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O fantasma da dissidência - 28/03/2014 - Eliane Cantanhêde - Colunistas - Folha de S.Paulo |
BRASÍLIA - O maior risco para Dilma e para a reeleição não é a criação da CPI da Petrobras em si, mas o fato de as assinaturas não serem exclusivas da oposição e incluírem novos e conhecidos dissidentes da base de apoio da presidente.
Não se fazem mais CPIs como antigamente, quando o PT, José Dirceu, Mercadante, os Waldomiros e as Erenices abasteciam os dossiês de denúncias e as páginas de jornais. Exemplos: a do PC Farias, que derrubou Collor; a do Orçamento, que cortou pela raiz a candidatura presidencial de Ibsen Pinheiro; a do Judiciário, que cassou Luiz Estevão.
As CPIs de hoje são, digamos, administráveis. Para economizar espaço, fiquemos num exemplo didático e recente: a do Cachoeira virou um grande acordo entre partidos e suspeitos e, nas somas e diminuições, só não deu zero porque mandou o ex-senador Demóstenes Torres de volta à insignificância.
O pior, para Dilma, é constatar o grau de insatisfação e o risco de evasões de sua base no crucial ano de eleições, com Aécio Neves ganhando um palanque extra na CPI e Eduardo Campos avançando celeremente pelos redutos, políticos e empresariais, que seriam naturalmente do ex-presidente Lula, mas resistem a Dilma.
Já que estamos falando tanto da ditadura militar, por causa dos 50 anos do golpe, não custa lembrar que ela só foi ao chão porque as oposições se uniram e minaram o regime por dentro. A redemocratização em 1985 foi possível pela ruptura, pelos dissidentes internos.
Dilma, portanto, fique de olho, até porque a própria chapa de Eduardo Campos com Marina Silva, a ser formalizada em 14 de abril, foi o fio da dissidência e quebrou a polarização PT-PSDB.
Como já dito aqui, Dilma não pode cair nas pesquisas eleitorais e de governo, porque elas é que mantêm as suas tropas unidas. Mas, com erros na economia, na política e na gestão, já começou a cair.
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