Folha de S Pauo
Ala extremista do Partido Republicano dos EUA quer dar um golpe político-fiscal no governo Barack Obama
SUPONHA-SE que a hipótese de calote do governo dos Estados Unidos não venha a passar de um delírio da direita americana. Que o Congresso eleve o teto do endividamento do governo, que poderá pagar as contas.
Tudo não terá passado então de um momento caricato e sem consequências da história americana, um surto demencial da direita?
Parece que não. O curto verão da anarquia do Tea Party, a direita louca do Partido Republicano, tem raízes mais profundas e terá efeitos imediatos na economia.
Os republicanos chantageiam Barack Obama. Só elevam o teto da dívida federal se houver redução de deficit sem aumento de impostos. Em parte da liderança e no médio escalão republicanos, isso é só mais um modo de fritar Obama e marcar posição para a eleição de 2012.
Mas os republicanos "baixo-clero" querem mesmo botar fogo no circo. Calote. Em suma, querem dar um golpe "político-fiscal" a fim de reduzir o tamanho do Estado. A maioria desse pessoal é do Tea Party.
Além do mais, como diz Paul Krugman, Nobel de economia e democrata, desde Bill Clinton a direita americana deixou de aceitar que governos democratas são legítimos.
O Tea Party não é um raio num dia de céu azul. É resultado de um movimento popular algo xenófobo, antielitista e contra o "Estado grande". Em parte deriva da degradação da classe média dos EUA, onde a desigualdade cresce e a renda mediana estagnou faz década.
Mas o que é "Estado grande" nos EUA? A receita federal é 14,4% do PIB ""a do governo federal brasileiro é 24% do PIB (de uns 20% do PIB, descontados os repasses a Estados e municípios). A despesa é de 25,3% do PIB ""deficit de 10,9% do PIB.
Uns 24% da receita vão para gastos militares e de segurança. Uns 19,5% , para seguridade social (aposentadorias). Assistência médica para muito pobres e idosos leva outros 19,5%. Outros gastos obrigatórios (salários, "fome zero" e seguro-desemprego) levam 18,5%. Para os juros da dívida pública vão 5,5%.
Logo, sem corte de gastos militares, tende a sobrar para a saúde de deserdados e outros gastos sociais.
De onde veio o deficit? George Bush, filho (2001-2008) acabou com os superavit da era Bill Clinton via aumento de gastos em guerras e redução de impostos para ricos. Em 2007, o ano anterior à crise, o deficit era de 1,2% do PIB. Foi a 3,2% do PIB em 2008; a 9,9% do PIB em 2009. Mais de metade do deficit veio da queda da receita (de 18,5% do PIB em 2007 para 14,5% em 2009) e de gastos antirrecessão. Falta, pois, crescer: mais PIB e receita.
No curto prazo, não há bomba fiscal nos EUA, que aliás podem se financiar com juro anual de 3% (para títulos de dez anos). O país não cresce agora em parte devido ao endividamento das famílias e da reticência do investimento privado.
A chantagem republicana vai levar Obama mais para a direita. Vai tolher sua capacidade de reanimar a economia. A queda do estímulo fiscal e o fim do estímulo monetário farão com que os EUA cresçam menos, pois o gasto privado é tímido.
O conservadorismo de Obama até aqui já havia minado a base popular e jovem de sua campanha, a grande novidade de 2008; seu apoio entre "democratas autênticos" vai diminuir mais. O Tea Party floresce.
No curto prazo, esse é o resultado do verão da anarquia direitista.
Entrevista:O Estado inteligente
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