O Estado de S. Paulo |
12/9/2008 |
A história da economia é um tecido fabricado com contradições, mas alguns traços do atual momento econômico parecem excessivamente contraditórios. Os Estados Unidos são hoje o epicentro de uma crise financeira que os analistas identificam como a maior desde os anos 30; as autoridades estão sendo obrigadas a despejar centenas de bilhões de dólares para salvar um punhado de instituições; os juros são fortemente negativos; o rombo orçamentário do governo central não pára de crescer - e, no entanto, o dólar mostra um vigor impressionante ante outras moedas fortes. É um vigor desproporcional em relação à qualidade dos fundamentos da economia. Em apenas cinco semanas, o dólar se valorizou 11,0% em relação ao euro e 11,6% em relação à libra esterlina. Com o nosso real, a valorização foi ainda mais expressiva, de 16,1%. O fator que detonou o fortalecimento da moeda americana foi a percepção de que a recessão européia é bem mais profunda do que inicialmente avaliada. Mas o agente detonador das mudanças nos mercados de câmbio pode ter sido os fundos de hedge, que não são tão independentes como parecem; operam como peixes de um cardume e, conjuntamente, são suficientemente poderosos para interferir nas tendências. Pois os fundos de hedge, que antes apostavam contra o dólar, passaram à posição oposta. E aí temos essa virada. O economista Marcelo Ribeiro, da Pentágono Asset Management, observa que esse poder de fogo foi construído ao longo dos últimos 20 anos, quando o mercado financeiro cresceu cerca de dez vezes o que era. Seus ativos eram equivalentes ao PIB mundial e hoje são dez vezes isso. Basta uma importante mudança de composição de carteiras para que o mercado mude de lado, como carga mal-arrumada dentro de um barco surpreendido pela tempestade. Nessas condições, a economia real vira um pandemônio. Fica difícil planejar, até mesmo a médio prazo, quando a volatilidade assume as proporções de agora. Dá para imaginar, por exemplo, o drama de uma empresa que encomende uma máquina por 50 milhões de euros a ser paga em dólares no prazo de 12 meses. É claro, sempre existem mecanismos de proteção (hedge), mas também custam dinheiro e têm de entrar previamente no orçamento. Essa força do dólar ante o euro, que no momento parece desafiar a lógica, tem lá seus limites “físicos”. Uma hora, os mesmos fundos vão se deixar impressionar pelo fato de que a economia européia está mais bem-arrumada do que a americana e mudar seu jogo . Mas, como na vida, o mercado financeiro precisa de um pretexto que pontue uma eventual virada. A perspectiva de mudança de governo nos Estados Unidos pode funcionar como agente catalisador, desde que o mercado a perceba, ou como enfraquecimento da capacidade de tomada de decisão (vácuo de poder) - e, nesse caso, o dólar pode voltar a se enfraquecer; ou como revitalização da capacidade de governar - o que poderia acentuar a alta. Mas, nesse mar agitado, talvez o fator relevante não seja a tendência, mas a enorme volatilidade dos preços dos ativos, especialmente do mais importante deles, que é o dólar. Confira A hora do Lehman - Agora parece irreversível. Se, por alguma razão, o Bank of America não se dispuser a salvar o Lehman, alguém o fará. O empenho notório do Fed na operação de resgate não só comprova a percepção do mercado de que banco (importante) não quebra, como mostra que é preciso solução imediata.
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Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, setembro 12, 2008
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