- O Estado de S.Paulo
Com as tensões nos Estados Unidos e na Europa, um fato importante passou quase desapercebido, o PIB da China, a segunda maior economia mundial, cresceu 9,5% no segundo trimestre comparado com o ano anterior. Apesar dos esforços do governo que reduziu a liquidez no sistema financeiro, não houve o desaquecimento que todos esperavam. A previsão de uma desaceleração lenta para 7% ou 8% não se confirmou. O fato é que a economia chinesa continua flertando com 10%. O governo enfrenta o duplo desafio de estimular o consumo interno, melhorando o padrão de vida dos chineses, e, ao mesmo tempo, conter a inflação que já está em 6,5% com tendência de alta.
China faz e desfaz. O povo se alimenta melhor, mas paga mais caro. Pela primeira vez na história, ousa o impensável há alguns meses: fazer greves e protestar. É uma inflação quase toda concentrada nos alimentos, a maior parte importada a preços altos. E isso não porque não é só a própria demanda interna que pressiona a inflação, é o aumento dos preços dos alimentos importados, provocado pelo yuan valorizado em 5,5% em 13 meses em relação ao dólar, desde que o governo deixou a moeda flutuar, sob seu controle. É um dilema.
Ou seja, a China continua crescendo mais, consumindo mais, exportando mais porém enfrentando mais inflação que gera tensões sociais já sentidas nos salários e nos custos. Uma saída seria desvalorizar o yuan, o que o governo rejeita alegando que isso prejudicaria suas exportações já enfrentando custos mais elevados.
Mas o problema é deles! Não, não é só da China. É de todos, é nosso também. Um crescimento de 9% do PIB chinês se reflete em mais importação de commodities agrícolas para alimentar sua imensa população ainda na miséria. Soja, carne de todos os tipos, grãos. Isso explica em parte a alta dos preços das commodities, 37% em 12 meses.
É um duplo contagio. O Brasil se beneficia. Só no primeiro trimestre exportou US$ 13 bilhões para a Ásia, mas sofre também com o desvio de produção agrícola para o exterior e com a contaminação interna dos preços internacionais. Um exemplo é o açúcar, que a China vem comprando e estocando em enorme quantidade, desviando da produção interna de álcool e elevando os preços nos postos. Já se prevê que até poderemos vir a "importar" este ano. Não seria surpresa se estivermos comprando dos Estados Unidos etanol caríssimo fabricado com milho, soja e até mesmo trigo, aquele mesmo contra o qual tanto lutamos porque é altamente subsidiado. Já circulam notícias de produtores fechando contratos futuros para a importação de etanol que estiver disponível no mercado mundial. Um problema que o governo ainda não conseguiu resolver.
Mesmo assim, o balanço é positivo. A economia mundial estaria em situação pior se o governo chinês tivesse acertado e trazido o crescimento do PIB para 7%. O pífio PIB mundial ficaria bem abaixo de 4%. Talvez 3,5% para os otimistas e 3% para os pessimistas. O mundo precisa da China, que é a segunda economia mundial. E ela está correspondendo. Os resultados positivos superam de longe os negativos.
E nós, o que fazer? Ora, todos sabem, principalmente a equipe econômica. Criar condições para competir onde houver opções favoráveis, fazer associações para trazer investimentos e tecnologia. As importações da China estão deslocando parte da indústria nacional, mas os chineses estão importando cada vez mais aquilo que sabemos fazer: produtos agropecuários, que estão salvando a economia nacional com safras e exportações recordes. Só no primeiro semestre, US$ 43 bilhões, 23% a mais que no mesmo período do ano anterior. É dar condições a indústria não tanto para competir lá fora, uma luta ainda inglória, mas deixar de perder espaço no mercado interno.
O governo deverá anunciar no dia 2 o seu novo programa para aumentar a competitividade das empresas nacionais. Agora, é esperar os resultados que devem vir a médio prazo e continuar enfrentando a curto prazo os desafios que a China apresenta ao mundo. Que ela continue crescendo e os outros que cuidem do resto.
Entrevista:O Estado inteligente
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