O Globo
A repercussão da crise econômica nas finanças de estados e municípios já está se transformando em fonte de crises sociais e políticas graves, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do país, que dependem de transferências do governo federal.
Além do decréscimo da atividade econômica, também reduziu a arrecadação, a concessão de isenções, especialmente do IR e do IPI, com que o governo federal tenta reativar o mercado interno. O perigo é que muitas prefeituras paralisem os serviços básicos de saúde, educação e coleta de lixo por falta de dinheiro. O programa de apoio a estados e municípios que o governo deve anunciar na próxima semana objetiva amenizar essas perdas, que deveriam também ser compensadas pelos investimentos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que, no entanto, não conseguem deslanchar.
Em contraposição à ineficiência federal, que coloca em xeque a candidatura da ministra Dilma Rousseff, identificada para o bem e para o mal com o PAC, existem alguns governos estaduais, de diferentes filiações partidárias, mas todos identificados com a oposição, que estão demonstrando como atuar em momentos de crise.
Todos são exemplos de gestão pública moderna, tema que estará no centro do debate sucessório.
O Espírito Santo, governado pelo peemedebista Paulo Hartung, é considerado pelo economista Cláudio Porto, da empresa de consultoria Macroplan, especialista em análises prospectivas e gestão pública, "de longe", como o estado que se antecipou mais e deu uma resposta mais organizada à crise.
Depois do Espírito Santo, o estado que teve uma posição mais proativa e agressiva foi São Paulo, governado por José Serra, provável candidato do PSDB à sucessão de Lula.
Minas Gerais, governado pelo tucano Aécio Neves, outro potencial candidato à Presidência, e o Distrito Federal, governado pelo democrata José Roberto Arruda, são outros exemplos de boa atuação administrativa durante a crise, na avaliação de Cláudio Porto, que dá consultoria atualmente ao governo do Espírito Santo e já trabalhou com os governos de São Paulo e Minas, e por isso tem uma boa visão interna dos processos decisórios.
Com exceção do Distrito Federal, os outros três estados têm sua economia baseada nos setores mais modernos, ligados à exportação, e por isso sofreram mais fortemente os efeitos da crise.
O governo de São Paulo anunciou, em fevereiro de 2009, medidas para aquecer a economia e combater a crise financeira. Autorizou a antecipação, para o primeiro quadrimestre do ano, período em que a crise se abate com maior rigor, da compra de bens duráveis, e também inverteu as fases do processo licitatório, o que poderá tornálo mais célere.
No campo dos incentivos aos investimentos privados, para desonerar setores estratégicos, autorizou o adiamento do Imposto sobre Mercadorias e Ser viços (ICMS) pago na aquisição de bens de capital. Outra medida prorroga a redução de alíquota do ICMS de 18% para 12% até 31/12/2009.
Os micro e pequenos empresários terão acesso facilitado aos empréstimos do Fundo de Aval Estadual (FDA), e o governo irá equalizar a taxa de juros em financiamentos concedidos a micro e pequenas empresas, e reservar até R$ 80 mil às micro e pequenas empresas nas compras governamentais.
Já em novembro do ano passado, o governador de Minas, Aécio Neves, anunciou um conjunto de medidas de flexibilização tributária e de aumento de crédito para o setor produtivo (injeção de R$ 1,3 bilhão), para ajudar empresas de vários setores a enfrentar os efeitos da crise.
Prometeu ainda dar mais agilidade aos procedimentos fazendários em 2009.
Além disso, o Orçamento de 2009 prevê investimentos do estado da ordem de R$ 11 bilhões, com a expectativa de executar a integralidade dos investimentos.
Por um período de seis meses, as empresas mineiras terão mais prazo para o recolhimento do ICMS, o que contribui para aumentar a liquidez das empresas.
O governo do Distrito Federal tem hoje R$ 1,6 bilhão em caixa e está priorizando as obras. As maiores intervenções foram feitas em relação ao serviço público. O GDF decidiu suspender novos concursos e congelar, por pelo menos três meses, os benefícios e reajuste dos servidores públicos (que seria, em média, de 5,5%).
Foi criada ainda uma comissão de avaliação da receita e das despesas que analisará, a cada três meses, a disponibilidade orçamentária e financeira a que ficarão condicionados os futuros reajustes salariais do funcionalismo.
Este tipo de estrutura também foi criada no Espírito Santo, que tem um Comitê Gestor do Programa de Controle e Eficiência do Gasto Público.
O governo do Espírito Santo anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para o estado até 2010, o que só foi possível devido às medidas de contenção adotadas desde setembro do ano passado, quando a crise começou: o estado conseguiu fazer poupança e manter o nível de investimento.
Esta nova etapa do planejamento estratégico do estado reflete uma profissionalização da gestão cada vez maior no Espírito Santo, analisa Porto. Por trás desses bons resultados do governo capixaba está um esforço de modernização da gestão: a simplificação de processos e um sistema de gestão intensiva de projetos.
Praticamente não existem atrasos nos projetos do governo do Espírito Santo.
