O GLOBO
Não tenho o direito de dar palpite sobre cinema profissionalmente, mas — atenção ao cinismo do paradoxo — vou fazer de conta que posso fazê-lo como palpiteiro profissional. Ou como cínico de ofício, o que, no bom ou no mau sentido, todo jornalista é.
Palpite de hoje: “Frost/Nixon” —talvez o menos badalado candidato ao Oscar do ano — é mesmo uma beleza de filme. Confesso que Frank Langella, um dos poucos atores aptos a personificar Drácula praticamente sem maquilagem, nunca me parecera capaz de despertar na plateia algo mais do que o prazer inebriante de extremo pavor com absoluta segurança.
Tolo engano. O moço pode ter feito seu pé de meia com vampiros e outros cavalheiros desagradáveis, mas é também respeitável e aplaudido ator de teatro. Ganhou um “Tony” (o Oscar do teatro americano) pelo seu Nixon. Além disso, é cavalheiro de bom gosto e boa sorte: foi durante alguns anos namorado de Whoppi Goldberg.
O filme se passa alguns anos depois da queda de Richard Nixon.
Atropelado por uma quantidade impressionante de provas de corrupção e abuso de poder, ele renunciara à Casa Branca em agosto de 1974. Para quem não se lembra, basta dizer que em matéria de espionagem e sabotagem política nenhum político brasileiro, comparado com Nixon, ganharia status acima de modesto batedor de carteira.
Além disso, Nixon, desde o começo da carreira, quando era deputado pela Califórnia, tinha o charme de um vilão de velhos filmes de caubói: parecia perfeitamente capaz de amarrar a mocinha nos trilhos do trem. E sem parar de rir.
David Frost, o jornalista australiano que o entrevista, era inteligente e bemposto.
Por tudo isso, o que torna “Frost/Nixon” fascinante é o fato de que quase o tempo todo, nas conversas entre eles e na gravação da entrevista, Nixon dá um banho em Frost. E Langella consegue emprestar absoluta verosimilhança ao banho.
No fim, o mocinho ganha do bandido.
A plateia gosta, eu também, mesmo que a virada no placar seja tão artificial quanto a inevitável vitória final de um James Bond qualquer. E o roteiro chega ao fim fiel à História. Nesta, Nixon tem cara de vilão e comportamento de vilão o tempo todo. No filme, graças tanto ao roteiro quanto ao desempenho fascinante de Frank Langella, ele consegue ser quase cativante, quase o tempo todo.
“Frost/Nixon”, mesmo tendo sido candidato ao Oscar, não teve carreira muito brilhante por aqui. Vai ver, foi melhor assim. Não estamos mesmo precisando de que nos mostrem políticos vilões simpáticos e interessantes.
Entrevista:O Estado inteligente
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