O Estado de S. Paulo - 23/08/2010
Se o valor a ser investido for alto, é melhor buscar uma gestão profissional e ficar atento ao custo da taxa de administração
O que é melhor: um plano de previdência privada aberta ou uma carteira de investimentos? Como sempre, quando se trata de aplicações financeiras, depende. Depende do perfil do investidor, das quantias a serem investidas, do tempo do investimento e, acima de tudo, da paciência e dos nervos para eventualmente aguentar emoções fortes ao longo do percurso.
Se a soma a ser investida for muito alta, não há razão para o aplicador não diversificar, colocando o dinheiro numa vasta gama de investimentos diferentes para permanentemente aproveitar as vantagens imediatas e de longo prazo de cada um deles, otimizando o resultado final com a soma dos resultados de cada aplicação ao longo do tempo.
Ou, melhor ainda, por que não dar o dinheiro para ser investido por alguém especializado na gestão de grandes fortunas? De grandes organizações financeiras a gestores altamente profissionalizados, com foco em negócios menores, há toda uma gama de opções para a gestão de ativos, que, com certeza, conseguirão resultados mais expressivos que a imensa maioria das outras aplicações.
Como a imensa maioria da população com capacidade para ter um plano de previdência privada ou fazer uma cesta de aplicações não se enquadra no desenho anterior, a pergunta inicial começa a ser respondida pela própria dinâmica da vida. A maioria de nós não tem tempo ou acesso às informações de mercado para fazer a gestão de nossos ativos no nível de sofisticação indispensável para conseguir aproveitar o melhor momento de cada aplicação.
Assim, o plano de previdência privada aberta, tendo claro que estamos falando de investimentos com maturação de dez anos, passa a ser, pelas próprias características do produto, uma solução no mínimo inteligente, na medida em que tem uma enorme redução da carga tributária como contrapartida para o prazo da aplicação. O que não acontece com os outros tipos de investimento, que carregam a mesma carga tributária por todo o tempo da aplicação.
Em nenhum país, onde aplicações de longo prazo são normais, se consegue uma rentabilidade real acima de 6% ao ano, durante todo o período em que o dinheiro fica investido neste tipo de produto. Pelo contrário, invariavelmente a rentabilidade mal atinge 3% reais ao ano, tanto que algumas nações tiveram que mudar a legislação que tratava destas aplicações para preservar as empresas gestoras, porque, em função da oscilação dos juros ao longo do tempo, não estavam conseguindo pagar a remuneração mínima exigida pela lei.
Além disso, a aplicação em previdência privada aberta dá ao investidor um corpo de gestores especializados para administrar seus recursos. Ainda que dispondo de valores bem menores do que os exigidos pelos administradores de patrimônio, o aplicador em previdência privada aberta passa a contar com uma equipe de profissionais preparados para tomar as decisões na gestão de seu dinheiro.
Será que uma carteira com valores semelhantes, tocada individualmente pelo aplicador, teria a mesma vantagem ou as decisões teriam que ser tomadas diretamente pelo interessado, sujeitas a informações não confiáveis ou ao desconhecimento dos detalhes de cada investimento?
O problema com os planos de previdência privada aberta é quanto é cobrado pela operadora para administrá-los. Atualmente, este custo pode comprometer seriamente o resultado do plano. A tendência dos juros, no longo prazo, é de queda. Além disso, a inflação está na casa dos 4% ao ano. Assim, com base na taxa de juros atual, a remuneração real de um investimento típico de classe média não ultrapassa os 6% ao ano.
Se a operadora do plano de previdência privada aberta cobra os mesmos 6% ao ano, a remuneração do plano será inteiramente dela, em detrimento do investidor que deveria ser o beneficiário da aplicação.
Várias operadoras já estão aceitando reduzir suas taxas. Se a sua ainda não o está fazendo, valha-se da portabilidade para mudar de plano e ganhar mais do que sua remuneração atual.
Entrevista:O Estado inteligente
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