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sábado, abril 25, 2009

Medicina Chega ao Brasil aparelho que revoluciona cirurgias


Medicina
O GPS da neurocirurgia

Chega ao Brasil o aparelho de ressonância magnética
que, usado durante as operações, orienta em tempo
real a retirada de tumores do sistema nervoso central


Adriana Dias Lopes

Cortesia Breinlab AG
INSTANTÂNEOS Telão num hospital americano exibe imagens captadas pelo novo equipamento


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Com 20 000 novos casos por ano no Brasil, os tumores da medula espinhal e o glioma cerebral estão entre os cânceres mais agressivos. Para muitos pacientes, a única esperança de cura é a cirurgia. Apesar de todos os avanços no conhecimento da doença e no aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas, 30% dos doentes saem da mesa de operação com restos do tumor no organismo – o que aumenta a probabilidade de recidiva da moléstia. Além de localizados em regiões de difícil acesso, o glioma e os tumores da medula espinhal têm cor e textura semelhantes às das células sadias que os cercam. Fica, portanto, difícil identificá-los a olho nu. O trabalho de muitos cirurgiões brasileiros será facilitado com a entrada em funcionamento, nesta semana, da primeira máquina de um exame de imagem capaz de determinar a real extensão do tumor durante a operação: a ressonância magnética intraoperatória. Já utilizado em alguns dos mais renomados centros de tratamento de câncer, como o hospital da Universidade Stanford e o MD Anderson, ambos nos Estados Unidos, o aparelho funciona como uma extensão da mesa de cirurgia. Quando o médico precisa da imagem em tempo real da área operada, basta deslizar o paciente para dentro do tubo da máquina.

Até a invenção da ressonância magnética intraoperatória, o único recurso para mapear o glioma e os tumores da medula espinhal era a ressonância tradicional, feita antes da cirurgia, cujo efeito era como o de um mapa desatualizado. Com o exame intraoperatório, é como se o médico tivesse nas mãos um GPS. No caso do glioma, essa precisão é ainda mais impactante. "O tumor previamente detectado pode mudar de lugar depois que o crânio é aberto. Por isso, é enorme a vantagem de ter um exame em tempo real", diz o neurocirurgião Arthur Cukiert. Na verdade, o cérebro inteiro se desloca, o que tende a deixar o cirurgião desorientado quanto à localização exata do glioma. Com os exames feitos durante a operação, a precisão é tanta que em apenas 5% dos casos o tumor não é retirado por completo (veja o quadro abaixo).

A chegada da ressonância intraoperatória exigiu mudanças nas salas de neurocirurgia. Nos hospitais americanos, foram instalados telões (alguns ocupando toda a extensão de uma parede, como se vê na foto que ilustra esta reportagem) que exibem as imagens captadas pelas máquinas. Por causa do campo magnético produzido pelos aparelhos, os instrumentos usados durante a operação – de tesourinhas a bisturis elétricos – tiveram de ser trocados. "Nós substituímos os artefatos de aço inoxidável e alumínio por outros de plástico ou tungstênio", diz o neurocirurgião Manoel Jacobsen Teixeira, diretor do departamento de neurocirurgia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo.

Desenvolvida nos anos 80, a ressonância magnética permite a visualização de estruturas mínimas dos chamados tecidos moles do corpo, aqueles que contêm mais água, como os do cérebro, da medula espinhal, dos rins e da bexiga. O tubo do aparelho de ressonância emite um campo que, agindo como um ímã, alinha os átomos de hidrogênio das células do tecido a ser examinado. Instantes depois, esse estímulo de atração é desligado e os átomos voltam a seus lugares de origem. Em tumores malignos, os átomos de hidrogênio retornam com mais rapidez do que em tecidos sadios. E, quanto mais agressivo é o tumor, mais veloz é essa movimentação.





CNRI/CORBIS/LATINSTOCK E SPL/LATINSTOCK

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