Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 13, 2008

Ensaios sobre o Diabo

Quem diabos é o diabo?

Satanás já fez a figura de um promotor público
celeste e de um orgulhoso Anjo Caído. Mas ele
também tem seu lado ridículo


Jerônimo Teixeira

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Exclusivo on-line
Trechos dos livros

Satã - Uma Biografia
Anjos Caídos

Satanás pelo jeito faz o maior sucesso nos cursos de letras. Acabam de chegar às livrarias brasileiras duas obras de professores de literatura americanos que tentam, cada um a seu modo, limpar a péssima reputação do demônio. Satã – Uma Biografia (tradução de Renato Rezende; Globo; 388 páginas; 40 reais), de Henry Ansgar Kelly, da Universidade da Califórnia, procede a um exame minucioso da Bíblia para demonstrar que o livro sagrado não dá apoio à imagem tradicional que se faz do Diabo. Em Anjos Caídos (tradução de Antonio Nogueira Machado; Objetiva; 88 páginas; 29,90 reais), Harold Bloom, famoso crítico de Yale, chama a humanidade a se solidarizar com o velho Satã: criaturas mortais e imperfeitas, seríamos todos – inclusive você, leitor – Anjos Caídos. Satã, no entanto, sai um tanto diminuído da leitura dessas obras. O fascínio e o pavor que ele inspira resistem mal a tentativas de humanização.

A análise do texto bíblico realizada por Kelly às vezes se perde em filigranas gramaticais, o que torna a leitura um tanto árdua (a tradução inepta também atrapalha: chega ao ponto de confundir o Eclesiástico com o Eclesiastes, dois livros diferentes do Antigo Testamento). No cômputo final, Satanás é quase como um figurante na Bíblia. Sua aparição mais marcante no Antigo Testamento se dá no Livro de Jó, quando ele instiga Deus a testar a devoção de Jó infligindo toda sorte de castigo ao pobre. No Novo Testamento, mais vitaminado do que o barnabé jurídico que aparece em Jó, Satanás parece ter o mundo terrestre sob seu comando – mas tal poder, Kelly argumenta, é em última instância delegado por Deus.

A narrativa cristã da perdição e da redenção do homem quase poderia prescindir do Coisa-Ruim. A Igreja, porém, logo sentiria necessidade de um opositor supremo, uma figura na qual concentrar todo o terror do pecado. Aos poucos, foram atribuídas a Satã qualidades que não lhe pertenciam (seus chifres de bode, por exemplo, não aparecem na Bíblia e são uma provável herança pagã dos faunos, criaturas luxuriosas). Kelly atribui a Orígenes de Alexandria, teólogo do século III, o lance criativo de transformar Satanás em um anjo das hostes divinas que, por orgulho, tenta sobrepujar Deus – e acaba caindo do céu. O Anjo Caído, que prefere sofrer no inferno a servir no céu, ganhará uma dignidade diabólica no Paraíso Perdido, poema do inglês John Milton, do século XVII. É nessa figura que se centra Anjos Caídos, ensaio ligeiro de Bloom, admirador ardoroso de Milton. Derivação menor de Presságios do Milênio, a mais complexa (e esquisita) digressão teológica de Bloom, Anjos Caídos repisa os temas tradicionais do autor: Bloom reclama da decadência da leitura na cultura audiovisual contemporânea e reitera que Shakespeare (que não falava muito de anjos, caídos ou não) é muito, muito importante.

Álbum/AKG/Latinstock
CHIFRES PAGÃOS
O diabo no centro de um sabá de feiticeiras, em quadro do espanhol Goya: figura inspirada nos luxuriosos faunos

A dignidade do Anjo Caído de Milton é uma exceção. Ao caracterizar o Satã de Jó, Bloom diz que ele age como "o diretor da CIA de Deus". No mesmo tom, Kelly diz que o Satã do Novo Testamento não é mais diabólico do que um diretor do FBI. Na Legenda Áurea, coleção de histórias de santos do século XIII, um demônio faz um papelão ao tentar (sem sucesso) fazer com que Santa Justina ceda às investidas sexuais de um sedutor atrapalhado. No Fausto de Goethe, o demônio Mefistófeles se distrai espiando as nádegas dos anjos – e perde a alma de Fausto, carregada para os céus. O poeta francês Charles Baudelaire observou que o maior truque do diabo é nos convencer de que ele não existe. Faz sentido: é só dar-lhe um pouco de atenção, para o diabo se tornar uma figurinha ridícula.

