Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 04, 2008

CLÓVIS ROSSI A mão suja de óleo

SÃO PAULO - O jornal britânico "Financial Times" já vê no horizonte o barril de petróleo a US$ 100.
Mais: Carl Weinberg, economista-chefe da consultoria HFE ("High Frequency Economics"), escreve, no site do mesmo jornal, que o preço chegará logo a US$ 95, "sinalizando o fim da bolha de preços do petróleo de 2008".
É verdade que previsões de economistas devem ser sempre tomadas com pinças. Cansei de vê-los fazer afirmações que os fatos desmentiam, logo adiante, sem que emitissem um "erramos".
Ressalva à parte, são nítidos os sinais de que o preço do petróleo vai cair. Falta só explicar por que atingiram um pico de US$ 145 em julho para, menos de dois meses depois, sofrerem queda de 35%. A única explicação parece ser o cassino.
Vejamos: julho é verão no hemisfério Norte, o que significa dizer que não há necessidade de óleo para a calefação. Setembro, ao contrário, é o mês em que começa o outono, o friozinho vai se instalando e, portanto, aumenta o consumo. Agosto é mês de férias bravas na Europa/ Estados Unidos. Na Europa, mil e um negócios pura e simplesmente fecham. Logo, consomem menos energia.
Do lado da demanda, portanto, não parece haver justificativa para o pico do preço. Do lado da oferta, nem aumentou nem diminuiu substancialmente do pico da bolha ao seu fim (suposto ou real).
Parece evidente que a disparada de preços teve muito a ver, portanto, com apostas no cassino financeiro. Aliás, um fundo norte-americano de hedge, o Ospraie Management, foi para o brejo exatamente porque caíram os preços -e não só o do petróleo mas o de outras commodities nas quais apostara (fizera hedge, no jargão).
Vê-se, pois, que a mão (invisível?) do mercado pode afagar, mas também pode causar danos formidáveis, como ocorreu (e ainda ocorre) no caso do petróleo.

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