Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 09, 2008

DANUZA LEÃO A crise, socorro


E meu dinheirinho aplicado, que está derretendo? E o que eu tenho a ver com hipotecas das casas americanas?

A CRISE: alguém entende o que está se passando? Eu, não.
Na minha total ignorância sobre economia, sempre achei que, se alguém perde de um lado, alguém ganha de outro. Só que, pelo que tenho entendido, desta vez todo mundo está perdendo; é como se tivessem feito uma fogueira com quase todo o dinheiro que existia no mundo e tudo virado fumaça. Alguém deve ser o culpado, mas quem?
Outro dia vi numa vitrine uma sandália bem bonitinha, que nem cara era, e entrei para comprar. Mas lembrei da crise e fui para casa sem.
É bem verdade que não precisava dela, mas eu tinha (tenho ainda, só não sei por quanto tempo) condições de me dar este presente. Mas com a crise, nem sandália nem chocolate, nem nada que não seja essencial. Mas, pensei, se ninguém comprar, as lojas vão fechar e muita gente vai perder o emprego. Então, o que fazer? Os tempos mudaram mesmo. Lembrei de Chanel, que dizia que a única coisa indispensável na vida é o supérfluo.
Voltei para casa meio deprê, mas é mais fácil lidar com a depressão quando se conhece a sua origem -no caso, a crise-, do que quando não se entende o que está se passando. Mas a crise, para mim, não passa de uma palavra, e que me enche de medo. Se as pessoas pararem de comprar, não haverá razão para anúncios nos jornais e revistas, sem anúncios a imprensa vai acabar, e se acabar, todos os jornalistas ficarão sem emprego, começando por mim, claro. Ok, tenho um apartamento que posso vender e ir morar num conjugado, mas com a crise, quem vai ter dinheiro para comprar o meu? Eu, que sonhava em ter uma velhice tranqüila, vou morar debaixo da ponte, isso é mais do que evidente. Procuro desesperadamente uma alternativa para o futuro, mas não encontro nenhuma; meus amigos devem estar na mesma situação, não tenho um emprego público, daqueles que dão estabilidade, e não sou do PT. Estou perdida.
Além de não entender a crise, também não entendo a mecânica da eleição americana. Se a maioria dos eleitores não é o que importa para eleger o presidente, já que são os delegados do colégio eleitoral que decidem, então para que eleição? E quem escolhe esses delegados? Vou deixar para pensar nisso quando for uma sem-teto e não tiver mesmo nada para fazer.
E a fusão dos bancos? Eu gostaria, só por curiosidade, de saber quem teve a idéia e telefonou para o outro dizendo "que tal uma fusão entre nossos bancos?" Teria o outro respondido: "que ótima idéia, vamos tomar um chope e conversar sobre isso"? Será que foi assim? E será que com a fusão vou ficar menos tempo na fila do banco? Ah, por que não sou prima, mesmo longe, de um Moreira Salles ou de um Setubal?
Voltando à crise: tudo começou nos Estados Unidos, com a história das hipotecas; seria o caso do dólar ir para o ralo, mas não: o dólar subiu no mundo todo. Dá para entender?
E meu dinheirinho aplicado que está derretendo, de quem é a culpa? E algum dia eu vou ter ele de volta? E o que é que eu tenho a ver com as hipotecas das casas americanas? Este mundo está muito complicado; vou botar um tênis e dar uma volta na Lagoa para esfriar a cabeça. Aliás, é a única coisa que posso fazer de graça.

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