, uma negativa vinda de fora e outra muito positiva gerada aqui dentro. Como explicar esse descasamento? Não é sorte, nem Deus é brasileiro. As manchetes de sinal trocado da semana passada são resultado de trabalho e de decisões corretas tomadas por pessoas, empresas e governos no Brasil nos últimos catorze anos. A relativa imunidade atual do Brasil à epidemia de pessimismo, desconfiança e fuga para a segurança do capital volátil no mundo é um evento extraordinário. O Brasil que pegava pneumonia a cada gripe dos centros financeiros mundiais não existe mais. Continua ilusório pensar que somos uma ilha de tranqüilidade cercada pelo mar da procela, mas é forçoso reconhecer que construímos defesas mais fortes do que as que tivemos no passado.

O que fizemos de certo? Entronizamos a estabilidade como patrimônio nacional. Modernizamos o campo. Consertamos o telhado enquanto o sol brilhava ao acumular reservas de mais de 200 bilhões de dólares. E, se não houve condições políticas de dar independência ao Banco Central, pelo menos houve sabedoria do presidente Lula em preservar a autonomia daquela instituição, descrita na semana passada como uma das mais respeitadas atualmente no mundo por Jim O’Neill, economista inglês criador da expressão Bric, a sigla que congrega os emergentes de primeira linha Brasil, Rússia, Índia e China. Com o controle da inflação, as políticas sociais do governo e a oferta de crédito, tiramos da pobreza mais de 20 milhões de pessoas, fortalecendo o mercado interno, esse clássico amortecedor de crises externas. O que fizemos até agora não é apenas positivo. É a prova de que podemos e devemos enfrentar com sucesso o muito que ainda há por fazer. Para citar duas das propostas do seminário "VEJA 40 Anos – O Brasil que Queremos Ser", a adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal pela União e o estabelecimento constitucional do teto anual de aumento de 1% para os gastos do governo.

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