O Estado de S. Paulo - 25/08/2010 |
Os fundos de pensão são a principal âncora financeira das grandes obras do governo. Patrocinados pelas estatais Banco do Brasil, Petrobrás e Caixa Econômica Federal, os três principais fundos - Previ, Petros e Funcef - administram juntos um patrimônio de R$ 229,6 bilhões. É quase metade dos R$ 494 bilhões movimentados pelas mais de 300 empresas de previdência privada do País. A trinca está presente em praticamente todos os grandes projetos encampados pelo governo, qualquer que seja a gestão federal. Hidrelétricas, ferrovias, rodovias, privatização de estatais. Obras de infraestrutura invariavelmente contam com os fundos, especialmente quando o capital privado não se manifesta, ou o faz de forma muito tímida, seja por causa do risco representado pelo projeto, seja pelo grande capital envolvido, ou por uma combinação dos dois. Com o trem-bala, não deve ser diferente. Os fundos podem se sustentar em metas atuariais que giram em torno do INPC mais 5% ou 6% ao ano para investir em projetos com taxa de retorno nem sempre atraente à iniciativa privada. Assim, atendem a políticas do governo, mesmo batendo e rebatendo na tecla de que não se submetem a pressões governamentais. Argumento um pouco frágil diante da facilidade com que o governo pode substituir executivos de fundos de pensão em pleno exercício de mandato. Isso ocorreu há dois meses, por exemplo, na Previ que, sozinha, movimenta recursos que somam R$ 143,6 bilhões. A formação das diretorias das fundações, metade eleita e metade indicada pelo governo, reduziu a interferência estatal, mas não a anulou. Sob a ótica exclusiva da rentabilidade, os fundos caminham por vias distintas das dos investidores privados. Há, de fato, a preocupação com o pagamento futuro de aposentadorias e pensões. Mas o risco financeiro parece medido por lentes muito mais precisas quando avaliado por investidores privados. Os temores que cercam o trem-bala envolvem demanda de passageiros, custo do projeto e tecnologia não dominada no País, além do prazo para o retorno do capital investido. Essas considerações estão na mesa, mas são vistas com mais complacência pelos fundos. Será mais um projeto oficial, como Belo Monte, Jirau, Brasil Ferrovias entre outros. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, agosto 25, 2010
Fundos estão quase sempre onde capital privado não vai : Irany Tereza
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