Reprodução
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LIVROS

Trecho de Satã, Uma Biografia,
de Henry Ansgar Kelly

1. O Antigo Testamento

i.i O primeiro satã sobrenatural na Bíblia Hebraica: O Anjo de Javé e um Asno Falante

Para alguns leitores deste livro poderá ser uma surpresa a inexistência do mal, do Diabo ou de Diabo no Livro do Gênesis. A interpretação da Serpente no Jardim do Éden como sendo o Diabo é uma dessas adaptações a posteriori de informações antigas com idéias recentes que mencionei na Introdução. Mais adiante, veremos algumas das maneiras pelas quais essas transformações aconteceram. Quando examinamos o início do Gênesis com olhar atento, percebemos que não há criação ou queda de Anjos, mas apenas uma Serpente falante muito esperta (vamos, no entanto, tratá-la com maiúscula, pois é claramente única).

Ao final do relato de Adão e Eva, contudo, tomamos co-nhecimento de que os "Querubins" estão localizados ao leste do Éden, com uma espada flamejante entre eles, para impedir o acesso à Árvore da Vida. Porém estes Querubins parecem bas-tante inanimados, e talvez significassem estátuas tipo esfinges. Quando os Querubins estão vivos, como no Livro de Ezequiel, não são Anjos e sim animais trabalhadores do mundo dos Céus, como os cavalos que puxam as carruagens celestiais e servem de montaria para os Anjos.

Mais adiante no Gênesis, antes da história de Noé, há o relato sobre os Filhos de Deus que acasalaram com mulheres humanas con-cebendo os heróis da Antiguidade (Gn 6,1-4). Na literatura recente, como veremos, esses Filhos de Deus serão identificados como Anjos, chamados Guardiões, que violaram sua função de guardião, pecaram e foram punidos. Isso é apenas uma queda histórica dos Anjos mencionada na Bíblia. Ela é relembrada novamente no Novo Testamento, na Epístola de Judas e na Segunda Epístola de Pedro. Os primeiros onze capítulos do Gênesis, que contam a Criação e o Dilúvio, não são referidos no restante do Antigo Testamento, e pa-recem uma "prequela", ou seja, uma introdução escrita mais tarde. Em outras palavras, outra adaptação a posteriori, uma adaptação feita dentro da própria Bíblia.

O restante do Gênesis, começando com a história de Abraão, é, ao contrário, constantemente citado nos livros seguintes. É aqui que o termo "Anjo" é usado pela primeira vez. É um termo fun-cional, malak em hebreu original, que significa "mensageiro" ou "emissário". Aparece na Septuaginta grega como angelos (de fato, aggelos), mas na Vulgata Latina, angelus ou nuntius, dependendo se os tradutores interpretam o texto original como se referindo a um emissário sobrenatural ou humano.

Os Anjos não transmitem uma mensagem em si no Livro do Gênesis, mas podemos dizer com segurança que sempre "fazem uma declaração". Isto é verdade mesmo para os Anjos que subiam e desciam uma escada na visão de Jacó. Aqui a declaração ange-lical serve apenas como pano de fundo para o próprio Javé, que fala diretamente a Jacó (Gn 28,12-16). Diversos mensageiros apa-receram antes no Gênesis, quando três homens visitaram Abraão para anunciar que sua mulher iria conceber um filho. No início, a impressão é de que os três homens são Javé, ou representam Javé (Gn 18,1-21), mas logo parece que um é Javé e os outros dois são identificados como "Anjos" (Gn 18,22; 19,1).

Algo similar parece acontecer como o misterioso "Mensa-geiro de Javé" (Malak yhwh), que ora é um porta-voz de Javé ora é o próprio Javé. Uma de suas aparições mais interessantes é relatada no Livro dos Números, o quarto livro da Torá, ou Pentateuco. O Gênesis conclui com José e seus irmãos no Egito, o Êxodo trata de Moisés conduzindo seus descendentes para fora do Egito em direção ao deserto do Sinai, enquanto o Levítico e Números falam de suas vidas no deserto. Em realidade, o nome hebreu do Livro dos Números é "No Deserto".

Quando os israelitas acampam na planície de Moab, além do Jordão a partir de Jericó, os moabitas pedem proteção contra eles propondo contratar um profeta de ocasião chamado Balaão. O rei moabita, Balac, envia mensageiros até ele, pede que os acom-panhe até Moab e rogue uma maldição contra os intrusos. Em resposta, Balaão diz que primeiro deve consultar a Deus - referido por seus dois nomes principais, Javé e Eloim. Ele lhes diz: "Eu lhes trarei a resposta, como Javé me falar". Eloim vem então a ele (possivelmente em sonho) e lhe pergunta quem são esses homens. Balaão responde que são moabitas que lhe pedem que amaldiçoe os recém-chegados do Egito. Eloim lhe diz que não vá, pois esse povo é abençoado; Balaão, obedecendo, diz aos mensageiros que Javé lhe proibira de ir com eles. Quando os emissários moabitas retornam a segunda vez, Balaão diz que buscará novas orientações de Javé, e desta vez Eloim lhe diz que vá com eles, mas que faça apenas o que Ele lhe ordenar que faça. Balaão então encilha sua velha jumenta e parte com os moabitas (Nm 22,1-21).

