O GLOBO - 29/08/10
Dada como perdida a eleição presidencial, a tentativa da oposição agora é não desmobilizar as campanhas regionais e resistir ao verdadeiro tsunami governista que vem tomando conta do país, subvertendo a geografia do voto com base na popularidade do presidente Lula.
Com a reviravolta da corrida pelo governo de Minas, com o candidato do ex-governador Aécio Neves tomando a dianteira, a oposição vai garantindo a manutenção do poder nos dois maiores colégios eleitorais do país.
Embora seja pouco provável que o presidente Lula se empenhe na defesa da candidatura de Hélio Costa em Minas, é certo que em São Paulo ele aumentará sua ação política para tentar uma reversão que leve a eleição para o segundo turno.
É em São Paulo que está o centro da disputa pela hegemonia do poder político nacional entre PT e PSDB, e a vitória da candidata Dilma Rousseff sobre o tucano José Serra é um indício de que o PT encontra um ambiente político propício para tentar quebrar o domínio de 16 anos do PSDB no governo estadual.
O crescimento de Mercadante, mesmo que tenha se dado mais sobre os votos do candidato do PP Celso Russomano, deve estimular ações mais agressivas por parte de Lula, que está se empenhando pessoalmente em alguns estados até mesmo na disputa pelo Senado.
Serra está tendo um desempenho na corrida presidencial mais próximo do que teve em 2002, quando perdeu em São Paulo e venceu apenas em um estado, Alagoas, obtendo 23,5% dos votos, do que do de Geraldo Alckmin em 2006, quando o então candidato tucano fechou o primeiro turno com 43% dos votos, tendo derrotado Lula em São Paulo por 3.800 milhões de votos.
Ambos foram para o segundo turno com poucas chances de vitória sobre Lula, e perderam pela mesma diferença: 61% a 39% dos votos válidos.
Não por coincidência, a mesma proporção que a candidata Dilma Rousseff vai abrindo sobre Serra já nesse primeiro turno, o que mostra que a antecipação da disputa prevista por Lula está se concretizando.
Mais grave para Serra é que os 40% de votos válidos que parecem ser o teto dos eleitores oposicionistas terão que ser divididos com a candidata do Partido Verde, Marina Silva, que vem tendo cerca de 10% dos votos válidos.
A disputa eleitoral passa a ser em torno dos nichos de voto oposicionistas nos tradicionais estados "azuis", como São Paulo e Minas Gerais, cujo controle político será vital para que a oposição tenha voz num futuro governo Dilma.
Mas também em torno do Senado, onde está em disputa o controle de uma bancada que, até o momento, é o principal freio às investidas do governo federal.
Embora tenha uma maioria teórica nas duas Casas do Congresso, foi no Senado que o governo Lula encontrou maiores resistências, devido não apenas à atuação da oposição como ao posicionamento de senadores independentes.
Uma avaliação mais realista da correlação de forças partidárias num provável governo Dilma, portanto, depende desses dois fatores que darão a medida do nível de fragilidade da atuação da oposição.
Uma eleição de Antonio Anastasia como está se desenhando reafirmará a posição do ex-governador Aécio Neves como principal expoente da oposição no país, mesmo que Alckmin confirme sua hegemonia em São Paulo.
O mais importante estado onde a oposição vence, fora do sudeste, é o Paraná, onde Beto Richa tem possibilidade de vencer no primeiro turno. As vitórias de Marconi Perillo em Goiás e do peemedebista dissidente André Puccinelli no Mato Grosso do Sul serão importantes para garantir a influência política da oposição no CentroOeste do país.
A composição do Senado por enquanto está garantindo a permanência de oposicionistas de peso, que Lula gostaria de derrotar, como Tasso Jereissatti no Ceará, Artur Virgílio no Amazonas, e dos democratas José Agripino Maia no Rio Grande do Norte, Marco Maciel em Pernambuco, Demóstenes Torres em Goiás e Cesar Maia no Rio.
Há ainda eleições prováveis, como a de Germano Rigotto, do PMDB antipetista do Rio Grande do Sul, Itamar Franco, do PPS de Minas, e Cristovam, Buarque, do PDT de Brasília.
Algumas vagas estão em disputa acirrada e a partir delas se poderá ter uma idéia de como ficarão as bancadas no Senado. Em São Paulo, a petista Marta Suplicy permanece em primeiro lugar e dois candidatos disputam a segunda vaga: Orestes Quércia, do PMDB dissidente, e Netinho, pelo PCdoB.
Em Brasília, a tucana Maria Abadia está empatada tecnicamente com Rodrigo Rollemberg do PSB; no Rio de Janeiro, o bispo Marcelo Crivella está despencando, embora permaneça na primeira posição, e Lindberg Farias, do PT, e Jorge Picciani, do PMDB, estão crescendo, mas continuam longe de Cesar Maia, que apresenta estabilidade de votação.
Em Pernambuco, o presidente Lula decidiu fazer campanha contra o ex-vice de FH, Marco Maciel, para apoiar Armando Monteiro, do PTB, que está crescendo na disputa pela segunda vaga.
Dependendo da correlação de forças, é possível que o PSB tente uma aproximação com o PSDB para dar ao governo uma alternativa para equilibrar o poder que terá o PMDB, fazendo as maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado.
Aécio Neves pode ser o centro numa aliança PSB, PT, PSDB, que já foi tentada em Belo Horizonte na eleição do prefeito Marcio Lacerda.
Na ocasião o PT vetou essa aproximação, mas diante do aumento de poder do PMDB é possível que reveja essa posição.
