Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 20, 2008

RGdoSul Os tucanos também têm sua caixinha

PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA

Assessores do governo gaúcho recebem 
complemento salarial de empresários


Alexandre Oltramari

Jefferson BernaRdes/Preview.com
PPP TUCANA A governadora Yeda Crusius: mais problemas à vista


Na semana passada, VEJA revelou que uma das alas mais radicais do PT, a Democracia Socialista, manteve um esquema ilegal de financiamento político no Rio Grande do Sul. A denúncia partiu de um ex-arrecadador petista, Paulo Roberto Salazar. Na última quinta-feira, em depoimento ao Ministério Público, ele confirmou ter recolhido dinheiro para a caixinha clandestina. Nos pampas, ao que parece, as caixinhas extrapolam as ideologias. Na gestão da tucana Yeda Crusius, por exemplo, há duas autoridades do governo que recorreram a um "por fora" básico para complementar os salários. Uma delas é Ronei Ferrigolo, presidente da estatal Procergs, a maior empresa de informática gaúcha. A outra é Erik Camarano, secretário-geral do governo. Pagamentos recebidos pelos dois, mas ocultos em seus holerites funcionais, têm tudo para se tornar a mais nova dor de cabeça da governadora Yeda Crusius.

O complemento salarial não envolve dinheiro público, mas nem por isso é menos grave. Foi, aparentemente, uma forma que os servidores encontraram para viabilizar financeiramente a participação no governo. Em abril de 2007, Erik Camarano foi convidado para trabalhar no gabinete da governadora. Na época, ele era executivo da ONG Pólo RS, patrocinada pelos maiores empresários gaúchos. Mas havia um problema: seu salário cairia de 20 000 para 6 120 reais. A solução foi receber um complemento salarial por meio de sua empresa de consultoria. "Entrei no governo e minha empresa continuou prestando consultoria à Pólo RS. Mas isso não era complemento", diz Camarano. A empresa, chamada Camarano & Sardelli, não tem sede nem empregados e funciona na residência do secretário. A pedido dele, os pagamentos mensais foram suspensos no mês passado, quando Camarano foi promovido a secretário-geral. Já Ronei Ferrigolo, presidente da Procergs, foi indicado pela Federasul, entidade que representa as associações comerciais gaúchas. Até o mês passado seu complemento salarial era de 15 000 reais mensais, pagos pela entidade que o indicou para o governo. O PSOL, que descobriu as PPPs da dupla há duas semanas, vai à Justiça. "Vamos denunciá-los por improbidade administrativa", diz a deputada federal Luciana Genro.

 

Fotos Mauro Mattos/Palácio Piratini e Jefferson BernaRdes/Palácio Piratini
RENDA MÍNIMA O presidente da Procergs, Ronei Ferrigolo (à esq.), e o secretário Erik Camarano: remuneração "por fora"

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