Neste ponto, os estudiosos percebem uma mão diferente no texto, mas não chegam a um acordo sobre sua fonte. Alguns dizem que a primeira metade do capítulo é escrita pelo eloísta (o autor hipotético que favorece o nome de Eloim para Deus), e a partir do verso 22 é o relato do javista mais velho (que obviamente em geral se refere a Deus como Javé), embora na verdade, como acabei de observar, ambos os nomes divinos apareçam na primeira metade do capítulo, o mesmo acontecendo na segunda metade. Uma das razões para se atribuir a segunda metade ao javista é por retratar um animal falando, como a Serpente no Gênesis 3 (mas, como mencionei antes, há uma boa razão para pensar que a história da Serpente, com todos os outros capítulos próximos, não tenha nenhuma relação com o ja-vista, sendo uma parte do Gênesis composta mais recentemente).

Outra idéia, favorecida pelos discípulos de Frank Moore Cross em Harvard, é que o javista que escreve a primeira parte, um escritor posterior, da época do cativeiro na Babilônia, é quem adiciona a parte referente à jumenta. Este último escritor é co-nhecido pelo complicado nome de "Historiador Deutoronômico", mas o chamaremos por "h.d.". Isto localiza a composição da his-tória por volta de 560 a.C.5

De qualquer maneira, a história continua:

"A partida de Balaão despertou a ira de Eloim (ou "a ira de Javé" - as duas formas aparecem), e o Anjo de Javé pôs-se-lhe no caminho como um satã contra ele" (Num. 22.22). Este foi um mo-mento significativo. Deus havia se oposto às ações dos homens antes, porém agora, pela primeira vez, Ele, ou Sua manifestação angelical, é caracterizado por um adversário, um Satã.

Entretanto, a oposição divina não se dá com suavidade. Como mencionei, Balaão está montado em sua jumenta, e dois de seus servos o acompanham a pé. Porém, apenas a jumenta pode ver satã de pé com sua espada na mão. Ela desvia de repente da es-trada adentrando o campo, o que leva Balaão a golpeá-la. Quando a jumenta e Balaão finalmente retornam para a estrada, esta se estreitou com paredes de vinhedos em ambos os lados. A jumenta dá uma guinada novamente, e arrasta o pé de Balaão contra uma das paredes, e Balaão a golpeia mais uma vez. O Anjo de Javé se adianta ainda mais e se coloca numa parte ainda mais estreita da estrada. Quando a jumenta percebe que não tem como dar a volta, ela simplesmente se deita com Balaão ainda montado. A esta altura Balaão estava completamente irado, e ele a golpeia intensamente com seu bastão.

Finalmente, Javé dá à jumenta o poder da fala, e ela per-gunta a Balaão: "O que eu lhe fiz para que me golpeasse essas três vezes?". Balaão, sem mostrar surpresa a essa súbita capacidade de fala de sua jumenta favorita, replica: "Porque você me fez de tolo! Se eu tivesse uma espada em minha mão, eu a mataria agora mesmo!". A jumenta retrucou: "Não sou eu a sua jumenta, na qual você tem cavalgado toda sua vida até hoje? Eu o tenho tratado dessa maneira?". A única resposta possível de Balaão foi: "Não".

Javé então revê a estratégia de aparecer apenas para a ju-menta e não para Balaão, e Ele abre os olhos de Balaão. Balaão vê, então, de repente, o Anjo de Javé de pé na estrada, com a espada na mão, desmonta da jumenta e se prostra no chão. O Anjo diz: "Por que você bateu três vezes em sua jumenta? Eu vim como satã, para interromper sua jornada, que me desagrada. A jumenta me viu e três vezes fugiu de mim e salvou sua vida. Se ela não tivesse feito isto, eu o teria matado e a teria deixado viva".

Balaão responde: "Eu pequei, mas foi apenas porque não sabia que você estava ali para me encontrar. Se isso o desagrada, eu voltarei para casa".

O Anjo de Javé respondeu: "Não, está bem, siga com os homens, mas fale apenas o que eu ordenar".

5 Representando o pensamento da escola de Harvard sobre "h.d." (Historiador Deutoronômico) encontramos Brian Peckham, History and prophecy: the de-velopment of late judasan literary traditions (ab Reference Library, Nova York: Doubleday, 1993). Uma compilação de ensaios sobre a questão é Those elusive deuteronomists, ed. Linda S. Shearing e Steven L. McKenzie (Sheffield: Sheffield Academic Press, 1999). Recomendo também The Anchor Bible Dictionary, 6 vols. (Nova York, 1992), e os comentários da Anchor Bible sobre os livros individuais (todos publicados pela Doubleday). Existem, claro, outros comentários impor-tantes da Bíblia, que estão listados nos volumes da Anchor Bible (ab).


