O ESTADO DE S. PAULO
A avaliação é do Palácio do Planalto: para bom andamento dos projetos do PAC no Senado é ótimo ter Fernando Collor na presidência da Comissão de Infraestrutura; trabalhará mais afinado com a ministra Dilma Rousseff, que a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti, derrotada na disputa.
Para o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, a escolha de Collor "veio em boa hora". Resta esclarecer "boa" para quê.
Tirando a clara descortesia para com a fidelíssima Ideli - cuja eleição, depreende-se, teria vindo em mau momento - tudo o mais é obscuro naquela declaração.
Sob a ótica da harmonia na base governista, a comemoração do ministro Múcio alimenta o dissenso; do ponto de vista do respeito às formalidades, revela apreço pelo atropelo do regimento e avaliza o critério de distribuição de sesmarias; sob o aspecto das relações com o Executivo, os vários exemplos do uso pragmático que o PMDB faz de cargos estratégicos não justificam celebrações no Planalto, presa fácil da chantagem.
Fernando Collor é do PTB, partido do ministro Múcio (eis!), mas foi feito presidente da comissão por Renan Calheiros, líder do PMDB, que assim não apenas pagou o voto em José Sarney para a presidência do Senado como assegurou a presença de um preposto na comissão das obras que são também o slogan da sucessão presidencial.
Tal cenário pode por ser considerado como algo próximo de uma "boa hora" para o governo?
A avaliação é do Palácio do Planalto: para bom andamento dos projetos do PAC no Senado é ótimo ter Fernando Collor na presidência da Comissão de Infraestrutura; trabalhará mais afinado com a ministra Dilma Rousseff, que a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti, derrotada na disputa.
Para o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, a escolha de Collor "veio em boa hora". Resta esclarecer "boa" para quê.
Tirando a clara descortesia para com a fidelíssima Ideli - cuja eleição, depreende-se, teria vindo em mau momento - tudo o mais é obscuro naquela declaração.
Sob a ótica da harmonia na base governista, a comemoração do ministro Múcio alimenta o dissenso; do ponto de vista do respeito às formalidades, revela apreço pelo atropelo do regimento e avaliza o critério de distribuição de sesmarias; sob o aspecto das relações com o Executivo, os vários exemplos do uso pragmático que o PMDB faz de cargos estratégicos não justificam celebrações no Planalto, presa fácil da chantagem.
Fernando Collor é do PTB, partido do ministro Múcio (eis!), mas foi feito presidente da comissão por Renan Calheiros, líder do PMDB, que assim não apenas pagou o voto em José Sarney para a presidência do Senado como assegurou a presença de um preposto na comissão das obras que são também o slogan da sucessão presidencial.
Tal cenário pode por ser considerado como algo próximo de uma "boa hora" para o governo?
Depende de quem analisa; se aliado, adversário ou usuário.
A situação, na percepção de um correligionário, o senador Aloizio Mercadante, é resumida em duas palavras: "aliança espúria". Um espanto.
Não que o PT se assuste com essas coisas. Já viu, e participou, de piores.
A própria Ideli Salvatti transitou com bastante desenvoltura na área quando integrou a tropa em defesa do direito de Renan Calheiros ter despesas pessoais pagas por um lobista, afrontar o decoro para se manter na presidência do Senado e apresentar documentos fraudulentos aos seus pares.
Em matéria de alianças espúrias, atropelo de regras, malversação da boa-fé pública e espertezas ignominiosas não há querubins no Parlamento.
Mas, nunca antes desde a opção preferencial do presidente Luiz Inácio da Silva pelo PMDB ao molde do cheque em branco para uso ilimitado, se ouvira uma desqualificação tão explícita do PT ao fiador da governabilidade petista.
Contrariando posições do presidente da República, que, pelo jeito desabrido de seu ministro das Relações Institucionais, vê tudo com muita naturalidade, inclusive o retorno da República de Alagoas ao topo.
Renan Calheiros sempre mereceu dele a presunção da inocência contra todas as evidências e Fernando Collor, recebido em palácio, ganhou de Lula a certeza de que faria um "mandato extraordinário".
O presidente segue no papel de equilibrista, mas seus dois sustentáculos partidários se afastam já sem pejo de disfarçar. Na Bahia, quase vão aos tapas; em São Paulo é certo que brincarão o carnaval de 2010 separados; no Rio Grande do Sul são como água e óleo; no Rio de Janeiro o governador Sérgio Cabral ri e o PT local não acha a menor graça.
Engalfinharam-se pela presidência do Senado e agora brigam por causa de Fernando Collor de Mello, cuja presença em cena fala por si. Tanto quanto a imagem do ex-diretor-geral Agaciel Maia sendo carregado em triunfo na despedida, depois de revelada a posse de patrimônio incompatível com sua renda.
