O ESTADO DE SÃO PAULO - 05/03/11
Fevereiro, mês mais curto, teve também uma inflação um pouco mais curta do que a de janeiro. O avanço do IPCA, medida do custo de vida, foi de 0,80%, enquanto, em janeiro, foi para 0,90%. No período de 12 meses terminado em fevereiro, o IPCA acumulou 6,01%, número inadmissível no estágio atual da economia que precisa de estabilidade.
A primeira ideia que vem à cabeça dos observadores é a de que a inflação está em desaceleração. De fato, três entre os principais fatores que vinham propulsionando a inflação – a alta dos alimentos, da condução e da educação – já parecem bem mais fracos em fevereiro. Também foi notada menor difusão: atingiu 61,72% dos itens que compõem o custo de vida, ao passo que, em janeiro, eram 69,27%.
Mas é cedo para concluir que a inflação esteja amansando. O setor de serviços continua fortemente pressionado. Apresentou avanço de 2,28%, o maior desde 1999. E, nessa área, não dá para contar com o concurso do produto importado; não dá para importar serviços médicos, encanadores, assistência técnica…
Vem também aí o impacto dos reajustes dos preços administrados sujeitos à indexação pelo IGP-M (aluguéis, financiamentos), que, em 12 meses, atingiu a magnitude de 11,30%. E há o fator inércia, que tende a prolongar a prática de reajustes acima das projeções da inflação futura.
É verdade que o governo e o Banco Central não ficaram parados. Há uma semana foram anunciados cortes orçamentários da ordem de R$ 50 bilhões e o Banco Central impôs restrições ao crédito, já puxou os juros e promete mais aperto monetário. São providências que se destinam a conter a inflação e que, a seu tempo, deverão mostrar algum resultado. E é bom não contar demais com as tais medidas macroprudenciais do Banco Central. A forte demanda por veículos em fevereiro e os números do varejo mostram que o impacto dessas decisões não é imediato e pode não ter a abrangência imaginada.
Convém relembrar que, na atual fase de combate à inflação, o governo não poderá contar com dois importantes coadjuvantes antes presentes e de grande valia na ancoragem dos preços. Não poderá contar com o efeito deflacionário da valorização do real, uma vez que a decisão é de estancar a baixa do dólar. Nem pode contar com o impacto da forte redução de preços no mercado global, uma vez que a crise, que a provocou, tende agora a refluir. Quinta-feira, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, alertou para as ameaças e deu a entender que em abril abrirá sua caixa de ferramentas.
Outras incertezas continuam minando a estabilidade. Não sabemos até onde vai a cavalgada do petróleo. Além do aumento do consumo de energia, a atual estrutura de oferta está ameaçada por eventual desorganização de importantes áreas de produção em consequência da crise nos países islâmicos. Também não se vê nenhuma trégua na ascensão das cotações das commodities alimentícias. São fatores cujo comportamento não está claro nem a curto nem a longo prazo.
No entanto, grande parte da inflação começa na cabeça dos formadores de preços. Nas próximas semanas, será útil examinar quais serão as projeções que prevalecerão na Pesquisa Focus que o Banco Central divulga semanalmente.
CONFIRA
Carga tributária. Um estudo que a PricewaterhouseCooper preparou para a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre competitividade da indústria automobilística aponta que a carga tributária sobre investimentos no Brasil, que em princípio deveriam ser isentos, é de 25%.
Imposto nas exportações. Não é verdade que as exportações estejam isentas de impostos. Eles incidem em alguma coisa entre 12% e 14% sobre o valor do produto exportado.
O custo logístico. O mesmo estudo mostra que o custo de uma operação de exportação ou de importação por meio de contêiner é de US$ 1,6 mil no Brasil; de US$ 1,3 mil no México; de US$ 700 na Espanha; e de US$ 400 na China.
Custo de produção. Outro fato: o custo de produção do setor automotivo do Brasil é 40% mais alto do que na China e 30% mais do que na Europa.
Entrevista:O Estado inteligente
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