Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 04, 2008

VALDO CRUZ Velhos novos hábitos

BRASÍLIA - O presidente Lula anda se queixando a assessores que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Federal estão fora de controle. Não sem motivo. Arapongas estão grampeando livremente por aí. E a PF segue dividida entre várias facções, duas delas se digladiando.
Se tem razões em se queixar, Lula sabe muito bem a quem deveria tributar pelo menos parte da responsabilidade. A ele mesmo. Depois de quase seis anos à frente do Palácio do Planalto, seu governo não tomou as medidas necessárias para evitar essa nova crise.
Pior. Andou contribuindo para que ela acontecesse. Lula, segundo contam, estimulou o ministro Tarso Genro (Justiça) a trocar o comando da PF e colocar ordem na casa. Estava insatisfeito com a autonomia da PF sob comando de Paulo Lacerda.
O que fez o presidente? Transferiu Lacerda para outro posto, atendendo a pedido de amigos e também por considerá-lo um policial sério e competente, mesmo não gostando de algumas operações comandadas por ele.
Criou, assim, terreno fértil para o surgimento de um clima de guerra entre dois grupos na PF -ou seja, acertou a troca do comando da polícia, mas deixou o ex-chefe numa condição de influenciar nos trabalhos de seu antigo órgão.
Algo fora de lógica. Deu no que deu. Agora, dentro do Planalto, dizem que dificilmente Paulo Lacerda volta ao comando da Abin. Seu afastamento provisório, a depender de alguns assessores palacianos, se tornará definitivo.
Por outro lado, ainda bem que o governo não controlou totalmente a PF, como desejavam muitos petistas. Até aqui, num balanço de perdas e ganhos, a polícia tem saldo positivo a oferecer.
Quanto à Abin, imaginar que arapongas estejam fora de controle, logo num governo petista, é o cúmulo da incompetência ou o velho hábito de mudar de opinião sobre certos temas quando se está no poder.
Espero que não

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