Abstraindo-se as manobras para elegê-lo, nada há de especial no fato de Collor presidir uma comissão. É senador, foi recebido com homenagens por seus pares, em tese pode até presidir a Casa. Ele não é causa, é consequência da degradação geral dos costumes.
Quando Lula justifica a escolha de Collor por ser fruto do acordo que elegeu Sarney, usa a própria régua. Se é normal escancarar o aparelho de Estado em troca de votos no Congresso, natural que se distribuam o comando de comissões de trabalho no Parlamento pelo mesmo critério.
Quem pode o mais, pode o menos.
Fogo inimigo
O governador de Minas, Aécio Neves, obviamente não é fiador da ladina ofensiva deflagrada por gente que se diz sua aliada, contra posições críticas ou meramente não engajadas à sua candidatura a presidente.
Certamente Aécio não avaliza a voz corrente da difamação contra quem se dispõe a analisar criticamente seus movimentos políticos.
Movido por provincianismo, sabujice, amizade pessoal ou afinidade de resultados, esse pessoal causa mais dano ao governador que qualquer disputa partidária ou noticiário severo.
Aécio notabiliza-se pela habilidade e fidalguia no trato. É por isso reconhecido. Mas se não desautorizá-los o quanto antes, seus áulicos terminarão por construir dele uma imagem negativa, obrigando-o a pagar publicamente a conta de urdidas executadas, por ora, sob a proteção do anonimato.
A situação, na percepção de um correligionário, o senador Aloizio Mercadante, é resumida em duas palavras: "aliança espúria". Um espanto.
Não que o PT se assuste com essas coisas. Já viu, e participou, de piores.
A própria Ideli Salvatti transitou com bastante desenvoltura na área quando integrou a tropa em defesa do direito de Renan Calheiros ter despesas pessoais pagas por um lobista, afrontar o decoro para se manter na presidência do Senado e apresentar documentos fraudulentos aos seus pares.
Em matéria de alianças espúrias, atropelo de regras, malversação da boa-fé pública e espertezas ignominiosas não há querubins no Parlamento.
Mas, nunca antes desde a opção preferencial do presidente Luiz Inácio da Silva pelo PMDB ao molde do cheque em branco para uso ilimitado, se ouvira uma desqualificação tão explícita do PT ao fiador da governabilidade petista.
Contrariando posições do presidente da República, que, pelo jeito desabrido de seu ministro das Relações Institucionais, vê tudo com muita naturalidade, inclusive o retorno da República de Alagoas ao topo.
Renan Calheiros sempre mereceu dele a presunção da inocência contra todas as evidências e Fernando Collor, recebido em palácio, ganhou de Lula a certeza de que faria um "mandato extraordinário".
O presidente segue no papel de equilibrista, mas seus dois sustentáculos partidários se afastam já sem pejo de disfarçar. Na Bahia, quase vão aos tapas; em São Paulo é certo que brincarão o carnaval de 2010 separados; no Rio Grande do Sul são como água e óleo; no Rio de Janeiro o governador Sérgio Cabral ri e o PT local não acha a menor graça.
Engalfinharam-se pela presidência do Senado e agora brigam por causa de Fernando Collor de Mello, cuja presença em cena fala por si. Tanto quanto a imagem do ex-diretor-geral Agaciel Maia sendo carregado em triunfo na despedida, depois de revelada a posse de patrimônio incompatível com sua renda.
Abstraindo-se as manobras para elegê-lo, nada há de especial no fato de Collor presidir uma comissão. É senador, foi recebido com homenagens por seus pares, em tese pode até presidir a Casa. Ele não é causa, é consequência da degradação geral dos costumes.
Quando Lula justifica a escolha de Collor por ser fruto do acordo que elegeu Sarney, usa a própria régua. Se é normal escancarar o aparelho de Estado em troca de votos no Congresso, natural que se distribuam o comando de comissões de trabalho no Parlamento pelo mesmo critério.
Quem pode o mais, pode o menos.
Fogo inimigo
O governador de Minas, Aécio Neves, obviamente não é fiador da ladina ofensiva deflagrada por gente que se diz sua aliada, contra posições críticas ou meramente não engajadas à sua candidatura a presidente.
Certamente Aécio não avaliza a voz corrente da difamação contra quem se dispõe a analisar criticamente seus movimentos políticos.
Movido por provincianismo, sabujice, amizade pessoal ou afinidade de resultados, esse pessoal causa mais dano ao governador que qualquer disputa partidária ou noticiário severo.
Aécio notabiliza-se pela habilidade e fidalguia no trato. É por isso reconhecido. Mas se não desautorizá-los o quanto antes, seus áulicos terminarão por construir dele uma imagem negativa, obrigando-o a pagar publicamente a conta de urdidas executadas, por ora, sob a proteção do anonimato.