- 28/07/11
Que a Fifa, o órgão máximo do futebol mundial, tenha lá suas manias e exigências, para assegurar o maior brilho possível aos eventos que organiza, até se entende, pois ela vive do espetáculo - algumas vezes nada edificante, como os recentes casos de suborno durante o processo de eleição de sua direção. O que não se pode aceitar é que, numa demonstração de subserviência à Fifa, as autoridades brasileiras se rendam a quaisquer de suas exigências, impondo transtornos à população que nada tem a ver com os interesses em jogo na organização da Copa de 2014.
É absurda a decisão do governo de, a pedido do Comitê Organizador Local da Copa - que, por sua vez, atendia à reivindicação da Fifa -, suspender todas as operações no Aeroporto Santos-Dumont, durante quatro horas, para não prejudicar a festança organizada pelos cartolas nacionais e internacionais na Marina da Glória, na área central do Rio de Janeiro, durante a qual serão sorteados os grupos das eliminatórias para a Copa de 2014.
Mais de 40 voos programados para o período das 14 às 18 horas de sábado serão removidos do Santos-Dumont, um dos aeroportos mais movimentados do País, para o Galeão, afetando a vida dos passageiros que pretendiam se valer da comodidade da utilização de um aeroporto central. Antes de começar, a Copa já causa incômodos ao público, no que pode ser um prenúncio do que ocorrerá quando de sua realização daqui a três anos.
E por que tudo isso? Aviões fazem barulho, descobriram os organizadores da grande festa do sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa. Por isso, melhor que eles não sobrevoem a área da Marina da Glória - que fica na rota dos voos que utilizam o Aeroporto Santos-Dumont - pouco antes, durante e pouco depois da realização da festança da cartolagem.
No palco montado no centro de uma estrutura que tem ainda um salão de festas de 7.600 metros quadrados, mais salas de imprensa e de logística, vão se apresentar artistas como Ivan Lins, Ana Carolina e Ivete Sangalo e ídolos do esporte como Zagallo, Neymar, Ronaldo e Zico. Serão vários sorteios, cada um para uma região do planeta, intercalados com espetáculos musicais.
Os cartolas alegam também que os aviões poderiam afetar os equipamentos de transmissão da festança, que será transmitida para 200 países, com expectativa de uma audiência de 500 milhões de pessoas. É o caso de perguntar: se sabiam disso, por que escolheram para sua realização um local exatamente numa das rotas aéreas de maior movimento no País?
A suspensão das operações no Aeroporto Santos-Dumont por quatro horas não é o único ônus que a Copa, cuja realização ainda é motivo de dúvida, já impõe aos brasileiros. Há outro, de natureza financeira, que começa a pesar no bolso dos contribuintes - e pesará ainda mais, se as obras programadas para os estádios e para a infraestrutura urbana e de transportes, sobretudo nos aeroportos, avançarem de acordo com seus cronogramas, o que até agora não ocorreu.
A festança de sábado será paga com dinheiro público. O custo de R$ 30 milhões será inteiramente bancado pelo governo do Estado do Rio e pela prefeitura do Rio de Janeiro, também por exigência da Fifa, como justificou a diretora executiva do Comitê Organizador Local, Joana Havelange.
Políticos e cartolas, nacionais e estrangeiros, terão destaque na festa e dela certamente auferirão ganhos pessoais. Também as empresas incumbidas da organização e realização das diferentes etapas do sorteio serão favorecidas. Mas nenhum benefício terá o contribuinte com esse esbanjamento do dinheiro público.
Naquilo que a aplicação dos recursos públicos decidida com o objetivo de assegurar a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016 poderia resultar em ganhos para a população, como as obras de infraestrutura, está tudo atrasado. O caso mais notório é do sistema aeroportuário, já saturado, mas com obras de reforma e ampliação muito atrasadas. A suspensão das operações no Aeroporto Santos-Dumont piora o que já é ruim.
Entrevista:O Estado inteligente
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