Ditaduras podem ser regimes longevos, e não é raro que um dos motivos para isso seja a longevidade pessoal de seus fundadores. Assim foi com Mao na China e Stalin na União Soviética. E assim está sendo com Fidel Castro Ruiz em Cuba.
Com uma diferença importante: Fidel teve a esperteza de deixar o poder em vida — integralmente ou não; isso só os íntimos sabem. De qualquer forma, a passagem do bastão para o irmão Raúl garantiu uma transição pacífica e dá ao caçula tempo para se estabelecer, literalmente, por conta própria.
Seria ingenuidade supor que a transição garante transformações radicais. Ela não contém um compromisso de democratização; apenas a semente de progresso nessa direção, em prazo imprevisível.
Mesmo com Fidel ainda sozinho no poder, os últimos anos foram palco de uma certa amenização do controle da sociedade pelo Estado. O regime se tornou menos machista, talvez em consequência da influência do número de mulheres de personalidade forte na família Ruiz. Por influência delas, por exemplo, aumentou nitidamente a aceitação do homossexualismo na sociedade cubana.
Mudanças nos costumes não implicam necessariamente democratização do regime. Mas ajudam, aos poucos e a longo prazo.
Certamente o fato isolado que mais pode contribuir para a instalação de um novo clima no campo da política externa é a eleição de Barack Obama. Uma administração republicana certamente não tomaria a decisão de suspender as restrições de viagens e envio de dinheiro de cubano-americanos para a ilha.
Há, obviamente, o início do começo de um diálogo entre Havana e Washington. E o controle sobre a mídia cubana também encolheu. Menos por uma decisão política do que do que pela evolução tecnológica: é impossível controlar blogs e e-mails com a dura eficiência com que uma ditadura impõe regras à mídia impressa, ao rádio e à televisão.
Do ponto de vista da Casa Branca, o principal, no futuro próximo, é esvaziar o antiamericanismo no hemisfério.
Isso significa eliminar os muitos pretextos oferecidos pelo governo anterior para isso.
Nos últimos oito anos, a Casa Branca forneceu um pretexto atrás de outro para avanços do antiamericanismo pregado em Havana, Caracas e La Paz. Foi, inevitavelmente, um período de enfraquecimento considerável da Organização dos Estados Americanos.
Com novos ventos soprando em Washington, Hugo Chávez e companhia talvez não se enfraqueçam domesticamente, mas seus projetos para o hemisfério devem perder pretextos e força Ainda não há sinais sobre como o novo quadro afetará a diplomacia brasileira.
No encontro em Washington, Obama fascinou o presidente Lula com seu charme. Ao defini-lo como “o homem”, deixou o brasileiro rindo à toa.
Talvez Lula ficasse menos encantado e mais imprensado se percebesse que o presidente americano gostaria que ele fosse o homem indicado para oferecer ao continente uma liderança bem mais consciente e bem menos demagógica do que a oferecida por Chávez e a família Ruiz ao hemisfério.
Entrevista:O Estado inteligente
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