A gente não esperava de início grande novidade do governo Dilma Rousseff, pois a presidente brotou de uma costela do governo Lula.
Mais que uma obra aberta, seu governo de dois meses é um papel em branco. Mas a falta de um programa estrito ou estreito pode ser um problema, pois espaçoso é o caminho que conduz à perdição.
Dilma pode inventar o seu programa pelo caminho, à maneira de Lula, "ortodoxo" na economia por falta de opção e enquanto Antonio Palocci esteve no comando; com ganas de "desenvolvimentismo" depois disso, "desenvolvimentismo" acidental, que emplacou mesmo com a abertura das porteiras ideológicas, financeiras e do gasto federal, abertas pela crise de 2011.
Pelo benefício da dúvida, suponha-se que o governo seja de continuidade continuísta. Ainda assim, há problemas novos. De mais óbvio, há inflação desconfortável. Dos observadores rotineiros da política econômica, ouve-se um baixo contínuo de irritação em resposta à desorientação sobre juros e gastos.
A política econômica tem ficado "abaixo das expectativas" no dizer do pessoal da consultoria MB Associados, uma das mais certeiras da praça. "Os dois alicerces da política macroeconômica, a monetária e a fiscal, estão sub judice: ainda parecem mais expansionistas do que contracionistas", continua o relatório, datado de sexta-feira passada.
"O comportamento passivo do governo na política econômica terá desdobramentos nas variáveis macroeconômicas para os próximos anos. E aqui a palavra "passivo" é essencial para entender este governo. Isso poderá significar duas coisas: reações atrasadas e/ou erradas", diz o texto da MB, assinado por Sérgio Vale. Tal opinião é meio comum.
Empresários e executivos da grande empresa estão mais quietos e/ou felizes, decerto, afora os avariados pelo câmbio. Mas a maioria dos empresários, até por formação e deformação profissional, é mais orientada pelo presente, e o presente tem sido de lucros gordíssimos.
Mas economia não é tudo.
O que Dilma pretende fazer da segurança? O assunto está meio caído, pois o crime caiu, graças à economia melhor e a um trabalho melhor de secretarias de Segurança, no Rio e em São Paulo, ao menos. Mas as fronteiras ainda são uma peneira para armas e drogas, para nem falar de contrabando.
O que fará da educação? É um assunto estadual e municipal, na maior parte. Além de exames nacionais cheios de problemas, o que mais? Fazer algo dá trabalho, como conversar com os Estados e cidades sobre melhorias nos currículos e padrões de aula, por exemplo. Mas, sem mexer nisso, a coisa não vai.
O que fará das universidades? Não se ouve palavra sobre o assunto, um tema de ponta para a economia e a civilização do país.
O que fará da ciência, além do talho bárbaro na verba do ministério?
O que fará da guerra fiscal, cada vez mais louca, com Estados sabotando abertamente a indústria nacional? Reforma tributária ampla não sai, pois o governo federal precisa ter dinheiro para tanto, e não o terá tão cedo. É preciso conversa trabalhosa com os Estados.
O que fará para diminuir a confusão e a inoperância em concessões, em privatizações e em grandes obras da infraestrutura mambembe (estradas, aeroportos, energia etc.)?
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Entrevista:O Estado inteligente
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