O Estado de S. Paulo |
23/9/2008 |
Os dois até usam a mesma expressão. O presidente Luiz Inácio da Silva e o governador José Serra prometem mergulhar “de cabeça” no segundo turno para tentar eleger os respectivos candidatos à Prefeitura de São Paulo. É possível que nenhum dos dois tenha a intenção explícita de medir forças - o governador certamente não tem -, mas, uma vez iniciado o embate da reta final, será inevitável a “leitura” antecipada do embate presidencial de 2010. Serra é o candidato mais cotado entre os nomes apresentados ao eleitor nas pesquisas e Lula, o mais lembrado nas citações espontâneas, já avisou mais de uma vez aos oponentes que não perderá a chance de eleger o sucessor. Portanto, nada mais óbvio: lutando na mesma praça em regime de exclusiva dedicação ostensiva, ambos roubarão a cena principal oficialmente reservada a Marta Suplicy e ao adversário a ser definido nas próximas duas semanas - Geraldo Alckmin ou Gilberto Kassab. Ainda que procurem fugir dos temas nacionais, durante as três semanas de campanha entre o primeiro turno e a etapa final, presidente e governador terão suas ações examinadas sob a ótica da política nacional e da disputa federal daqui a dois anos. Com a popularidade de Lula chegando aos píncaros (77,7% na pesquisa CNT/Sensus de ontem), o governador José Serra é o menos interessado em confrontos diretos. Tanto que a idéia de Serra é ficar dentro do cardápio local. Argumenta que por onde anda ninguém lhe cobra a abordagem de assuntos de caráter nacional - políticos muito menos - e diz que o eleitor não se lembra de falar no presidente quando o diálogo é com o governador. Se, como afirma, escuta a voz da rua, Serra também se pauta pelas pesquisas. E estas não o aconselham a confrontos. Mostram o eleitorado refratário a brigas partidárias e indicam que uma parcela significativa de adeptos do governo Lula hoje é bastante sensível à perspectiva de amanhã votar em Serra para presidente. Por isso mesmo, no seu discreto roteiro do primeiro turno, o governador seguiu os passos da agenda presidencial em São Paulo. Osasco, São Bernardo, Suzano, Guarulhos e Diadema são alguns exemplos de municípios onde Lula esteve e Serra viu-se obrigado, por pressão dos correligionários, a visitar logo depois. Apenas para marcar presença, sem ataques contraproducentes. No segundo turno, a idéia da marcação homem a homem persiste, bem como a intenção de atuar sem extrapolar o limite da fidalguia taticamente mais conveniente. Só que não jogará como quiser; terá de levar em conta as circunstâncias, cujas condições serão impostas pelo presidente Lula. Se a ele convier a amenidade, o ambiente será ameno. Mas se considerar a eleição de Marta como ponto de honra e achar para isso oportuno partir “para cima”, o governador terá de escolher entre revidar ou ouvir calado. Lembrando que não é Lula e sim seus adversários que precisam se preocupar com eventuais desgastes resultantes de conflitos. A confortável situação do presidente dispensa tais precauções. Ele transita em patamar muito acima dos oponentes e dispõe de salvo-conduto para pintar e bordar em seus discursos sem o menor risco. O presidente pode vir a alterar seus planos no segundo turno em virtude das implicações nacionais futuras, mas até o presente momento não dá sinal de compartilhar da política de boa vizinhança. Ao contrário. No fim de semana Lula esteve em São Paulo para mais um ato público de ajuda à sua candidatada e tripudiou sobre as agruras do campo adversário. Chamou os adversários de Marta de “hipócritas”, fez piada do mote “com Lula tudo bem” consagrado pelo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, chamou de “oportunista” o DEM e ainda fez pouco do partido de Gilberto Kassab, por fazer oposição a ele no Congresso e se fingir de governista nos palanques. Ambos engoliram calados os desaforos, produzidos no afã do presidente de conclamar o eleitorado a eleger a candidata do PT no primeiro turno. Hipótese fora de cogitação no PT, mas a única em que Lula e Serra poderiam preservar com segurança o clima de cordialidade atual, evitando o risco de freqüentar o mesmo ambiente em posições francamente opostas antes do início oficial da campanha de 2010. O astro Mal saiu a pesquisa CNT/Sensus indicando o nome do presidente Lula como o mais lembrado para a próxima eleição presidencial, Brasília já pôs em sua agenda de boatos a retomada da proposta de mudança na Constituição para dar a ele a chance de mais uma eleição consecutiva. Conviria ir devagar com o andor antes de interpretar esse resultado como um aval ao terceiro mandato. A pesquisa não pergunta o que pensa o eleitor sobre a mudança na regra do jogo. Além disso, se esses números fossem reproduções fiéis das vontades, os 1,9% dados a Dilma Rousseff na mesma lista enterrariam desde já a candidatura da ministra. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, setembro 23, 2008
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