O Estado de S. Paulo - 10/03/2011
O preço médio do petróleo leve deve ficar em torno de US$ 105 este ano. É o que prevê a US Energy Information Admimistration, do governo americano (iea.gov), um organismo estatal que acompanha o mercado mundial não só de petróleo, mas de todas as fontes de energia.
Essa previsão vem em boa hora para acalmar um mercado tenso com a crise na Líbia e as perspectivas de desdobramento no Norte da África e no Oriente Médio. A IEA não prevê um barril de petróleo acima disso e muito menos os US$ 150 que muitos estimam para este ano. Para ela, a alta de US$ 15 desde meados de fevereiro parece ter sido absorvida pelo mercado.
Por que não explodiu? Há alguns fatos que explicam o comportamento menos explosivo dos preços. Ao contrário do que ocorreu no passado, há petróleo disponível do mercado, principalmente depois que a Arábia Saudita colocou mais de 700 mil barris por dia no mercado.
Ao mesmo tempo, sem qualquer reunião formal, os países da Opep já começaram a aumentar a produção. A Nigéria afirmou que também pode aumentar se a Opep pedir. A capacidade ociosa dos seus membros é da ordem de 5 milhões a 6 milhões de barris por dia, o que pode cobrir um aumento da demanda mundial de até 2 milhões b/d.
EUA se antecipam. A Casa Branca informou que o governo está pronto para usar as reservas estratégicas, hoje de 727 milhões de barris, para conter a alta dos preços, que já está sendo repassada para os consumidores. O governo foi incisivo: não vai permitir que isso afete a atual política monetária, tributária e fiscal voltada para um crescimento de 3,5% este ano. E está dando certo. O desemprego deu os primeiros sinais de recuo nas últimas semanas, o que já se reflete no aumento do consumo interno.
China também. O mesmo raciocínio é válido para a China. O governo reafirmou que a principal meta é conter a inflação, ao mesmo tempo em que se incentiva o mercado interno. Um desafio. Ambos têm o mesmo objetivo e são decisivos na formação dos preços.
Finalmente - e este é um fator importante - grandes volumes de petróleo continuam chegando nos portos americanos, mais 2,5 milhões de barris, elevando os estoques de posse das refinarias e empresas para 348 milhões de barris. O mercado previa que iriam entrar nos portos apenas 600 mil barris.
Segundo a própria Agência de Administração de Energia, IEA, do governo, as refinarias estão conseguindo comprar até com descontos.
Pode mudar? Sim, mas não por causa da revolta da Líbia. Ela produzia 1,6 milhões b/d, agora não mais que 600 milhões b/d. O risco está agora concentrado nos países do Oriente Médio, principalmente na Arábia Saudita, Kuwait, Iraque, Qatar, Oman, Bahrein, que escoam sua produção pelo Golfo Pérsico. É pelo Estreito de Ormuz, no golfo, que se escoa 40% do consumo mundial. Até ontem, porém, não havia novas tensões.
O que se discute agora é se o petróleo mesmo a US$ 105 não irá pressionar a inflação. Alguns recomendam que os Estados Unidos se juntem a Arábia Saudita e comecem a jogar parte da reserva estratégica no mercado. Isso poderia reduzir os preços. Outros, inclusive o banco central americano, afirmam que os efeitos do aumento do petróleo sobre os preços não estão sendo sentidos. Petróleo a US$ 105 não chega a anular os resultados positivos de se injetar mais dólares no mercado para estimular a demanda. Isso é verdade para os Estados Unidos, onde, inclusive, existe a possibilidade de reduzir os impostos sobre o consumo do petróleo, mas não para a Europa que já enfrentava pressões inflacionárias antes na Líbia.
De qualquer forma, a impressão no mercado era de que o petróleo a US$ 105 deve permanecer. O mundo terá que se ajustar a isso e crescer a 4,5% este ano. Só não se sabe como.
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