Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 06, 2008

Internet O novo navegador do Google

Debaixo do capô do Chrome

As invisíveis engrenagens do navegador do Google, 
criado para concorrer com o Explorer, da Microsoft, 
e que atraiu 6,5 milhões de usuários em 24 horas


Carlos Rydlewski


MULTIPROCESSO
O navegador cria um processo específico para cada página aberta na internet. Isso evita que a lentidão em um site (por exemplo, no YouTube) afete o desempenho de outras páginas com mapas, e-mails... O sistema é chamado de multiprocessador.

A internet nunca foi estável, mas agora passa por um processo de metamorfose mais acelerado. A rede já não se resume a um gigantesco arquivo ou a uma máquina planetária de comunicação. Hoje, abriga um crescente número de programas que podem ser acessados remotamente pelos usuários. São softwares como editores de texto, planilhas para cálculos e serviços de e-mail. Poucos anos atrás, esse tipo de ferramenta funcionava somente quando instalado na memória dos computadores. Paralelamente, aumenta o volume de dados que circula pela web. Estimativa da consultoria americana TeleGeography aponta um crescimento anual de 50% no fluxo global de informações. Nas conexões entre os Estados Unidos e a América Latina esse número supera a marca de 100%. A conseqüência direta dessas mudanças é o surgimento de ferramentas que tentam se adequar à nova realidade do mundo digital. Na semana passada, foi a vez de o líder do mercado de buscas, o Google, lançar em mais de 100 países, com versões em 43 línguas, um navegador próprio, o Chrome.

JAVA, MAS NÃO A ILHA
Testes indicam que o Chrome é o navegador mais rápido da web. Algo perceptível na apresentação de vídeos (foto acima). Para obter esse desempenho, os técnicos alteraram o motor do JavaScript (uma linguagem de programação). Esse mecanismo lê os códigos das áreas de processamento intensivo dos sites.

Ele teve uma acolhida espetacular. Em 24 horas, foram feitos 6,5 milhões de downloads gratuitos. Nesse espaço de tempo, o produto alcançou uma participação de 2,7% no mercado de browsers. Ao longo da semana, porém, o ritmo de adesões diminuiu. Estabilizou-se em 10 milhões. O navegador do Google é minimalista na aparência – mas só na aparência. Sob o capô estão engrenagens digitais que chamam atenção. Tecnicamente, é muito leve. Consegue funcionar com eficiência ao usar linhas de código computacional mais econômicas – à semelhança do texto de um bom escritor, que em poucas palavras descreve uma cena, um personagem ou uma paisagem.

O Chrome gerencia as páginas na internet de maneira mais racional. Os browsers mais utilizados, como o dominante Explorer, da Microsoft, exigem muito dos processadores dos PCs, quando o usuário abre sites em "abas" diferentes. Uma fica na tela e as demais, à espera de um clique. Isso, obviamente, afeta a velocidade dos processos. O Chrome privilegia a aba ativa, e as ações requeridas para as outras passam a estar em segundo plano. Imagine-se lendo um jornal. Toda a sua atenção é dedicada à página lida naquele momento, não é isso? É essa escolha simples e racional de recursos que só o Chrome faz. Mas nenhuma novidade dura mais que um mês no concorrido mundo dos navegadores da web.

VIGILÂNCIA?
Os navegadores guardam o histórico dos sites visitados na web. Esses dados são valiosos e servem para definir um perfil do usuário na rede. Com base nessas informações, o Chrome sugere endereços assim que uma pessoa começa a digitar uma palavra na barra superior do sistema.

Outra peça de destaque do browser do Google é uma barra na qual se escreve o endereço do site que se deseja visitar. Quando se digitam poucas letras – duas ou três –, o Chrome oferece sugestões de sites. Faz isso com base nas escolhas pregressas do usuário. Ele aprende. Exemplo: um engenheiro aeronáutico, ao teclar a palavra "vôo", terá mais chance de ser endereçado rapidamente a um site técnico do que ao de uma companhia aérea. Essa e outras informações sobre os hábitos de navegação dos usuários se tornam úteis também para os negócios do próprio Google. O conjunto desses históricos de navegação é um dos bens mais valiosos da internet. Esse conhecimento permite a construção de serviços e anúncios talhados para grupos específicos de pessoas. Apesar dessas engrenagens, desbancar o Explorer, da Microsoft, que domina 70% do setor, é um objetivo difícil para o Chrome. Mas, tratando-se do Google, toda metamorfose é possível.

 

Este, sim, é inovador


O Firefox 3, da Fundação Mozilla, é o navegador com maior número de inovações. A versão lançada em junho teve 8,4 milhões de downloads em um dia. Além de rápido, o Firefox 3 tem complementos fantásticos como o Cooliris (ex-PicLens), que apresenta imagens da internet em um painel virtual (foto acima). O Ubiquity permite o acesso rápido a mapas ou a vídeos associados a qualquer palavra digitada num texto. Ele corta etapas na navegação.

 

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