O Estado de S. Paulo |
22/8/2008 |
Mas, afinal, de onde virá o dinheiro do investimento para retirar o petróleo das entranhas do pré-sal? Para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, não faz sentido aumentar o capital da Petrobrás em US$ 100 bilhões, conforme defende o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli. Lobão argumenta que o Tesouro poderia subscrever o que lhe cabe com reservas de petróleo, mas o acionista minoritário também compareceria com sua parte e, nessas condições, o Tesouro não aumentaria sua participação no capital, que é o que se pretende. Mas é difícil que o ministro tenha razão. Em primeiro lugar porque aumentar em US$ 100 bilhões o capital da Petrobrás exigiria triplicar o valor atual, de cerca de US$ 50 bilhões. Como é praticamente impossível aumentar o lucro anual da Petrobrás para além dos US$ 20 bilhões, segue-se que o retorno do investimento poderia ser percebido como baixo demais e o acionista minoritário se desinteressaria pela subscrição, abrindo espaço para o sucesso da proposta de Gabrielli, que quer mais Tesouro no patrimônio da empresa. Em segundo lugar, a idéia do aumento do capital da Petrobrás é apenas um jeito de responder à objeção de que cerca de 68% do seu capital pertence a acionistas privados e que, nessas condições, não convém deixar que ela explore um bem da União (o petróleo pré-sal), cujos resultados acabarão beneficiando os acionistas minoritários privados. Enfim, a proposta da triplicação do capital da Petrobrás, que se faria majoritariamente por meio de transferência de reservas físicas de petróleo da União, não resolveria o problema de fundo, que é prover recursos em dinheiro para garantir os investimentos na área. Na falta de números melhores, convém trabalhar com os da União de Bancos Suíços (UBS), tal como já citados pelo economista Ilan Goldfajn: serão necessários investimentos de US$ 600 bilhões para retirar 50 bilhões de barris de petróleo do pré-sal, o que dá US$ 12 por barril a ser produzido. Apenas para explorar Tupi, a Petrobrás já encomendou 20 sondas e terá de correr atrás de outras 28 a um custo unitário que varia entre US$ 700 milhões e US$ 1 bilhão. Cada plataforma não sai por menos de US$ 1,5 bilhão. Serão necessárias entre 5 e 10. As jazidas estão a mais de 6 mil metros de profundidade (a partir do nível do mar) e a mais de 200 quilômetros da costa. É preciso prover navios, oleodutos, gasodutos e tudo o que vem junto. Não basta criar uma estatal para organizar contratos de exploração no regime de repartição com grandes empresas internacionais de petróleo. Mesmo entre elas, são poucas as que dispõem de tecnologia para retirar riqueza a essas profundidades. E não basta decretar que ela será proprietária da produção futura. Isso, por si só, não garante investimento em dinheiro vivo. Alguém da Comissão Interministerial disse que, no estado em que está hoje, cada barril do pré-sal vale entre US$ 5 e US$ 15 e que, com base nisso, é possível adiantar recursos externos. Mas não dá para esquecer de que o levantamento de recursos, ainda que lastreados nesse ativo, implicaria aumento da dívida externa. Ou seja, a questão do investimento está longe de estar equacionada.
Repique - Em apenas três dias, os preços do petróleo saltaram 7,3% em Nova York. Bastou o dólar fraquejar ante o euro e os Estados Unidos fecharem acordo com a Polônia sobre os mísseis. Não dá para apostar firme na baixa das commodities. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, agosto 22, 2008
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