Claudio Porto, presidente da Macroplan, destaca que uma das grandes dificuldades enfrentadas na esfera governamental é justamente conseguir realizar os investimentos previstos no orçamento. "Do governo federal, por exemplo, apenas 52% do orçamento de 2008 previsto para o Espírito Santo foram executados".
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
abril
(350)
- Editoriais
- Sangria mal atada Dora Kramer
- Polarização Merval Pereira
- Balanço das horas - Mírian Leitão
- Educação para a pobreza: Rolf Kuntz
- Desastre político : Carlos Alberto Sardenberg
- Clipping de 30/04/2009
- Serra ataca os juros Celso Ming
- O dólar furado Demétrio Magnoli e Gilson Schwartz
- Clipping de 29/04/2009
- Editoriais
- Obama e seus primeiros 100 dias Celso Ming
- Novos juros Panorama Miriam Leitão
- Uma crise pior que a da economia mundial José Nêum...
- Obsessão eleitoral Dora Kramer
- Doença e política Merval Pereira
- Reinaldo Azevedo PAIS E FILHOS
- CELSO MING Acabou o pânico. E daí?
- Clipping de 28/04/2009
- Editoriais
- Porcos com asas Vinicius Torres Freire
- Dois fantasmas Míriam Leitão
- Exageros à parte Dora Kramer
- Imagem arranhada Merval Pereira
- Rubens Barbosa,A CÚPULA DE OBAMA
- Clipping de 27/04/2009
- Controle cultural socialista Ipojuca Pontes
- A batalha das previsões Carlos Alberto Sardenberg
- Editoriais
- Enrolação que não cola mais JOÃO UBALDO RIBEIRO
- O voo cego de Lula na crise Suely Caldas
- FERREIRA GULLAR A sociedade sem traumas
- DANUZA LEÃO Brincando com fogo
- Editoriais
- Ação estatal evitou pânico no Brasil Vinicius Torr...
- O Copom afia a tesoura Celso Ming
- Da necessidade à virtude Rubens Ricupero
- Risco democrático Panorama Econômico :: Míriam Leitão
- Banzé no Centro-Oeste Dora Kramer
- Retrocesso ou sintonia? Merval Pereira
- Reforma política volta à pauta Ruy Fabiano
- O vento sopra e a luz acende Celso Ming
- Editoriais dos principais jornais do Brasil
- Embargo a Cuba! Cesar Maia
- Caminho da China Panorama Econômico :: Míriam Leitão
- Raspa do tacho Dora Kramer
- Crise sem fim Merval Pereira
- Ciro em baixa Fernando Rodrigues
- A República em questão Marco Aurélio Nogueira
- VEJA Carta ao leitor
- Entrevista: Abilio Diniz "O pior da crise já passou"
- Política O Congresso chegou ao fundo do poço, ...
- Partidos As legendas nanicas vendem candidaturas
- Reforma Propostas para melhorar o sistema eleit...
- STF A falta de compostura no tribunal
- Maranhão Como o clã Sarney perpetua a miséria ...
- Crise As forças que mantêm a economia mundial viva
- New York Times A crise do grande jornal americano
- Tortura Relatório divulga técnicas usadas pela CIA
- África do Sul O populista Zuma é eleito presid...
- Medicina Chega ao Brasil aparelho que revolucio...
- MILLÔR
- Radar Lauro Jardim
- Diogo Mainardi Vamos cair fora
- J.R. Guzzo Esperar para ver
- O presente que Chávez deu a Obama
- Pobre George, de Paula Fox
- VEJA Recomenda
- Os livros mais vendidos
- Editoriais dos principais jornais do Brasil
- Vinicius Torres Freire Bancos nacionais secaram o ...
- Juros: entre racionalidade e fetichismo Luiz Carlo...
- Clipping de 24/04/2009
- CELSO MING Alguma melhora
- DORA KRAMER A nau dos insensatos
- MIRIAM LEITÃO Volta do dinheiro
- O liberalismo sobrevive João Mellão Neto
- Embate político Merval Pereira
- Honestidade obrigatória Luiz Garcia
- Problema: humanos CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- Editoriais dos principais jornais do Brasil
- MERVAL PEREIRA - Reconciliação difíci
- Clipping de 23/04/2009
- Crime sem castigo Dora Kramer
- O contribuinte paga Celso Ming -
- Alberto Tamer -Recessão vai piorar. Brasil resiste
- A crise e os primos dos americanos Vinicius Torres...
- Longo túnel Panorama Econômico :: Miriam Leitão
- Míriam Leitão Déficit democrático
- Editoriais dos principais jornais do Brasil
- Nenhuma recuperação à vista Paulo Rabello de Castro
- O FMI na contramão dos EUA Vinicius Torres Freire
- ENTREVISTA Joseph Stiglitz
- Clipping de 22/04/2009
- Dora Kramer -Excelências sem fronteiras
- Clóvis Rossi - Até tu , ? Gabeira
- Celso Ming - Ainda falta muito
- Mistificação : Antonio Delfim Netto
- Crise de coluna Roberto DaMatta
- Merval Pereira -Éticas em conflito
-
▼
abril
(350)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA