Novo banco supera o Bradesco e o Banco do Brasil em ativos e será o maior do Hemisfério Sul e o 17.º do mundo
Leandro Modé
O colunista Celso Ming comenta fusão dos bancos
Correntista: Procon-SP fala de perspectivas
As negociações começaram há 15 meses e tiveram dois fatores determinantes. Estrategicamente, a compra do ABN Amro Real pelo espanhol Santander, que deu origem ao 4º maior banco do País. "Tivemos a percepção de que se formava um novo tipo de concorrência", disse o presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles (que comandará o Conselho de Administração da holding IU Participações). "Teríamos um concorrente de escala global. Até então, os estrangeiros eram pequenos aqui."
Houve, também, um fator conjuntural: a crise financeira global, que colocou pressão sobre os bancos no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Salles reconheceu que a turbulência ajudou a amadurecer o processo, mas não foi determinante.
Para analistas, a crise certamente acelerou o negócio. "Era a hora perfeita para eles se unirem e ficarem mais fortes", disse um especialista. Rumores de mercado sobre a exposição de Itaú e Unibanco aos chamados "derivativos tóxicos" levaram os dois bancos a antecipar os resultados do 3º trimestre.
Outro questionamento dos analistas diz respeito ao termo "fusão". Se olhado pelo aspecto do controle acionário da instituição resultante, a palavra é adequada. Isso porque os dois bancos terão 50% cada do controle da holding que comandará as operações de Itaú e Unibanco.
No entanto, do ponto de vista econômico, o Itaú é o protagonista, porque tinha mais do que o dobro do tamanho do Unibanco - os ativos totais do primeiro eram de R$ 396,6 bilhões, ante R$ 178,5 bilhões do segundo.
Moreira Salles e o presidente do Itaú, Roberto Setubal (que será o presidente-executivo da instituição resultante da fusão), explicaram que o principal objetivo do novo banco é a internacionalização, que deve começar pela América Latina e seguir para outros emergentes.
Eles frisaram que, por ora, nada muda para correntistas e funcionários. "Não haverá programas de demissão", disse Setubal. A primeira alteração, para os clientes, será a integração da rede de caixas eletrônicos, que não tem data para começar.