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1/8/2008 |
Ao visitar a Argentina na segunda-feira, o presidente Lula talvez não seja recepcionado na Casa Rosada de forma tão efusiva quanto nos tempos em que o discurso comum era o da consolidação de um bloco unido sul-americano, na resistência contra os interesses "imperialistas" do Norte. Desde a posse de Lula em 2003, a política externa brasileira mudou de rumo, abandonando o curso internacionalista que seguia, para ressuscitar a visão míope de um mundo dividido pelo choque de interesses entre ricos (Norte) e pobres (Sul). A expressão mais concreta desse terceiro-mundismo anacrônico foi a diplomacia comercial seguida, espera-se, até sexta-feira passada, quando, enfim, o Itamaraty emitiu sinais de ter se curvado à realidade: a de que a divisão geopolítica e econômica do mundo no século XXI é muito diferente daquela das décadas de 60 e 70. O presidente Lula fará bem em reparar danos causados no relacionamento com a Argentina e demais parceiros no Mercosul por causa da correta decisão brasileira de aceitar a proposta de acordo na Rodada de Doha, o que o colocou do mesmo lado dos Estados Unidos e da União Européia. Reconhecer a necessidade de lutar pelos próprios interesses não significa que o Brasil precise descartar o Mercosul e demais aliados latino-americanos. A complexidade do mundo globalizado é incapaz de ser decifrada pela ótica das cartilhas de correntes ideológicas. Se o Brasil entendeu o G-20 como uma frente sólida que representaria o Sul contra o Norte, equivocou-se. Parece ter escapado a alguns formuladores de política externa no Planalto e no Itamaraty que a Índia e a China estariam ao lado do Brasil enquanto o objetivo fosse cortar subsídios e tarifas que protegem a agricultura americana e européia. Quando a questão fosse reduzir barreiras nas suas próprias economias, o que também interessa ao Brasil, saltariam do bloco e boicotariam Doha. Foi o que fizeram. Também era e continua a ser inimaginável que a Casa Rosada concorde, sem resistir, que uma economia do porte e em crise como a argentina seja exposta à concorrência externa nos setores industrial e de serviços, como tem condições de fazer o Brasil. Ruiu com o desfecho do encontro de Genebra a visão maniqueísta de Brasília dos "parceiros estratégicos" definidos por simpatias ideológicas. A frase óbvia e surrada deve ser lembrada: países têm interesses, apenas. O que não quer dizer que não possam buscar e chegar a pontos comuns, mais ainda num mundo interdependente. A louvável postura assumida pelo chanceler Celso Amorim na Rodada de Doha implica o Itamaraty exercitar a autocrítica e, por exemplo, reconhecer o erro cometido ao não ser firme com a Bolívia de Evo Morales, manipulado pelo venezuelano Chávez a fim de criar problemas para o Brasil de Lula, seu concorrente a líder regional. E também rever a idéia suicida de patrocinar a entrada da Venezuela chavista no Mercosul, com o que o bloco não fechará qualquer acordo bilateral, o único possível hoje na era pós-Doha. O Itamaraty terá novo teste com a posse, em breve, de Fernando Lugo na Presidência do Paraguai. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, agosto 01, 2008
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