Este é um processo ainda em curso, faltando pouco mais de um mês para a eleição, e está sujeito a reviravoltas devido à onda governista que está assolando o país do Oiapoque ao Chuí, para usarmos a imagem inaugural da propaganda da candidatura oficial.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
agosto
(290)
- ARNALDO JABOR A volta do bode preto da velha esquerda
- Festa na véspera Miriam Leitão
- Disputa por espaço Merval Pereira
- DESORDEM PANDÊMICA Mario Cesar Flores
- Areia nos olhos do público EDITORIAL O Estado de S...
- Inépcia ou dolo - Dora Kramer
- O Brasil deles é melhor : Carlos Alberto Sardenberg
- Hermenêutica ideológica : Denis Lerrer Rosenfield
- Perdas e ganhos - Suely Caldas
- EUA reagem e sobra para nós - Alberto Tamer
- As limitações do biodiesel Celso Ming
- FERREIRA GULLAR Revolução na favela
- DANUZA LEÃO Só pra saber
- Nelson Motta Paixões perigosas
- Editoriais
- Maciel, Jarbas e Raul rebatem o presidente
- Usurpação de cidadania Dora Kramer
- Poço sem fundo Miriam Leitão
- O DIREITO AO RISO Gaudêncio Torquato
- Tsunami governista Merval Pereira
- Una derrota en todos los frentes Por Joaquín Moral...
- MARIANO GRONDONA La crisis del relato setentista
- DENTADURA, SAPATO OU EMPREGO João Ubaldo Ribeiro
- A riqueza do mundo LYA LUFT
- O DESCONSOLO DA PERDA BETTY MILAN
- Sem perdão J. R. Guzzo
- REAPRENDER A ROMPER A MORDAÇA Mauro Chaves
- Chega de queimadas Miriam Leitão
- MERVAL PEREIRA Pela causa
- UM LEGADO EXPLOSIVO EDITORIAL O ESTADO DE SÃO PAULO
- A guerra do México e o Brasil :: Clóvis Rossi
- Um princípio na defesa da democracia – Editorial /...
- Uma lição prática de economia :: Luiz Carlos Mendo...
- Aparelhamento desafia o Estado – Editorial / O Globo
- Só para lembrar
- Motor ou freio Miriam Leitão
- Um ou dois murrinhos LUIZ GARCIA
- O crime continuado do PT EDITORIAL O ESTADO DE SÃO...
- Sonho verde Merval Pereira
- Editoriais
- Reforma global - Celso Ming
- Continuísmo - Dora Kramer
- Um grande paradoxo brasileiro Roberto Lent
- Reinaldo Azevedo
- Augusto Nunes
- Dora Kramer-Crime organizado
- Falha da oposição Miriam Leitão
- Lula inventou uma fábula CLÓVIS ROSSI
- Uma doutrina por trás da censura Eugênio Bucci
- "O alvo era Serra" RENATA LO PRETE
- Delinquência estatal EDITORIAL FOLHA DE SÃO PAULO
- Banaliza-se a invasão de privacidade EDITORIAL O G...
- A arma do papel-jornal EDITORIAL O Estado de S.Paulo
- A máquina Merval Pereira
- Ruim com ruim Celso Ming
- Governo estuda criar outra reserva em RR Índios qu...
- Definição de preço pode derrubar ainda mais ações ...
- A Unasul à deriva Rodrigo Botero Montoya
- Comentario no Blog do Reinaldo Azevedo
- MÍRIAM LEITÃO Onda latina
- Declínio americano? Luiz Felipe Lampreia
- O novo alvo do 'grande eleitor' EDITORIAL O Estado...
- Eleição sem política :: Marco Antonio Villa
- Obsessão Merval Pereira
- Faz de conta Dora Kramer
- Equação complicada Celso Ming
- Legislar o riso e sacralizar o poder?Roberto DaMatta
- Não ao "dedazo" de Lula :: Roberto Freire
- Não era para acreditar Rolf Kuntz
- Fundos estão quase sempre onde capital privado não...
- AUGUSTO NUNES
- Editoriais
- RUBENS BARBOSA Comércio exterior e o futuro governo
- LUIZ GARCIA O que não fazer
- MÍRIAM LEITÃO Juros devem parar
- MÍRIAM LEITÃO Juros devem parar
- BOLÍVAR LAMOUNIER A 'mexicanização' em marcha
- CELSO MING Restrições aos chineses
- MERVAL PEREIRA Campos de batalha
- DORA KRAMER A menor graça
- ARNALDO JABOR Estou nascendo hoje na internet
- Oportunidade perdida Alon Feuerwerker
- MARCELO DE PAIVA ABREU Desfaçatez em escala indus...
- Previdência privada exige cuidados Antonio Pentea...
- Pagamos mais caro. E agora? Carlos Alberto Sardenberg
- O modelo e o futuro : Fabio Giambiagi
- Lula e Cabral, vídeo revelador Carlos Alberto Di ...
- FERREIRA GULLAR Eu fui às touradas em Barcelona
- MERVAL PEREIRA Luta pelo Congresso
- DANUZA LEÃO O bem maior
- MÍRIAM LEITÃO Está vindo?
- DORA KRAMER Desencontro marcado
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ La guerra más peligrosa de lo...
- MARIANO GRONDONA Sin las retenciones, ¿terminará u...
- ROBERTO MUYLAERT Em 2014, o Brasil tem de vencer
- JOÃO UBALDO RIBEIRO COMO SERIA BOM
- MAÍLSON DA NÓBREGA Obras e desenvolvimento
- ROBERTO POMPEU DE TOLEDO Pode piorar sim, Tiririca
- Gaudêncio Torquato 'Pior do que tá não fica'
- Sergio Fausto Direitos humanos às escuras
-
▼
agosto
(290)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA