FOLHA DE SP - 26/03
BRASÍLIA - A agência de classificação de risco Standard & Poor"s reduziu anteontem a nota de crédito do Brasil. Qual será o impacto na sucessão presidencial? Por ora, até onde a vista alcança, nenhum.
O mercado já estava preparado. O dólar caiu e a Bolsa subiu. Não há efeito imediato nas finanças pessoais dos brasileiros. É claro que tudo vai ficando mais difícil na economia. O ano de 2015 será de ajustes. Mas aí a eleição já terá passado.
A Petrobras anda encrencada com suspeitas de corrupção e maus negócios em série. Também nesse caso, o efeito eleitoral é incerto. Se saísse uma CPI sobre a estatal, as coisas talvez se complicassem. Só que é remota a chance de tal investigação ser instalada.
Ontem de manhã se reuniram na Câmara os líderes de partidos governistas. Muitos ali torcem o nariz para o Palácio do Planalto. Como a antipatia não superou o instinto de sobrevivência da maioria dos presentes, decidiram que uma eventual CPI da Petrobras deve continuar hibernando, no final da fila de tantas outras que aguardam instalação.
Os fios desencapados nesse episódio da Petrobras são os ex-diretores da estatal citados como protagonistas das lambanças. Um deles já está preso. Um governista autossuficiente diz o seguinte: "Se nem o Marcos Valério abriu o bico sobre o mensalão, por que esses ex-funcionários falariam?". Pode ser.
O fato é que Dilma Rousseff tem acumulado uma série de fatos desagradáveis nos últimos meses. Isolados, parecem não ter força para alterar o cenário eleitoral. E mais adiante, todos juntos e maximizados nas propagandas durante a campanha? O resultado é imprevisível.
O grande desafio dos candidatos de oposição é tentar empacotar uma narrativa única para as notícias ruins, convencer os eleitores de que o país anda meio desgovernado e precisa de mudanças sem o PT. Por enquanto, está difícil.