editorial |
O Estado de S. Paulo |
16/9/2008 |
A quebra do quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, o Lehman Brothers, atolado em dívidas de US$ 613 bilhões, é o prenúncio de maiores dificuldades para a economia mundial e do teste mais duro para a economia brasileira desde a crise cambial de janeiro de 1999. A instabilidade financeira iniciada há pouco mais de um ano, em agosto de 2007, já ultrapassou o setor imobiliário e começou a afetar o consumo, o investimento e a produção nas demais áreas de atividades nos Estados Unidos e, principalmente, na Europa e no Japão. Mas seus piores efeitos ainda vão ocorrer, segundo avaliavam economistas de vários países, nessa segunda-feira, depois de um fim de semana conturbado em Wall Street. Outras quebras podem ser evitadas com a compra do Merril Lynch pelo Bank of America e a abertura de novos financiamentos ao mercado pelos bancos centrais dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Suíça e dos países da zona do euro. Em Nova York, representantes do Tesouro e da área de regulação bancária estiveram reunidos por muitas horas com dirigentes da gigante seguradora AIG em busca de uma solução para seus problemas de caixa. Todas essas providências, no entanto, são insuficientes para eliminar os temores de novas concordatas ou falências: depois do episódio do Lehman Brothers, ninguém sabe quem é grande demais para não quebrar. Na melhor hipótese, o empenho das autoridades e do próprio setor financeiro conseguirá limitar um efeito dominó produzido pelos problemas dos grandes bancos. Mas isso pouco servirá para proteger o chamado setor real da economia, formado por empresas produtoras de bens e serviços, trabalhadores e consumidores. Durante anos, sobrou dinheiro no mercado e as empresas financeiras emprestaram e investiram muito mais que o capital próprio, abusando da chamada alavancagem (leverage, em inglês). Esta palavra designa, em finanças, o uso de recursos de terceiros para ampliar os negócios e as possibilidades de lucro. Alguma alavancagem é normal e salutar na maior parte das atividades, mas nos últimos anos todos os limites da prudência foram ultrapassados. Agora a palavra da moda é outra: o grande temor, entre os economistas, é de uma enorme desalavancagem, isto é, de uma redução do crédito bastante desproporcional à perda do capital próprio dos bancos. Ninguém sabe qual será essa perda, nesta crise, e as estimativas oscilam entre US$ 1 trilhão e US$ 3 trilhões. O encolhimento do crédito, receiam economistas, poderá ser um múltiplo de qualquer desses valores. No mercado internacional, a oferta de financiamento já tem diminuído, os prêmios de risco têm aumentado e as economias em desenvolvimento têm sido afetadas. Apesar disso, o crescimento econômico dos emergentes continua vigoroso. Não há como prever, neste momento, quanto esses países serão prejudicados pela crise internacional nos próximos meses e, provavelmente, ao longo de 2009. Os grandes exportadores de produtos básicos e de bens intermediários, como o Brasil, deverão perder receita comercial. As cotações têm caído e, além disso, a demanda internacional poderá ser afetada pela crise. Pelas projeções mais otimistas, o crescimento chinês poderá diminuir de cerca de 10% para algo em torno de 9% ao ano. Ainda será um desempenho notável. O Brasil também não parece condenado a mergulhar numa recessão. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ainda acreditar num crescimento robusto em 2008 e 2009, mas, de fato, qualquer previsão neste momento é muito insegura. Hoje as certezas são poucas e nenhuma delas é tranqüilizadora: a crise financeira não acabou, pode agravar-se e seus piores efeitos ainda vão ocorrer. O Brasil jamais esteve mais bem preparado que hoje para enfrentar um choque externo. A inflação recua, o País dispõe de cerca de US$ 200 bilhões de reservas cambiais, as exportações cresceram como proporção do Produto Interno Bruto e a dívida externa pesa muito menos do que há alguns anos. Ontem, durante uma palestra na Fundação Getúlio Vargas, o professor Yoshiaki Nakano falou sobre a melhora da maior parte dos indicadores, desde a crise de 1998-99. Mas invulnerabilidade não existe e, além disso, a dimensão da crise é desconhecida. Não é hora de bravatas, mas de manter o País preparado para choques possivelmente muito fortes. Prudência fiscal deve ser parte fundamental dessa preparação |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, setembro 16, 2008
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