O lançamento do carro de 2 000 dólares faz a felicidade
dos indianos. A dúvida é se ele será o Fusca do século XXI
Eduardo Teixeira
Gautan Singh/AP |
O CRIADOR Tata e sua cria, o Nano: o Brasil está nos planos de exportação |
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Uma festa em Mumbai, na Índia, marcou na semana passada o lançamento do Nano, o carro que pode se tornar um marco na indústria automobilística – por mais de um motivo. Espartano no design e nos equipamentos (veja o quadro), com metade da potência de um Fiat Uno Mille brasileiro, o modelo básico do Nano chega às revendas indianas ao preço de 2 000 dólares, cerca de 4 400 reais. É o carro produzido em série mais barato do mundo. Seu fabricante é a Tata Motors, do milionário Ratan Tata, dono de uma holding que inclui siderúrgicas e empresas de software e responde por 3% do PIB da Índia. A estratégia de Tata, num primeiro momento, é fazer com que milhões de indianos tenham acesso a um carro. Nas grandes cidades do país, é comum ver famílias se amontoando em motocicletas e motonetas. O sucesso do Nano na Índia parece ser favas contadas. Tamanha é a procura que os primeiros 100 000 compradores serão escolhidos por sorteio. A expectativa é que em pouco tempo sejam fabricadas 250 000 unidades por ano. Em dois anos, Tata pretende exportar seu carro para a Europa e, posteriormente, para os Estados Unidos. O Brasil também já foi citado por ele como destino de exportação do carrinho. Computando-se impostos e outros acréscimos, o Nano brasileiro custaria pelo menos 15 000 reais.
O Nano é visto como um possível divisor de águas. Caso seja bem-sucedido fora da Índia, ele pode sinalizar uma busca dos consumidores por carros menores e mais econômicos. Nos Estados Unidos, essa tendência já se delineia com a queda nas vendas dos SUVs, os grandalhões que bebem gasolina sem limites. A dúvida é se na Europa, e mesmo no Brasil, o Nano poderia se tornar o novo Fusca. Também idealizado como carro para as massas, o modelo ícone da Volkswagen, que serviu a quatro gerações, saiu de linha por ser desconfortável e de mecânica obsoleta. O Nano, pelo contrário, tem um espaço interno espantoso para seu tamanho e faz 22 quilômetros com 1 litro de gasolina. O futuro dirá se o mundo deseja um carrinho depenado como ícone do século XXI.