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LIVROS

Trecho de Anjos Caídos, de Harold Bloom

Por três mil anos, temos sido visitados por imagens de anjos. Essa longa tradição literária se expande da antiga Pérsia para o judaísmo, o cristianismo, o islamismo e as várias religiões americanas. Com a aproximação do milênio, nossa obsessão por anjos se intensificou. Mas esses anjos populares eram benignos, na verdade banais, até mesmo insípidos. A década de 1990 viu a publicação de vários livros sobre anjos, sobre contato e comunicação com anjos da guarda, sobre intervenção, cura e medicina angélicas, sobre números e cartas de oráculos angelicais - houve até "kits anjo" (é até difícil de se imaginar). Este Mundo Tenebroso, publicado originalmente em 1986, e sua continuação em 1989, Piercing the Darkness (Penetrando a escuridão), que descrevem a luta entre demônios e anjos na fictícia cidade universitária de Ashton, estiveram entre os mais vendidos no gênero chamado ficção cristã. Este Mundo Tenebroso vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares nos Estados Unidos. O Livro dos Anjos, de Sophy Burnham, editado originalmente pela Ballantine Books em 1990, esteve na lista dos mais vendidos do New York Times e é um dos livros a que freqüentemente se atribui o mérito de ter iniciado o próspero surto de livros de angelologia. Segundo o editor, o livro "conta não somente as extraordinárias histórias verdadeiras de encontros atuais com anjos, como também rastreia o entendimento e o estudo de anjos através da história e em diferentes culturas. Como são os anjos? Quem escolhem visitar? Por que aparecem muito mais vezes a crianças do que a adultos? Eloqüente relato de onde a terra e o céu se encontram, O Livro dos Anjos é um mergulho em busca dos mistérios e uma canção de louvor à vida." Em 1995, o popular Angelspeake: How to Talk with Your Angels (Angelíngua: Como falar com seus anjos), de Barbara Mark e Trudy Griswold, ofereceu um guia "prático" aos leitores. A década viu, também, a exibição de grande número de filmes cujos protagonistas eram anjos; para mencionar apenas alguns, Asas do Desejo (1988), Anjos Rebeldes (1995), Michael, Anjo e Sedutor (1996), Encontro Marcado (1998) e Dogma (1999). Havia também camisetas, canecas, cartões-postais, jóias e óculos de sol com anjos. De acordo com uma rápida pesquisa na Amazon.com, também não diminuiu de forma significativa a febre de anjos desde a passagem do milênio. Para citar apenas alguns livros recentes: Contacting Your Spirit Guide (Contactando seu espíritoguia), de 2005, Angels 101: An Introduction to Connecting, Working, and Healing with Angels (Uma introdução à maneira de se relacionar, trabalhar e curar com anjos), de 2006, e Angel Numbers (Números angélicos), de 2005, um guia de bolso para "significados angélicos de números, de 0 a 999". Existem também obsessões populares por anjos caídos, demônios e diabos, que só raramente são insípidos. O grande astro desse grupo, Satã, começou como o que agora chamaríamos de "um personagem literário" muito antes de sua apoteose no Paraíso Perdido, de John Milton. Seria melhor explicar precisamente o que quero dizer nessa introdução, já que muitas pessoas confundem problemas de representação literária com as questões bem diferentes de crença e descrença. Pode-se provocar um grande sentimento de injúria com a observação verdadeira de que o culto ocidental a seres divinos é baseado em vários exemplos distintos, porém relacionados entre si, de representação literária. O Javé (Jeová) da escritora J, primeira dos autores hebreus, é certamente um espantoso personagem literário, concebido com uma mistura de alta ironia e autêntico temor. O Jesus do Evangelho de Marcos pode não ser o primeiro retrato literário do filho de Maria, mas certamente se mostrou o mais influente. E o Alá do Corão é visivelmente um monologuista literário, já que sua voz fala todo o livro, em tonalidades que demonstram uma personalidade abrangente. Demônios pertencem a todas as épocas e a todas as culturas, mas anjos caídos e diabos emergem essencialmente de uma série quase contínua de tradições religiosas que começa com o zoroastrismo, a religião mundial dominante durante os impérios persas, e passa dele para o judaísmo na época do Cativeiro da Babilônia e no pós-cativeiro. Há uma transferência bem ambivalente de anjos maus do judaísmo tardio para o cristianismo inicial, e depois uma transformação positivamente ambígua das três tradições angélicas no islamismo, difícil de rastrear, precisamente porque sistemas neoplatônicos e alexandrinos como o hermetismo entram na mistura.


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